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Poesias-->solidão -- 19/09/2002 - 15:44 (José Eduardo Mendonça) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Eu sinto a solidão das pessoas verdadeiramente solitárias.

Levanto os olhos sobre a revista

e vejo do outro lado do balcão

o homem que mastiga seu sanduíche

com olhos de quem costumeiramente mira o nada.

Não seu interior, mas o nada mesmo,

a insubstância, a perspectiva da volta

para a casa desabitada

onde não há vida durante todo o restar do dia.

Eu não falo com o homem do sanduíche

e o olhar de todos em redor nao se cruzam.

Não são mal educadas as pessoas solitárias,

são amargas, e talvez pouco levem além disso com elas,

um saco de papel marrom com restos

que sempre sobrarão putrefatos em uma geladeira

fazendo companhia ao leite vencido, porém presente

como um atestado de indisfarçável condição.

À exceção de um esgar de inquietação,

são resignados os seres que partilham

suas miseráveis refeições.

Pode bem ser que nem tristes sejam

porque este sentimento quedou abandonado

junto com tantos outros

como manchetes velhas empilhadas

num canto do quarto de empregada.

Há solitários amarrotados, elegantes, dândis, impecáveis,

escanhoados como bebês ou com pelos

que desleixadamente crescem

como se ao rosto nem pertencessem.

Não importa.

Por todo lado há a marca do abandono e do olvido

em prédios de apartamentos

que empilham precoces asilos.

Estão à margem e já não recordam do outro lado

e de como a ele chegar, se lembrassem.

Pontas de cigarro queimam nas calçadas.

Não estão mortas mas ninguém mais as fumam.

Logo serão varridas pelo vento e tragadas pelos bueiros

rodando num turbilhão sem nexo.

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