Conheça o autor de O Ateneu
Raul D´Ávila Pompéia nasceu em Jacuecanga, Angra dos Reis, Rio de Janeiro, em 12 de abril de 1863 e quando ainda era criança mudou-se com seus pais para a corte, onde o progenitor passaria a viver da renda de algumas casas e da advocacia.
Aos dez anos o menino foi internado no colégio de Abílio César Borges, o barão de Macaúbas, onde logo se distinguiu como aluno aplicado, estudioso, bom desenhista e caricaturista, que redigia do próprio punho o jornalzinho O Archote.
Transferiu-se depois para o colégio Pedro II, onde se projetou como orador. Nessa ocasião publicou seu primeiro romance Uma Tragédia no Amazonas (1880), que foi escrito ainda no colégio Abílio.
Em 1881 iniciou o curso de direito em São Paulo onde abraça as causas abolicionistas e republicanas. Nesse período também se liga a Luís Gama conhecido abolicionista.
Além do jornalismo de combate cultiva a literatura, iniciando a publicar seus textos no Jornal do Comércio do Rio de Janeiro.
Raul foi reprovado no terceiro ano da faculdade (1883) e segue então, com 93 companheiros acadêmicos para Recife, a fim de concluir o curso. Lá encontra o ambiente intelectual sob influência de Tobias Barreto, que não lhe causou boa impressão.
Voltando ao Rio, já com o diploma que não usaria, começa a fazer jornalismo, escrevendo contos, crônicas, folhetins, artigos e, participando da vida boêmia das rodas intelectuais, onde aos poucos se impõe como escritor, até que em 1888 inicia a publicação de um folhetim na Gazeta de Notícias. No mesmo ano, publica o romance O Ateneu, uma "crônica de saudades". O texto escrito na primeira pessoa tem um cunho autobiográfico, contando o drama de um menino que, arrancado ao lar, é lançado num internato. Pompéia inspirou-se na recordação dos anos passados no colégio Abílio, em seu diretor, que é retratado como Aristarco e nele mesmo, que é o menino Sérgio.
Depois da abolição o escritor dedica-se á causa republicana e integra-se entre os seguidores de Floriano Peixoto. Nesse momento surgem as paixões partidárias e numa dessas discussões duela, pela imprensa, com Bilac.
Escrevendo então o prefácio do livro Festas Nacionais, de Rodrigo Otávio seu velho amigo, ataca o cosmopolitismo por considerar que o militarismo de Floriano constitui a defesa da pátria em perigo.
Com o falecimento de Floriano em 1895, Pompéia é demitido da direção da Biblioteca Nacional, como punição pelo discurso incomum, feito no enterro do marechal.
Logo depois, um artigo escrito de Luís Murat leva-o a um grande abatimento moral, pois sempre foi neurastênico, de temperamento mórbido e instável. No dia de Natal, 25 de Dezembro de 1895 mata-se com um tiro no coração.
A crítica o considera como iniciador da ficção impressionista no Brasil - síntese da análise interior, da preocupação psicológica, da memória e da escrita artística.
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