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Contos-->Meu primeiro conto erótico -- 27/07/2002 - 01:56 (Luís Augusto Marcelino) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Tenho que falar algo antes de discorrer sobre o acontecimento que modificou minha vida. Sim, minha vida se transformou desde que fiz amor pela primeira vez. Água e vinho. Palmeiras e Corinthians. Ovo e picanha. Tenho de confessar: meu pênis (e digo pênis para preservar um certo rigor moral, um pudor excessivo para os dias de hoje, porque senão diria pinto ou pau) é horrível. É torto, como todos os outros, enrugado, feio mesmo. Não sei como as mulheres podem se interessar por uma coisa tão ridícula. Elas querem homens bonitos ou ricos. De preferência os dois, mas nem sempre isto é possível. O fato é que, mesmo o sujeito sendo um semideus, o pênis dele (reiteradas minhas observações semânticas) é irrelevante. Eu mesmo, se fosse mulher, odiaria os pênis horríveis que se vê com a maior naturalidade nos filmes pornôs. Mas, voltando ao assunto, Rodrigo Augusto é muito feio. Deixa pra lá, não é o caso. O caso é o que tenho que contar aquela história que ninguém acredita, nem mesmo o narrador, mas que aconteceu um dia desses e não dá para guardar para o túmulo um acontecimento tão relevante.

Eu estava num bar. Mais uma vez num bar. Mamãe já tinha ligado umas três vezes para o celular e só não a mandei para a puta que o pariu porque adorava minha avó Maria de Lourdes, que não merecia receber de volta a filha Irene. Desliguei o maldito aparelho. Mamãe devia mais era dormir e dar para o Papito – que vivia reclamando que não usava mais seu instrumento. Para quem não conhece, os bares do Centro de São Paulo são abomináveis. Vêm bêbados, putas, travecos, pedintes importunar a cada dez minutos. As putas de vez em quando servem para alguma coisa, os travecos também. Uma chupeta, uma punheta.... não dá pra dizer que os caras não fazem uma chupeta de responsa. E, para quem é solteiro, para quem não tem sequer um orifício para saciar a vontade incontrolável de uma transa numa sexta-feira à noite, um traveco quebra o galho. Quebra mesmo. Aquela noite parecia mais uma como tantas outras. Não sei se já mencionei, mas sou preto. Preto mesmo, daqueles que os brancos classificam como azuis. A única vantagem de ser preto neste país é ser taxado de penisudo (tenho certeza de que esta palavra não existe, mas quero preservar, em parte, aquela minha premissa de não usar termos chulos, embora não possa garantir esta promessa). Meu pau (quer dizer, meu pênis, é bem pequeno e não poderia proliferar a fama de os pretos terem pênis grande. Acho que sou uma decepção para a comunidade). Talvez o fato de eu ser preto tenha chamado a atenção da mulher que parou em frente ao bar do seu Antunes pedindo ajuda porque o carro tinha pifado. A princípio, por eu ser preto, é provável que ela tenha me achado com cara de mecânico. Veio diretamente a mim, sem olhar sequer para os outros fregueses.

- Será que pode me ajudar? – perguntou, meio cabreira, sem olhar diretamente nos meus olhos.

Inicialmente fiz pouco caso. Falei que estava ocupado. “Por favor, moço!” Não resisti. Ela era loira, usava um vestido cuja cor eu não consegui decifrar até hoje, mas sei que suas vestes se moldavam ao corpo escultural daquela mulher aparentemente frágil, voz mansa, andar de misse, hálito mais puro do que uma floresta de hortelã. Beberiquei mais um gole. Por um momento ela ameaçou chamar outro homem, mas desistiu ao perceber que aquele lugar se tratava de um antro de débeis e bêbados. Eu parecia o mais são, apesar de ser preto. Esperou, meio apreensiva eu terminar o último gole de conhaque. “Pago bem! – ela afirmou.” Quando, enfim, eu dei o sinal de que olharia seu carro, ela saiu rebolando discretamente e me esperou na porta do boteco. Eu não disse que era professor de Filosofia.

Decretei, depois de meia-hora, que o problema do carro da senhora era gasolina. “Impossível!” Quase impossível, argumentei. Parecia que seu marcador de combustível não estava funcionando. Fui até o posto mais próximo. Dez minutos, na caminhada. Ingrid – era o nome dela – ofereceu-me carona. Não era preciso, mas era preciso. Reparei que sua calcinha era rendada. O efeito das biritas, depois da caminhada, tinham passado. Não cheguei a ficar com o pênis ereto (mais uma vez, pudorosamente, para não fazer vergonha às minhas próximas gerações, meu pau não chegou a ficar duro). Mas apreciei enquanto pude as marcas da calcinha saltitando no vestido de cor indecifrável.

- Obrigado pela carona, mas ficarei por aqui.

Retornei ao bar, paguei a conta, mas fiquei devendo dois reais e trinta centavos. O metrô, às onze e meia é a síntese do bem-estar europeu no ramo dos transportes. Não sofreria para chegar à Santana e, de lá, pegar um ônibus que me levaria à avenida principal próxima da minha casa. Eu avistava faróis de carros, de ônibus, de caminhões, de motocicletas. Eles se embaraçavam de vez em quando, mas eu os via a poucos metros. Perto de chegar à Estação Santa Cecília, ouvi a voz doce de Manuela, oferecendo uma carona, novamente. “O Metrô está parado por causa da chuva, quer que te leve?” Olhei para um lado, para o outro. De fato, os pontos de ônibus pareciam estar mais cheios do que o normal. Entrei. Ela disse que me levaria até a Voluntários, se fosse preciso, em agradecimento à minha gentileza de ter identificado que seu carro não tinha combustível. Seguimos pela São João até alcançar a alça que daria na Pacaembu para, enfim, chegarmos à Marginal Tietê. Durante este rápido trajeto notei que a barra de seu vestido, já curto, subiu à altura insinuante que exibia suas coxas brancas e roliças. Nesses poucos minutos, eu imaginei esfregar minha língua “caliente” por entre as coxas endiabradas de Manuela. Resisti ao máximo. Havia dois fatores que jogavam contra mim: ser preto e ser pobre. Porém, meu pênis, resistiu por pouco tempo. Ergueu-se inusitadamente, sem pedir permissão e comecei a suar. Suei como um condenado à morte. Ao pararmos no farol próximo à Marginal, Manuela manobrou o câmbio do carro para deixá-lo em ponto morto. Perguntou-me se gostava de Pagode.

- Prefiro Jazz, senhora! – respondi.

Imagino que ela tenha se sentido surpresa. Estávamos muito perto da quadra da Camisa Verde e Branco, e talvez sua pergunta fosse uma insinuação para irmos rebolar na quadra da tradicional escola de samba paulistana. A sinaleira apontou o verde e ela prosseguiu. Cada movimento que fazia para acionar a embreagem exibia a parte interna de sua perna, o que me deixava ainda mais excitado. Veio à minha cabeça a lembrança de Aninha, doce e melancólica Aninha que disvirginei dentro do Fusca azul do meu irmão. Contudo havia diferenças evidentes entre Aninha e Manuela. A primeira não tinha dado, mas estava louca para dar e conservava o hímen intacto – embora houvesse versões no bairro de que ela já teria sentido prazer em outra região. Manuela, ao que tudo indicava, embora não usasse aliança, era casada e bem-vivida, além do fato de não dar muita bola para mim.

Chegamos ao nosso destino premeditado. Abri a porta e agradeci. Quis ao menos dar-lhe um beijo no rosto, mas considerei ser um atrevimento. Manuela deu tchau e suspirou. Caminhei uns dez metros, em direção à parada de ônibus. Uma vastidão de pensamentos circundou minha cabeça naqueles poucos metros. Meu pênis enrijeceu... Não contei, mas percebi que Manuela estava sem sutiã. Seus peitos brancos, pintados, eretos, pontiagudos, fizeram eu desejá-la um pouco mais.

O 8478 que nos leva de Santana ao Jardim Japão já é, normalmente, um ônibus que atrasa. E, naquela noite, foi pior ainda. Cinco, dez, quinze, vinte minutos e nada de o coletivo aportar na parada de ônibus. Já estava quase me conformando em dormir por ali mesmo, procurar uma pensão ou puteiro. O puteiro era mais conveniente porque a imagem dos seios duros de Manuela não me saía da cabeça. Vendedores de amendoim azucrinavam minha paciência ao ponto de eu querer mandá-los ir tomar em algum lugar. Não suportei mais a espera e comecei a caminhar. Manu buzinou. “Tem certeza de que não quer ir para o sambão?”

Sambamos muito. Mais Manuela do que eu – porque, embora eu seja preto, não sei sambar. Paramos num motel na própria Marginal. Manu despindo cada peça de seu vestuário para me excitar. A calcinha rendada, as pernas brancas, o bico dos seios rosados, a artística raspagem em volta de seu sexo. Tudo aquilo diante de mim, esperando uma noite de sexo ardorosa. Quando fomos, enfim, para a cama, notei que o corpo magro de Manuela era apenas um disfarce: sua bunda cresceu de maneira assustadora e senti meu pênis (ou pau, ou pinto) se entusiasmar. Ao colocá-la de quatro e tentar penetrá-la, meu pênis (ou pau, ou pinto, ou cacete, ou piroca, ou Titanic) murchou. Dormi agarrado a Manuela. Beijei-lhe a boca. Beijaria de novo, se tivesse a oportunidade. Na manhã seguinte ela desapareceu. Esqueci de anotar a placa do seu carro.
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