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Contos-->O C I B E R N E T A -- 17/07/2002 - 10:18 (Walter da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O C I B E R N E T A

Parou-se uma vez para ver o sol triunfar. Mãos dadas e leve preocupar-se, dês que acordaram. Roto o vestir-se e descalços sobre um resto de rua, talvez nem rua. Entreolham-se à medida que certo caminhar se os desloca, amiúde. Não houvesse mais tempo e já teriam visto a réstea no chão do meio-dia. Idiotam-se ambos. Oxalá inda sobrem migalhas de minutos e, se não assoberbam, assistirão ao último canto, terrível voz monótona, se repetindo, alhures e em nenhum lugar. Estão afônicos, sem voz literal. Mãos dadas continuam, até que surja noutro episódio, como o anterior, uma contra-ordem, vez que programados para temporariamente sobreviver. Caminham ambos absortos numa inexplicável
razão de ainda permanecerem vivos, pululando. Tocam-se mutuamente, só para constatar se deveras sobreviveram tão-somente os dois, quase em pelo,
em iminente morte. Caminham definitivamente sob essa última nesga que conquistaram.
Acanha-se a luz do sol, derradeira testemunha deste maldito ano
10.000. Ainda que memória haja, mas se esvaíram de modo abrupto, algumas imagens recônditas, do último século, anterior. Não há, todavia, velhice ou esmaecer semelhante. Há indubitavelmente, um rasto probo e dessemelhante de um fenômeno denominado há muito, vida. Continuam caminhando e às vezes se dão conta de que sequer se deslocam do mesmo sítio, singular.
- Devemos ter dormido umas duas décadas, senão... resmunga ele, caminhando.
- Sim... umas duas décadas. Confirma a fêmea sem um mínimo de emoção.
- Mas falta muito para caminhar. Provavelmente, segundo meu sensor biolocal e a massa súbita que se desloca, deve estar faltando umas décadas, até a próxima estrela.
- Cansada? indaga o macho.
- Não, absolutamente. Você? Questiona a fêmea, de imediato.
- ... agora me lembro, espera. Há umas manchas de luz neste
terreno que se expande; creio ter de mudarmos de idioma.
Quem sabe... tentar o XCL4555!!! Especula o macho, empedernidamente.
- Sim... sim... mas há que se caminhar sempre em círculos, assim nos comprometemos com a Energia, lembra? Adverte a fêmea, também, de modo empedernido.
Paisagem mudando e algo adiante lhes chama atenção. Manchas de luz vêm ao encontro deles, esverdeando a caatinga rasteira, iluminada e plena de fragrância inexplicável. Súbito, pararam. O sensor indica que estão diante de algo alienígena, fora dos limites biolocais, biocibernéticos. Apenas atenção utilizam, consistente em um girar estranho de 360 graus, neste sítio. Mãos dadas ainda permanecem. E urge permanecer assim, girando, com intuito de perscrutar exatamente o que o sensor biocibernético acusa no pequeno display que carregam no pulso direito, cada um. Há indicações bem fortes de se tratar de alienígena, quem sabe pacífico sob a penumbra do caminho enevoado, por onde caminham.
Nada de insuportável, por enquanto, bem se sabe. O sensor nada detectou até agora. Soltam-se as mãos e mudos se mantêm um pouco mais. Verificam juntos os sensores e a programação biocibernética. Nada ainda... Talvez devessem, imóveis, permanecer por segundos e esperar que a mancha de luz atravesse os últimos laivos do caminho e possam caminhar, novamente de mãos dadas, sob a névoa e a plúmbea vereda, por onde decidiram começar.



Olinda, Pernambuco, julho de 1995.






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