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Poesias-->Vingança -- 12/09/2002 - 20:23 (MICHEL ROSENBLAT) |
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Faz-me opróbrio de ti!
Quisera eu te fazer assim
Portas um leque de florais
Nos dias iguais
Mas trazes em seu íntimo
Lâminas cortantes
Torpes silábicas,
Venosa peçonha
Nas entranhas plácidas
Ferida hemorrágica
Legislada,
sancionada,
acusada,
culpada!
Tua pena em minhas mãos
Mais uma guilhotinada em vão
Por que separar o corpo doente
da parca alma insolente?
Não une o bom senso e a razão!
Não dá vida à gazela e mortifica o dragão!
Mas se dorme num tempo
Brilha o dia que vem
Com sorriso de canoa
Sons de clarins entoa
Arremessada atenção
Arremessada confiança
Fisga simpatia
Fisga ingenuidade
Tudo da amizade é fruto
Este mar me dá singulto!
Mas as turbulências de iniqüidade
Vilipendiam por apelo covarde
Pisa nas machucaduras
Em encurralo súbito
Em perfídia traiçoeira
De espinhos estás armada
Em pétalas dissimuladas
Inclina-te como réu
Cubra-te de véu
Retrata-te do fel
E conhecerás a plenitude do céu
Ah, se tivesse efeito alguma vingança!
Mas já não tenho esperança
Abrigar-me-ei no vitupério
Com polidez e esmero
Michel Rosenblat - 01/01/99 4:40h
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