Eu queria, só por um dia
possuir tua manhã
e teu primeiro bom dia
Cheia de manha e malícia
acordar, aos poucos, tua preguiça
passeando minha língua atrevida
por teu corpo (ainda morto)
te erigindo para a vida
Queria afogar teu mau-humor matutino
com um beijo repentino
assim... à queima roupa, molhado
mordiscado, sem dor
pecado ou pudor
Ser toda mãos, sexo, boca
inflamando e molhando lençóis
Mergulhar nos sóis em que orbitas
nesse teu universo à parte
Ser a arte que te atrai
música, comida, bebida
a mulher bandida, desjejum
deliciosamente preparado e proíbido
Ser toda vício, toda ócio, toda ilícita
crime e castigo que te incitam
Encontrar o horizonte perdido
o poente em que teu olhar se esvai
apaga o brilho, fervilha
desmancha e se aninha
quando a noite engole a luz o dia
e te seduz para as ruas
onde ela, a vadia Lua
te aguarda nua e radiante
enquanto eu, só
sem tua dó ou piedade
mingüo chorando poesia
num apogeu distante do seu.
http://almadepoeta.weblogger.com.br
http://www.poesiailustrada.hpg.com.br
|