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Cronicas-->Que tal o PVC? -- 26/05/2000 - 00:24 (RUY FERREIRA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Que tal o PVC ?
(*) Ruy Ferreira

Já a algum tempo, aqui no Càmpus da UFMT em Rondonópolis-MT, eu e o Professor Peixinho fundamos um partido político diferente. Temos dois militantes aguerridos, mordazes e, é claro, um presidente e outro secretário-geral, respectivamente.
Todas as vezes que nos encontramos pelos corredores do Càmpus surgem novas orientações para o PVC, recheando nosso estatuto com pérolas como: é proibido a filiação de ex- político de qualquer outro partido, de todos os membros de comissões de licitações, de tesoureiros, intendentes e afins, de latifundiários de qualquer terra urbana ou rural, de corruptos ativos, passivos e os respectivos intermediários. A lista cresce a cada dia que passa.
Quanto a linha ideológica partidária optamos pelo socialismo-tupiniquim, com ênfase nos pensadores brasileiros e objetivos bem claros, escuros, mulatos, etc. No recrutamento exigimos do futuro militante a ingenuidade de uma criaça, mas não admitimos figuras alienígenas como Papai Noel, Michael Jackson, Mickey Mouse e Nacional Kid. Queremos o Saci-Pererê, Boto-Rosa, Mula-sem-Cabeça, Tonico e Tinoco, Chico Bento, Adoniram Barbosa e a Turma da Mónica.
Ficou determinado o nível de nacionalismo partidário que exige o uso de produtos nacionais como o guaraná, o Gurgel BR-800, a cachaça e o feijão-preto. Repudiamos o fusca alemão, o sorvete italiano, o uísque escocês, o jeans americano, o perfume francês e as quinquilharias asiáticas. A não ser que possuam certificação ISO-9000 e não tenham similares nacionais.
Na Educação haverá um acerto de contas com a História. Para isso, ressuscitaremos o Anísio Teixeira, Paulo Freire e Darci Ribeiro que governarão os destinos educacionais brasileiros, nunca mais permitindo a interferência de políticos e picaretas nessa área de governo. Nosso planos para a saúde privilegiam ações preventivas e negamos qualquer ajuda à doença. Inclusive cortando toda e qualquer verba para hospitais. Nosso negócio é saúde para todos, logo os hospitais vão falir.
O PVC oferece risco ao capital nacional e estrangeiro, com possibilidade de lucro num prazo decente e cadeia para os "fraudadores falencistas", espertos e tomadores de empréstimos subsidiados que nunca pagam suas dívidas. Nenhum preconceito contra as forças armadas, desde que consigamos encontrar uma função militar para elas que exclua a concentração de tropas no eixo Rio-São Paulo-Brasília. Para a diplomacia externa temos política transparente: Bateu! Levou! Isto é, a Argentina não quer o Brasil como membro do Conselho de Segurança da ONU. Tudo bem, vamos dar o troco a altura, excluíndo a Argentina do Mercosul.
Já no campo social fica instituído o sorriso e a cortesia, os pais devem assumir a criação dos filhos, os cartolas do esporte vão cumprir pena na reconstrução da Perimetral Norte e carnaval no mês em fevereiro, sem transmissão pela TV, só ao vivo. Todos devem trabalhar (produzir), inclusive as crianças que farão isso estudando em período integral. Excluí-se os aposentados que farão viagens turísticas obrigatórias e gozarão de bem-estar merecido, com direito a greve. Na área tributária fica instituído o imposto único, progressivo e cobrado do consumidor final de qualquer bem ou serviço, designando novas funções para o pessoal da Receita que passarão a ser auditores de entidades filantrópicas e sem fins lucrativos.
A cada encontro surgem novidades para rechearem o ideário do PVC, pena que nos encontramos pouco. Mas acho que faltou um pequeno detalhe: O que significa a sigla partidária? - É mesmo! íamos esquecendo do marketing. Nosso partido chama-se Partido com Vergonha na Cara, o velho PVC, rígido, sem estrelismo, bastante útil e, ainda por cima, não enferruja.
(*) Ruy Ferreira é professor da UFMT
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