Como está, cara amiga, tudo bem?
Olha, estive pensando em seu caso, nestes dias. O que você me contou, no barzinho do Pedro, sobre você e seu marido, enquanto a turma se distraia com os kibes e esfihas, deixou-me realmente chateado.
Afinal, vocês viviam, quer dizer, pareciam viver tão bem!
Vocês dois, nos restaurantes, festas e discoteques, sempre agarradinhos, "beautiful people", casal vinte. O que você queria que eu imaginasse a respeito?
Não, sinceramente, nunca vi você triste ou chorando, em lugar nenhum. Você disse que chorava sempre e eu nunca percebi, veja só.
Ele continua em casa, só que dormindo no sofá? Que situação, minha querida amiga, que situação!
Acho que quem vive junto, quem mora na mesma casa, homem e mulher, gostam de dormir juntos. Aliás, essa é uma vantagem até térmica, nestes meses de maio e junho.
Desculpe, não estou brincando com o seu problema. Esta colocação foi somente para não deixar baixar o astral.
Não se pode levar as coisas a sério demais.
Esse, aliás, minha cara amiga, é um problema para você.
Você precisa desligar seu adulto racional, ao menos de vez em quando. Soltar os índios, as crianças...
Nada mais problemático do que quem é adulto o tempo todo, racional o tempo inteiro.
O relacionamento com os outros fica complicado, a não ser na vida profissional, onde esse tipo de pessoa geralmente acaba por se tornar um vencedor, como você tem sido no Tribunal.
Mas, a vida não é só profissão e trabalho, minha querida amiga. Seu caso mostra isso, pois acho que vocês ainda se gostam e muito. Só estão afastados.
Acho mesmo que você continua apaixonada por ele, embora não queira reconhecer, pois não quer colocar de lado a inteligência e o racional.
Talvez se você chorar, mas para ele voltar a seus braços, quem sabe isso o modifique e comova.
Você é uma mulher que nenhum homem,ao vê-la emocionada,trêmula, carente, iria abandonar.
Conquiste-o de novo antes que ele acabe por ir embora mesmo.
Tenho certeza que você ainda se importa e muito, embora esteja agora meneando a cabeça, dizendo que não.
Vai fundo, suspira, afague, surpreenda-o, que ele não resistirá.
Faça algo que não faz há muito tempo. Solte-se e curta a vida, assim sem qualquer racionalidade, no instinto. Solte o bicho enjaulado, sem medo de ser feliz.
Escreva-me de volta e conte-me o que aconteceu.
Claro que eu também sou louco por você, minha querida amiga e estarei à sua espera, se ele não quiser mais nada com você.
Sou, e serei sempre, louquinho por você.
Mas, sou paciente. Eu espero. Esperarei todo o tempo que for necessário.
Escreva-me.
Espero ansioso sua carta.
E depois, quando vier, venha com os tigres e leões que se escondem no fundo desses olhos verdes de perdição.
Venha logo, te espero
Boa sorte com ele. Melhor comigo.
Até lá!
Do seu caro amigo,
Mário
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