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cronicas-->A filha do Mário Malhas -- 16/05/2002 - 00:09 (Athos Ronaldo Miralha da Cunha) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Estava iminente uma chuvarada no verão de Torres, numa tarde em que a meteorologia prometia apenas sol e calor. Embora as volumosas nuvens negras se formando para o lado do Rio Mampituba o movimento estava intenso no ambiente da confeitaria, em frente a praça XV.
Três honrados e respeitáveis senhores beirando os cinquenta anos, todos oriundos da serra, estavam conversando animadamente em uma das mesas colocadas ao ar livre e cobertas com guarda-sóis. Tomavam chá. Sim, tomavam chá de frutas vermelhas. Inacreditável mas cada um deles com uma delicada taça de porcelana e com um pratinho com rissoles e croinssant
- E a Mónica, por onde será que anda? Ela costumava frequentar as praias de Torres no verão? - Pergunta um deles, mudando abruptamente de assunto, que até aquele momento era o desempenho da dupla grenal na Copa Sul-Minas.
- Que Mónica? - Pergunta o outro, esquecendo momentaneamente a artilharia de Fernando Baiano.
- A filha do Mário, aquele que abriu uma malharia em Caxias e se deu muito bem. Malharia Mónica, mas todos o chamavam de Mário Malhas. Faz mais de 20 anos. Está bem o Mário! Os negócios que ele fez foram bons e ele é um excelente administrador.
- Meu caro amigo, naquela empresa, é a mulher que tem talento... nada contra o Mário, pessoa finíssima e educada.
- A última notícia que eu tenho da Mónica ela estava indo para o terceiro casamento, um tal de Edu não sei das quantas.
- O filho do deputado... - Estalou os dedos tentando em vão puxar da memória o nome do político caxiense.
- A Mónica... quem diria, conheci deste tamanho. - E colocou a mão direita na altura da mesa da confeitaria. - Continuou. - Ela deve estar com uns 23 para 24 anos.
- Acho que tem mais. O Mário foi meu padrinho de casamento e ela era um bebê. Eu já estou casado há 25 anos.
- Credo como o tempo passa!
- Olha lá aquela mulher na calçada oposta, não é a Mónica?
- E quem é o cara com ela?
- Não é o Cláudio.
- Não é o Gustavo.
- Não é o Eduardo.
- É o quarto! - Disseram em uníssono.
- Que coisa, hein! Ela troca de camisa e de... deixa pra lá.
No prato em cima da mesa ainda restava um saboroso croinsaant para cada um dos três amigos e a dona da confeitaria havia colocado, há poucos minutos, um bule de chá de quebra-pedra e uns olhos-de-sogra e casadinhos.

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