A PROTETORA DAS NOIVAS
Maria Adelaide, a Santinha de Arcozelo, foi eleita pelas moças da região como protetora das noivas. Deve ter se tornado, como Santo Antonio, a santa casamenteira.
Contam que as moças de lá costumam recorrer a ela para arranjar namorado. Passada essa etapa, fazem promessas para que o casamento venha a se realizar. Juram, então, doar-lhe o vestido, logo após a cerimônia. E inúmeras noivas têm cumprido o prometido.
Desta maneira, na sala dos milagres, existem vestidos brancos de montão. Tantos, que as senhoras cuidadoras da santa, vivem a trocar-lhe a vestimenta, periodicamente. Seu corpo, por incrível que pareça, ainda é flexível, mais de cem anos após o evento do falecimento.
Um dia, porém, Maria Adelaide não deixou que lhe dobrassem o dorso, nem que lhe abrissem os braços. A santa é milagrosa, mas não fala como nós. O corpo, ainda em carne e osso, é que nos mostra todo seu poder. Recusou-se e pronto. Aquele vestido não queria, sabe-se lá por que motivo.
As mulheres, zelozas, encafifadas, puseram-se a pensar. O que seria aquilo? Resolveram, então, indagar a doadora, a última a se casar. Bateram à sua porta. Aflita, a mocinha desandou a chorar. Será que seu casamento, há pouco iniciado, seria amaldiçoado?... Acabou confessando que o traje doado não era o mesmo que ela havia usado. Apenas uma réplica.
Trocada a cópia pelo original, a santa voltou ao normal. Se quisermos visitá-la, estará sempre em sua capela, toda bela, de véu e grinalda, como se preparada para subir ao altar.
Beatriz Cruz
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