Jornalismo cidadão, instrumento da sociedade civil
Em nossas viagens pelo mundo virtual pudemos conhecer sites e blogs que há alguns anos antes, não nos seria possível fazê-lo. A tecnologia possibilita de tal forma o intercâmbio das idéias, jamais imaginado por nós, viventes no emaranhado cipoal sombreador da periferia.
Coisa semelhante, em termos de comunicação, ao que nos parece, seria o radioamadorismo, dos tempos passados, pelo qual seus praticantes interagiam com os iguais, em diversas partes do Brasil, das Américas e do mundo.
Nos jornais e tvs dos demais países desenvolvidos, publicados na Web, o contato diário abre-nos esperanças jamais pensadas.
O jornalismo digital não deixa de ser uma forma que possibilita o desenvolvimento das potencialidades tecnológicas, editoriais e econômicas das pessoas, conforme ensinam Miriam Celaya González e Eva González no artigo "Periodismo ciudadano: un canal da sociedade civil", (http://www.desdecuba.com/sin_evasion).
No artigo as autoras ressaltam que o aparecimento do jornalismo digital favoreceu o surgimento do chamado jornalismo cidadão (JC) cujas características, além da "hipertextualidade" possue também o caráter de interatividade.
Segundo as comunicadoras, são diversas as definições que se pode usar para conceituar o jornalismo cidadão (JC) e não é fácil, pois ele guarda uma estreita relação com o contexto social no qual se produz, sendo que aqueles que o fazem, sejam como redatores, colaboradores ou leitores, o definem de acordo com as realidades, percepções e interesses específicos.
Pode-se dizer, segundo as escritoras, que não existe um tipo de jornalismo cidadão, mas uma nova forma de relacionar as notícias e opiniões com o público. Esse mesmo público deixa de ser passivo para participar com as novas.
Afirma-se que o JC, feito para as pessoas das cidades, caracteríza-se por uma multiplicidade de matizes, objetivos, receptores e marcos referenciais. E depois de uma década de experiências na Internet, caminha para o desenvolvimento pleno.
As autoras dizem que só nas sociedades desenvolvidas, onde há a liberdade de informação, exercício do jornalismo, domínio da tecnologia digital e sua utilização, houve a florescência do jornalismo cidadão.
O conceito de JC define um fenômeno novo, a partir dos vocábulos "jornalismo", concebido como um dos pilares básicos da modernidade desde o século XIX, e "cidadão" cuja definição remonta à Roma Clássica.
A idéia geral é a de que se está diante de um exercício cívico independente dos interesses dimanados dos centros do monopólio da informação, da imprensa tradicional, propriedade de grupos da elite, ligados direta ou indiretamente a setores poderosos da economia, da política e da ideologia. É assim que o jornalismo cidadão e a sociedade civil estão ligados estreitamente.
Em virtude das possibilidades que oferece, o JC nasce como resposta a uma necessidade social pela qual os indivíduos, grupos sociais e regionais, buscam espaços de expressão, de reprodução dos seus interesses específicos que por causas diversas, não estão representados no jornalismo tradicional.
O jornalismo cidadão é modalidade que enriquece e diversifica o panorama informativo social, abrindo brechas no monopólio da imprensa das sociedades fechadas.