De pronto respondo a tua questão: No meu entendimento não há nenhuma ligação entre Osama e Che Guevara. E não foi minha intenção associá-los. Ao escrever a crónica, imaginei tratar de forma bem humorada a figura singular e caricatural de Bin Laden.
Naqueles tempos de estudante universitário, era corriqueiro, quase uma obrigação, os militantes esquerdistas usarem barba e boina preta. Uma tentativa de ficar parecido com um mito chamado Che. Naqueles anos 70/80 Guevara era um ícone da revolução socialista, usávamos um bóton na lapela da camisa e tínhamos uma foto sua na parede do nosso quarto. Hoje a imagem de Che, infelizmente, está banalizada. Comercialmente ganha-se dinheiro com a estampa de Che nas bandeiras de clube, canecas, latas de cerveja etc. Em Minas Gerais tem uma cachaça com a foto de Che no rótulo e na Inglaterra, uma cerveja em lata marca Che. Hoje, até esquecemos que deveríamos fazer a revolução. Confesso que eu já fui bem mais revolucionário. De vez em quando ainda me pego meio metamorfose ambulante, mas já não tenho o bóton de Che e nem o quadro na parede.
Na crónica a ligação pretendida é entre as barbas das duas figuras, e a boina de um e o turbante de outro, pois passados 20 anos, aproximadamente, as imagens ficaram parecidas em minha mente. E o colega, na realidade, era um simples e pouco destacado acadêmico hondurenho.
Entretanto, o meu ego e minha mania de grandeza queriam que eu fosse colega de uma grande personalidade. Se não foi Osama tinha que ser Che. Hoje esta possibilidade me deixou desconsertado.
Enfim, Colega Osama é uma simples ficção com a pretensão de ser bem humorada.
Foi publicada no jornal do sindicato e no A Razão e está no site Usina de Letras. Agradeço por teres sido um dos poucos a mandar-me um E-mail com críticas e comentários. O que, aliás, me proporcionou esta crónica.
A propósito: Na verdade o meu colega nos tempos de faculdade chamava-se Raul e era cubano. Tu nem imaginas de quem ele é irmão?
Desculpe-me o tamanho da resposta.