Big Brother Literário
Os programas que colocam uma certa realidade nas telinhas proliferaram pelo mundo e aterrissaram no Brasil. Casa dos Artistas e Big Brother Brasil foram os pioneiros deste lixo televisivo. Os comentários acerca dessas programações foram os mais variados, desde a incapacidade de alguns participantes em formular uma frase, baixarias protagonizadas sem qualquer ressentimento ou o fim definitivo de programação decente na televisão aberta.
Financeiramente deve ter sido interessante para a turma do Big Bob Marinho pois a Globo começou a nos ameaçar com o Big Brother Brasil, mais um retorno. Confesso que estou ansioso para ver quais os 12 modelitos torneados em academias e jovens esbeltas com cabeças de vento, que participarão daquelas futilidades em horário dito nobre. Dois meses enclausurados em um ócio nada criativo, apenas imagens da total falta de imaginação e mesmice cotidiana.
Conseguirão os novos participantes inventar algo diferente do que uma mulher de lata chamada Maria Eugênia (esquecida logo após a divulgação do resultado), raspar as sobrancelhas, cutucar o nariz dia e noite, ou tentar sem sucesso comer a morena gostosa? Ao final disso tudo um babaca sorridente com R$ 500.000,00 no bolso. Um ilustre futuro desconhecido.
Isso tudo foi a introdução para um neobig brother.
Comecei a imaginar como seria um Big Brother Literário.
A seleção seria feita por intermédio de um texto produzido pelos interessados, no máximo duas laudas. Poderia ser uma crónica, conto ou poesia. A Academia Brasileira de Letras seria convidada para fazer a triagem.
Seriam classificados 12 escritores que ficariam enclausurados durante dois meses numa biblioteca. A sua disposição estariam 45000 livros, assinaturas de todos os principais jornais e revistas do Brasil, um computador com acesso a internet para cada um dos participantes, três salas de TV a cabo, uma linha telefónica com os números dos mais diversos serviços de tele-entrega (os participantes não deverão perder o seu precioso tempo no preparo da comida) e uma visita íntima por semana... para fins de inspiração e contemplar as necessidades físicas humanas.
Como premiação o vencedor teria a sua produção do Big Brother Literário publicada pela Globo Edições, capa de revista Época, o equivalente em dinheiro ao big brother tradicional, uma participação no tele curso do segundo grau e uma entrevista com o Bial na Globo News.
Ainda, se o vencedor for homem, um jantar com a Marta Suplicy na mais badalada casa de tango de Buenos Aires e se for mulher um jantar a luz de velas com o autor de Marimbondos de Fogo na mais badalada casa noturna do Maranhão.
Fico imaginando um recital de poemas líricos, escritores lendo suas crónicas e contos para milhões de brasileiros. Certamente, detonariam com o ibope do Ratinho... do jogo do milhão...
Pensando bem... pessoal, esqueçam o Big Brother Literário.
Que viagem!