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Artigos-->AS ESTRELAS DO MAR -- 07/06/2000 - 22:22 (Mario Galvão) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos






Já ouvi esta estória algumas vezes. Não decorei o nome do autor, se é que existe um autor, ou ela pertence ao imaginário popular. Se existir um dono, espero que não me cobre os direitos autorais, pois o plágio é confesso.



Arrisco-me a passar a você uma das muitas versões que já me foram contadas.



Era uma entardecer de janeiro, no litoral maravilhoso do Ceará.



Praia de areias branquíssimas, estendendo-se até o horizonte, tão longa que o seu final misturava-se com o azul do céu e do mar, todos fundidos numa paisagem de inenarrável beleza. Podia ser a Taíba, o Pecém ou a Praia do Morro. Escolha sua preferida.



Uma pessoa, um turista, caminha pela praia, sem pressa, sem rumo certo, apenas flanando para aproveitar o fim de tarde, antes de seguir de volta para casa, onde a família estará reunida para o lanche.



Um pouco adiante, um espetáculo curioso lhe chama atenção.



A praia, até onde pode alcançar com a vista, está coalhada de estrelas do mar.



Enormes, daquelas de cinco pontas, ponteagudas e longas, não se sabe porque, aos milhares, talvez centenas de milhares, encalhadas na maré vazante, esperando para morrer por lhes faltar a água do oceano, onde haviam nascido e que constituia o seu meio ambiente natural.



O nosso turista vai caminhando em meio aquela multidão de estrelas do mar, entre surpreso e penalizado com o destino fatal daquela imensidão de criaturas. É tomado mais por um sentimento de curiosidade que de compaixão. O ser humano, normalmente, não se emociona com a dor de seres tão diversos, que não gritam, não choram e não pedem por compaixão, embora condenados à morte certa e inapelável.



Logo adiante, entretanto, percebe um jovem, vestido apenas de calção de banho, que vem lentamente caminhando em direção contrária, pela linha da maré. A cada centímetro que avança, o jovem se abaixa, apanha uma estrela do mar e a lança de volta ao oceano, restituindo-lhe a possibilidade de vida.



O jovem está coberto de suor. Pelo visto vem caminhando de longe, abaixando-se e levantando-se incansável, zunindo a cada vez que a espinha retorna à posição normal, uma estrela, em movimento rápido e atlético, um efebo grego a lançar seu disco numa disputa olímpica.



O turista pergunta ao jovem:



"—Que está fazendo, meu amigo?"



"--- Estou salvando as estrelas, evitando que elas morram"



"—Mas, meu caro, que absurdo, por mais que você faça, jamais conseguirá devolver essa imensidão de estrelas ao oceano. As estrelas do mar sempre vieram dar na praia, há séculos, e sempre morrem aos milhões."O que você está fazendo, acabando por exausto, não vai fazer diferença alguma.



O jovem parou um momento sua faina incansável. Olhou profundamente nos olhos do turista, abaixou-se, tomou mais uma estrela nos dedos, girou o corpo e lançou-a ao oceano, em meio as ondas bravias do verde mar cearense.



"—Para esta estrela que joguei, garanto, vai fazer uma enorme diferença."



E continuou caminhando, jogando mais e mais estrelas ao mar.





Mário Galvão é jornalista e profissional de RP
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