Piracicaba merece
Fernando Zocca
Amanhã, domingo, cinco de outubro é dia de eleição. O nosso voto é responsável pelo enriquecimento ilícito de grupos que, aboletados nas entranhas do poder, aproveitam-se trazendo para si bens de propriedade de todos.
Essa história de gostar ou não de uma pessoa ou político tem a ver com a identificação. A gente só gosta daquilo que, de certa forma, se assemelha a nós ou às nossas coisas.
Portanto se achamos que o político que rouba é o mais esperto, podemos estar dizendo: "Se eu estivesse lá faria a mesma coisa"; ou ainda nos recusamos a acreditar que o sujeito travestido de autoridade pública, diz a verdade quando nega o cometimento de crimes de corrupção, apurados em inquéritos policiais.
Talvez a nossa tendência mórbida de votar na figura investigada, tenha por trás, como motivador, a piedade, a compaixão, porque talvez queiramos acreditar que tudo o que foi publicado sobre ele, o suspeito, seja mesmo mentira para prejudicá-lo.
Desejando ser enganados, dizemos a todos, justificando a descrença na ilicitude do mau político, que "quando se está naqueles lugares, deve-se dançar conforme a música. Ou seja: se o sujeito não roubar, é logo dispensado".
A nossa cabeça dura pode garantir o voto no suspeito de corrupção, se nosso adversário não vota nele. Nesse caso o nosso voto não é a favor do mau caráter, mas contra o nosso adversário. É o chamado voto de pirraça.
Em todos esses casos quem perde é a cidade, pois sua riqueza será diminuída, para aumentar a fortuna do grupo do político, suspeito de participar das máfias.
Quem não tem nada a esconder, não participa das ações ocultas e temerosas dos arruaceiros. Queremos eleger o suspeito de corrupção, por descrermos nos indícios existentes na polícia e por achar que o indiciado favorece o nosso grupo mais do que qualquer outro candidato poderia favorecer.
Quando não consideramos a culpa dos corruptos, na falta de educação crônica de algumas gerações de alunos do ensino médio da cidade, tendemos a votar de novo neles (nos corruptos).
Nos momentos em que não conseguimos ver onde está o erro e a culpa do deputado estadual, do deputado federal, e do vereador que há décadas exercem funções pagas a preço de ouro, na má educação dos adolescentes, nossa tendência é continuar votando nos suspeitos.
As perguntas que devemos fazer são: nossa cidade tem creches onde as mães podem deixar seus filhos? Nossa cidade tem um corpo de funcionários públicos recebedores de bons salários? Nossa cidade tem prontos-socorros e postos de saúde que atendem com eficiência a população? Nossa cidade tem vereadores que se valendo do cargo, promoveram desvios de função das coisas públicas? E por fim: nossa cidade tem um prefeito que apareceu na mídia nacional tentando justificar seu envolvimento em fraude, conhecida no mundo inteiro, como a máfia das sanguessugas?
Respondidas essas perguntas e, estando sua consciência tranqüila vote. Piracicaba merece.
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