A noite banha teu corpo,
Não esconde nem tua timidez
Que se mostra indispensável
Para a harmonia do teu ser.
És condenada ao amor. Teus olhos
São teu segundo coração. Tuas pernas
Somem na perfeição do ar (sombras sem rastro)
E reaparecem diante de mim ao menor pensamento.
És rainha, sim!
Mesmo tendo nascido num país sem trono nem rei.
Teu reinado se limita a mim:
-Sou tua multidão!
A Lua iluminada vê seu rosto branco,
Tua morte não se anuncia,
Das-me a impressão da imortalidade.
Os tiranos que foram mandados se envolveram
E perderam o rumo, a alegria e a noite.
Teus passos são um bale de sons e cores,
Glorias e hinos estampam o quadro da tua vida.
Já não sinto os ares, à noite,
Não sentes meu olhar, vago olhar.
Sentiste a mágica do sonho, sentiste o gosto das lagrimas
A apertar teu peito, mas caminhas leve,
Discreta entre sons, brilhante
Entre nuvens de medo,
E descansas nas dobras da noite.
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