Deito em minha cama
Olho ternamente
Da moldura que te enquadra
Aquarela minha
Com tuas cores tranqüilas
Umedece o meu olhar
Te enamoro
Traslado à tela
À trama
A um sonho
Teu corpo lindo
Passa em desfile
Tal qual a penumbra do ocaso
Fechando meus olhos
Para um sonho,
Um sonho que não posso ter
Teu corpo lindo,
Passa e vai,
Como as horas,
Que tenho,
E logo não tenho mais
As estrelas brilham
Com luz, muita luz
Na tentativa desesperada de te anunciar
Hoje haverá festa
Pois a Lua,
Veio te visitar
Ah! Em meus olhos,
Pobres olhos
Que em ti estão
És perfeita!
Tens a medida certa
Nem mais
Porque me fazes ver,
Cego encantado
Que não há outras
De nenhum
Nem de outro lado.;
Tens a medida certa
Nem menos
Porque minhas mãos correm a seda,
Como a areia fina entre os dedos
Que teu fio delineia
Saboreio meu desejo
Ah! Posso te sentir!
Em meu peito estás
Entenebrecido
Divagando nas tuas curvas
Posso agora ver teus olhos
Como esta noite
Amendoados,
Felinos,
Furtivos,
Roubam minha atenção
Absoluta atenção
És Linda!
Nem posso ouvir tua voz
Porque o doce dos teus lábios
Também me embriagam
Donde vem tanto amor?
Donde vem tanta beleza?
Os teus cabelos,
Cortinas negras,
Descansam como cascatas
Banhando os meus ombros
Com o frescor
De uma leve e fina garoa
Num dia quente
Caminhando na praia,
Solitária
Somente com as pequenas folhas
Esvoaçando pelo vento
Testemunhando,
Nos acompanham
Deixa-me,
Deixa-me assim
Somente esta noite,
Uma Persa noite
De mil e uma noites
Abraçado à tua silhueta,
Perfeita!
Obra de um sonho
Das mãos hábeis de um artesão
Entalhada,
Esculpida,
Lapidada!
Teus olhos agora abrem
O nascente sol vem
Tímido,
Inibido
Despretensioso,
Teus olhos,
Lindos olhos
Faz o sol raiar
Nesta manhã
O meu sonho não se finda
Pois estás em meus braços
Em minhas mãos
Fruto proibido
Fruto da imaginação
Realidade
Perene
Eterna
Michel Rosenblat - 23/09/98
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