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Artigos-->Sonhos e... utopias! -- 06/01/2009 - 14:17 (Carlos Claudinei Talli) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Sonhos e...utopias!

Vendo o futebol atual, principalmente o praticado no Brasil, mas também o internacional, e quanto mais o tempo passa, o ano de 1982 se torna bastante emblemático. Transformou-se mesmo no divisor de águas, na tênue linha limite entre o bom futebol e esse jogo chato e mercadológico que se pratica hoje.

Realmente, na minha mente fica cada vez mais claro que aquela derrota no Sarriá foi o maior desastre que aconteceu no futebol em todos os tempos. De lá pra cá, o jogo veloz, tático e chato foi ganhando espaço. Mesmo os nossos dois últimos títulos mundiais, em 1994 e em 2002, foram conquistados mais pelo baixo nível técnico dos adversários que pelos nossos méritos. Do mesmo modo que ganhamos, poderíamos ter perdido. Inclusive, em 1994, ainda está vivo na minha memória, nem os brasileiros se entusiasmaram com a vitória. Já em 2002, naquele jogo contra a Bélgica, sem o São Marcos, e sem o gol legítimo da Bélgica anulado, dificilmente teríamos chegado à final. Só para se ter uma pálida idéia do nível da competição, o terceiro colocado foi a Turquia e o quarto a Coréia do Sul. Não é uma brincadeira?

Os demais campeões a partir de 1982, pela ordem Argentina, Alemanha, França e Itália, do mesmo modo representaram a mesmice que nada acrescenta. Sem qualquer dúvida, nenhum torcedor no mundo inteiro se lembra de qualquer uma das escalações dessas seleções vitoriosas.

Todas essas reminiscências surgiram na minha cabeça apenas porque, até 1982, eu tinha sido mal acostumado. Ainda estavam frescas na minha memória as sensacionais conquistas de 1958, 1962 e 1970, Copas do Mundo em que o Brasil jogou, ganhou e... encantou. No mundial da Suécia, inclusive, quando o juiz apitou o final do jogo contra os suecos, o público todo presente ao estádio aplaudiu de pé a nossa seleção, tal o primor daquela exibição. Hoje, é inimaginável semelhante fato: a torcida anfitriã ovacionar de pé a seleção que lhe tinha tirado o título, na própria casa! Os suecos apenas manifestaram o reconhecimento da nossa superioridade, e agradeceram, alegremente, apesar da derrota, o futebol-arte apresentado. A verdadeira arte sempre proporciona essas coisas.

Semelhante comportamento tiveram os torcedores chilenos e mexicanos em 1962 e em 1970, respectivamente. Quando o melhor time se impõe naturalmente, jogando e encantando, é isso o que acontece sempre. Os mais jovens podem ver que as pessoas da minha geração e das que me precederam pouco antes estavam mesmo mal acostumadas. A gente é de um tempo em que o Brasil jogava e encantava. Praticávamos o melhor futebol do mundo, e todo o mundo reconhecia. E aplaudia.

Na minha cabeça, a ascensão do jogo mal jogado que vemos hoje não ocorreu por acaso. As mesmas forças que comandam o jogo econômico, e que nos levaram a essa crise financeira atual, com outra roupagem, também aqui agiram. E o seu representante maior no meio esportivo é a famigerada FIFA. Na sua ânsia de aumentar o lucro indiscriminadamente, a beleza do jogo escoou pelo ralo. Para que a globalização das receitas geradas pelo futebol acontecesse seria preciso que todos jogassem a mesmice que nada acrescenta. Assim, praticamente todos os países participantes de uma Copa do Mundo teriam quase as mesmas condições de se tornar o campeão. E os seus aficionados pagariam regiamente. Foi por isso que a Ásia foi incorporada ao futebol global. É só ver aonde os grandes times europeus costumam fazer as suas pré-temporadas.

Não por acaso, o treinador Muricy Ramalho, um craque enquanto jogador, e tricampeão brasileiro como técnico, numa entrevista à televisão se expressou mais ou menos assim: ‘O meu time joga de uma maneira vertical, em direção ao gol. É só correria. Eu não tenho nenhum jogador que pensa o jogo. E os outros também não têm. Na falta desse jogador, quem arma o jogo são os volantes’.

E pensar que tudo poderia ser tão diferente com a mudança de apenas duas regrinhas básicas no futebol: recuar a linha de impedimento, que hoje é a do meio do campo, para a grande área, e reduzir o número de jogadores de cada time a dez. Aumentar-se-iam os espaços de uma maneira importante, e os jogadores mais bem dotados voltariam a prevalecer. Haveria espaço suficiente para a volta do jogador cerebral, aquele que pensa o jogo. O futebol deixaria de ser esse jogo chato e burro que a quase todos causa enjôo, e voltaria a ser inteligente e agradável aos olhos.

O meu único consolo é que a vida é feita de sonhos e de utopias.

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