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Cronicas-->um dia na vida de um casal -- 26/05/2002 - 20:05 (Renato Coelho Xavier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Despertei, depois de uma noite bem dormida, como todas quando durmo na casa de campo.
Olhei pela fresta da porta e vi que o dia começava a clarear. Virei para a estante em busca do relógio e constatei que eram ainda 6h30. Os pássaros cantavam lá fora, prenunciavam os primeiros raios de sol. Como era sábado, poderia ficar mais um pouco na cama. Lá fiquei, virando de um lado para o outro, sem pegar de novo no sono.
Percebi que estava com vontade de mijar e fui ao banheiro descarregar a bexiga, pois sabia que enquanto não fizesse isso não voltaria a dormir.
Toca o telefone e levanto para atendê-lo. É ela que liga querendo saber como estou. Pergunto que horas são. Responde que são 8h30. Digo que tinha despertado com o telefone tocando e estava surpreso com o horário, pois ao voltar a dormir, depois de ter mijado, pensava em ficar na cama só até às 7h. Incrível como no campo a gente dorme leve. É só concentrar no canto dos pássaros e nem percebe-se que está entrando no sono novamente.
Ela me relata que, na noite anterior, tinha trabalhado um pouco; depois foi a uma festa de sua categoria profissional  foi por causa desta festa que ela não veio comigo para nossa casa de campo. Disse-lhe que tinha dormido cedo e que estava acordando naquela hora.
Foi legal a conversa. Sou de pouco papo ao telefone, por isso imagino que não seja nada agradável conversar comigo por este meio. Mas esse dia foi gostoso para mim. Imagino que para ela também. Combinamos almoçar juntos, por volta das 14h.
Depois de desligar o telefone, fui me preparar para a caminhada matinal que faço todos os dias, religiosamente. Parei, como quase sempre, na praça onde ficam os vendedores ambulantes do lugarejo. Vendem verdura, biscoito, bolinho de feijão e outras guloseimas caseiras. São poucos os que instalam lá suas barraquinhas, nos finais de semana e feriados. Cada um se especializa na venda de um produto, para não gerar confusão.
Ali fico, por uma meia hora, conversando, informando-me sobre os fatos da semana; depois volto caminhando. Nesse dia fiz o de costume: no caminho de volta, vou encontrando amigos e paro um pouco para conversar fiado.
Cheguei em casa, tomei meu café e fui dar uma olhada no jardim. Ali parado, admirando a natureza, pensei comigo: o jardim está muito bonito. Contemplei as buganvílias  estão floridas como nunca estiveram antes  , as quaresmeiras e as roseiras. Todo o terreno está florido e muito lindo. Veio-me à mente o sentimento de que aqui poderá ser um bom lugar para uma convivência prazerosa com minha companheira, daqui por diante; aqui vai ser gostoso envelhecer juntos, pensei.
Fui tomar uma sauna na sede da nossa Associação, e logo voltei. Colhi os frutos maduros  limões, laranjas, etc  , em seguida arrumei as tralhas para voltar para a cidade. Sempre, na hora de voltar vem a dúvida: damos banho em nossa cachorra na casa de campo ou na da cidade? Minha companheira já tem isso definido: na casa de campo, pois assim ela vai tomando vento nas orelhas e evita-se problemas no ouvido. Eu já prefiro dar banho no apartamento, o banheiro é maior e a gente pode ficar sentado em um banquinho ,enquanto lava a cachorra. Atualmente, temos problemas sério de água na casa de campo, e estamos tendo que comprar água, o que fortaleceu minha solução.
Antes de sair, pensei em ligar para avisar que chegaria dentro de uma hora. Meditei e achei melhor não fazer isso, pois poderia vir a discussão sobre onde lavar a cachorra, e, como já estava decidido, tinha arrumado o carro para levá-la suja.
Cheguei em casa e, enquanto minha companheira aprontava o almoço, fui dar banho na cachorra.
Almoçamos, e logo me recolhi para tirar uma justa soneca. Percebi uma cara não muito boa da minha companheira enquanto estávamos almoçando, mas não dei maior importància.
Eis que ela chega no quarto, entra no banheiro e faz o seguinte comentário: é, vamos ter que passar a semana com o banheiro sujo. Eu então digo que achei melhor dar banho na bolinha (este é o nome da cachorra) no apartamento porque estava faltando água na casa de campo, e, inclusive, o caseiro havia me dito que estávamos devendo um caminhão de água, e que ela havia dito a ele que deveria cobrar de mim. Para que fui falar isso? Despejou uma ladainha: que eu no sábado anterior, quando ela conversava com o caseiro sobre a utilização mais racional da água, não dei a mínima importància; que ela achava que eu ficava passando todas as contas para ela; etc., etc.
Me calei e a deixei falar. Eu só escutando. Pensava: que loucura! hoje cedo eu com aquele sentimento gostoso de que poderíamos envelhecer juntos e agora essa avalanche em cima de mim; por que vivi situações tão díspares em um mesmo dia?
Incrível! tenho me pegado todos os dias vivenciando essas situações. Tenho praticado meditação diariamente, e logo que as termino me sinto bem e com boas expectativas para o dia. Se encontro com minha companheira, ainda pela manhã, quase sempre ela reclama alguma coisa. Nem quero aqui fazer comentários, juízo de valor, sobre se ela tem razão ou não de reclamar. O certo é que logo após à reclamação, ou comentário depreciativo, volto a ficar baixo-astral.
Com esse pensamento na cabeça liguei as coisas. Ao falarmos ao telefone pela manhã, a distància fez com que ela não reclamasse de nada, pois na verdade deve ter sentido a minha falta. Quando cheguei, só de ver que a cachorra não estava limpa, já sentiu mal, e deve ter, a partir daí, começado a acumular sentimentos negativos que vieram a ser expressos daquela forma atabalhoada.
A verdade é simples: devemos caminhar juntos pero non mesclados. Essa é uma expressão em espanhol que aprendi com os chilenos, quando lá vivi.
E assim é, e assim será. Terminamos o dia ela trabalhando em seu computador e eu fui comemorar o aniversário de um amigo. Fiquei lá até às 24h. Revi muitos amigos, conversei e dancei bastante. Quando cheguei, ela continuava junto ao computador, e assim ficou até às 5h, conforme me falou no outro dia pela manhã.
Há alguma moral a ser tirada desta história? Moral não sei, mas fica a pergunta: a vida conjugal é inviável, ou nós ao dedicarmos tanto tempo ao trabalho não deixamos espaço para o que há de melhor na vida: a convivência afetiva, calma e tranquila?

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