Não conte para ninguém, mas hoje estive sonhando com você. Não um sonho de nuvens claras ou abrigos mórbidos e sim aquele acordado, de pé, onde o pensamento tem asas maiores que um foguete.
Pensei em você, essa é a palavra certa. Acordei e fui dormir com tudo seu. E agora, depois de pesquisar inúmeros modos de uma despedida certa, não chego a nenhum lugar. Porque é difícil dizer adeus àquele que ama. É quase impossível sentir alivio quando o vazio tem como parceiro, a dor que ferve.
Daqui em diante a única decisão que eu poderia tomar é deixar esse tempo passar por mim a espera de algo que inunde essa terra seca, a qual meu coração está habituado.
As cartas de então serão poucas ao perceber que não devo dar resposta. O maço de cigarro será enfim somente meu. Meus passos não serão repartidos e minha alma estará pronta para um novo amor.
O nosso caminho já está gasto, não sabe? As idas e vindas marcaram a estrada como aquela da infância onde as pegadas indicavam o caminho para casa. Casa? Não temos mais. Desmoronamos casa tijolo sem ao menos perceber. Agora as gotas de chuva, as lágrimas, melhor dizendo, caem por entre os cortes da parede.
Não conte a ninguém que sonhei contigo. Não conte que me despeço agora e, principalmente, não diga que te amo tanto quanto a palavra certa, mais que um foguete que cruza o céu e não menos que um caminho sem volta.
Não conte a ninguém, só á você.