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Poesias-->cinza -- 19/09/2002 - 15:45 (José Eduardo Mendonça) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Há um cinza uniforme sobre tudo,

poeira sobre a mobília

em uma casa de súbito abandonada,

onde as janelas batem com o vento

e a umidade cuida de apodrecer

objetos com os quais ninguém mais se preocupa,

cuja própria existência quem um dia deles soube se esqueceu.

Todos se foram em silêncio

sem nem deixar qualquer memória.

Há um cinza uniforme sobre a alma

que não sabe mais qual corpo habitar.

Há uma cinza uniforme no coração

que bate solitário e sem eco

enquanto um outro coração quer amar

mas olha para o luto e a perda

e não quer tirar as bandagens

para não expor à luz a cicatriz

onde antes havia o corte e a dor.

Há um cinza uniforme sobre o corpo

que não pode partilhar seus desejos

e tenta criar um contato

e encontra refração,

um pedido para que ele, alma e coração

esperem, esperem,

um dia que quem sabe virá,

quem sabe poderá não vir,

desacontecimento rompendo o círculo

para tangenciar a vida e espirrar

como cometas espirram

no choque com o calor da atmosfera.

Há um cinza uniforme sobre tudo

que o dia cinza reluta em disfarçar.

Há um choro atrás de uma porta,

um trinco e uma chave,

há um grito sem repercussão.

Há um homem que caminha na chuva e sente frio

e que quer varrer dos ombros

o desconforto de sua condição.

Há um coração que não pode chegar

e não pode ir embora

e seu amor é um tributo, uma sina,

dádiva, magia e mistério.

Há um coração que está dentro de um homem

que apenas pede que a vida possa prosseguir.

Com sobressaltos e cambalhotas,

mas que possa prosseguir.

Há um cinza uniforme sobre um coração cansado

que poderia cantar suas tantas melodias,

espalhar sua palheta de infinitas cores,

dizer coisas suaves em um ouvido que ouvisse,

se espalhar e esparramar e,

junto com o corpo que o abriga,

estar com sua amada em seus folguedos,

deixar escorrer sobre a pele o toque

que só quer ser carinho.

Mas há um cinza uniforme sobre tudo

e o homem dobra mais uma esquina

enquanto a água escorre em seu rosto

lavando o sal que se abriga em seus sulcos.

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