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Artigos-->Natal, quem sabe um Feliz Natal -- 21/12/2001 - 13:08 (Luís Augusto Marcelino) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Minha relação com esta data é meio controversa. Quando compreendi o motivo de se comemorar o Natal fiquei radiante ao descobrir que Cristo tinha o mesmo signo que eu. Ou melhor, que eu tinha o mesmo signo que Ele. Orgulhoso, satisfeito. Cresci e fiquei sabendo que não dá para comprovar se Ele nasceu mesmo em 25 de dezembro. Então me decepcionei. Hoje isso não me incomoda mais, porque os lojistas arrumariam qualquer outro dia para comemorar o Natal e aquecer o comércio, como fizeram com o Dia das Mães, dos Pais etc, etc.



Há coisas que acontecem quando o Natal se aproxima. Coisas boas, coisas ruins. O futebol pára, por exemplo. A bolsa de valores também - o que hoje em dia, para ser sincero, não dá para classificar como positivo ou negativo. Lojas anunciam promoções para tirar o fôlego e o 13º da população. Mesmo os que não têm 13º (nem 12º, nem 11º, nem nada), dão um jeitinho e saem atrás de um presente. As ruas ficam enfeitadas - não com a mesma intensidade de antigamente, mas ainda há enfeites. Este ano - e vou usar a máxima de que a cada ano que passa o Natal vai mingüando - percebi que poucas casas estão decoradas. Acho que os fabricantes e comerciantes de luzinhas estão amaldiçoando os responsáveis pela crise energética. Apesar de que, com o calor que anda fazendo nas últimas noites, é perfeitamente possível deixar velas acesas na varanda da casa - um sinal de cidadania e de respeito às tradições natalinas ao mesmo tempo.



O mais intrigante, contudo, é o tal do espírito de Natal. Até o mais cético dos mortais cristãos - ou criados sob a doutrina cristã - parece esquecer das questões materiais e físicas e se dedicar à solidariedade, ao afeto, essas coisas. Quando eu era adolescente briguei com o Wagner Galo em março. Por mais que os outros amigos insistissem para nos reconciliarmos durante todo o ano, nenhum de nós deu o braço a torcer. Foi chegar o Natal e batata! "Feliz Natal!" - eu o cumprimentei. "Pra você também! E um próspero Ano Novo!" Na segunda metade de dezembro os corações amolecem, é incrível. O negócio é tão sério que os brasileiros até torcem para que a crise na Argentina acabe. Se fosse em fevereiro, De La Rúa seria tema de samba-enredo, pode crer. O único problema é entrar num acordo com a patroa para ver na casa de quem vai se passar a ceia. "Na minha mãe, é claro!" - ela repete todo ano. O sujeito se conforma, dá uma passadinha na mãe e divide o garfo com a sogra.



Teve um ano - acho que em 97 - em que passei pela São João na noite de Natal. Vi uma senhora muito elegante descer de seu luxuoso carro com algumas sacolas na mão. Rapidamente ela as entregou para uma velha bem magrinha que segurava um bebê no colo. A velha sorriu timidamente e agradeceu. Quando o sinal abriu, senti-me tentado a continuar ali, mas não foi possível. Contudo, olhei pelo retrovisor e as vi abraçadas. Pareceu-me um abraço fraterno, sincero. Era o espírito de Natal unindo dois mundos completamente diferentes. Bom seria se este espírito continuasse nos rodeando durante o ano inteiro.
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