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cronicas-->Testamento -- 17/05/2002 - 01:05 (Luís Augusto Marcelino) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Não há muita coisa material para deixar, mas fazer o quê? Vai que amanhã eu me torne uma vítima de um sequestro relàmpago ou que aconteça qualquer coisa assim inusitada, como agentes da CIA, infiltrados nos morros da Zona Norte paulistana, confundam-me com Osama e me dêem um fim meio cinematográfico - tiros de longa distància, disparados de uma das lajes das lojas efervescentes da Rua Parapuã... Sei lá, para que não haja briga, é melhor mesmo eu deixar meu testamento pronto. E divulgado, sem o risco de adulteração - porque ninguém conhece minha senha nos sites onde publico.

Vamos ao carro. É justo, é lícito, é aconselhável que ele passe às mãos do meu mecànico. Afinal, ele fica mais com o Poisé do que eu. E seria injusto que fosse parar nas mãos da família - que sofreria com suas constantes panes. O computador tem de ficar com minha filha mais velha. Aí ela poderá desconfigurá-lo à vontade e colocar como papel de parede a foto do KLB. Já para o garoto, deixo o meu álbum de figurinhas da Copa de 94, minhas camisas do Corinthians (a branca e a preta), minha chuteira Topper (embora leve algum tempo até ele poder usá-la) e meus ternos de linho. Meus CDs devem ser doados a alguém que ainda goste do Chico Buarque, do Caetano Veloso e dos Titãs - acho que não vai ser difícil encontrar um fã.

O que mais? Ah, sim! A caderneta de poupança. Que fique para o governo e que ele faça bom proveito! De um jeito ou de outro, com CPMF, IOF, IR ou qualquer outra sigla, mais cedo ou mais tarde eles me tomariam mesmo... A pensão da Previdência certamente tem de parar no bolso da patroa. E do despachante que tenho certeza que ela contratará para conseguir receber o benefício. O seguro de vida vai para as crianças. Mas, coitadas, terão de esperar um bom tempo para sacar o que lhes for de direito.

Meus livros - os que não escrevi - podem ser doados para qualquer ser que goste de ler. Já os que pincelei, ficam - pela legislação de direitos autorais - sob a posse dos meus herdeiros naturais. Quem sabe um dos meus filhos transforme a idéia das obras num bom livro, porque se não fizerem isso, não ganharão nada com esta parte da herança.

Meu isqueiro vai para a minha esposa. Meu travesseiro gostaria que fosse enterrado comigo - não sei dormir sem ele, imagine um sono eterno. Minha bermuda florida pode ficar com meu cunhado, que é o único ser da face da Terra que a admira, além de mim.

Sobra pouco. Que a família decida para quem deixar.
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