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Contos-->História urbana do interior -- 16/06/2000 - 11:17 (Eduardo Henrique Américo dos Reis) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
“A magnificência deveria ser conquistada e não imposta ao ser humano...”
Ciclope – X-Men

São ruas feitas de asfalto, sujas pela poeira do vento e pelo sangue derramado nas humildes e fantasiosas histórias desse povo do interior. São ruas simples, pequenas, subidas, ladeiras, cheias de árvores... cheias de pouca iluminação artificial. Nesta cidade de calor intenso, um eterno clima tropical, as noites são claras, sempre enluaradas, poderiam ser belas, mas na verdade trazem o temor à população.
Aqui, cada rua tem sua história. Todos gostariam que fossem histórias felizes como, o casamento de um casal que se ama, o nascimento do filho de uma pessoa de renome ou coisa que o valha. Antes, principalmente nos fins de tarde e noites de Domingo, a praça da cidade ficava lotada de pessoas, jovens paquerando, crianças comendo pipoca, a banda municipal tocando, os adultos sorrindo e tomando sorvete. Hoje em dia, ninguém mais fica por lá. Dizem que a única alma que ousa rondar as ruas da cidade depois das dez horas é um velho, baixinho e muito magro.
As senhoras, janeleiras curiosas, vivem à dizer que o velho passa todas as noites sentado sempre no mesmo banco da praça, sem se mover, sem piscar, sem nada, há não ser um molho de chaves que segura nas mãos. Se mantém com o corpo curvo, os braços entre as pernas, o molho de chaves na mão e o olhar perdido nas imagens à sua frente.
Estas mesmas católicas senhoras falantes, juram de pés juntos diante da Cruz onde Jesus Cristo foi crucificado, que o velho tem culpa quanto ao sumiço de dois casais de adolescentes. A maioria da população da cidade, talvez por receio ou por ignorância, nunca viram o velho, mas acreditam nas línguas venenosas das mulheres, e por isso, evitam ao máximo sair às ruas durante a noite. Mas o fato que realmente traz preocupação aos moradores daquela “pacata” cidadezinha do interior é o desaparecimento daqueles quatro jovens.
Num dia comum, como outro qualquer, dois rapazes, bons amigos, acordaram cedo, encheram suas bolsas com roupas e comida. Pegaram as bicicletas e se encontraram com as meninas lá na praça. Totalmente despreocupados, segundo os próprios parentes dos desaparecidos, foram acampar numa cachoeira à uns dois Km dali. E, depois de seis anos, ainda não voltaram. Na manhã do dia seguinte do desaparecimento, foram encontrados rastos e algumas pegadas marcadas por sangue, próximo aos fundos da Delegacia, de davam direto num bueiro.
As autoridades foram chamadas, curiosos e bisbilhoteiros também estavam lá para ver, mas ninguém teve coragem de levantar a maldita tampa do esgoto. O pai de santo, que se dizia o homem mais corajoso da cidade, pediu licença e se aproximou. Ajoelhou-se, colocou as duas mãos sobre o bueiro, começou a rezar e depois de alguns minutos, afirmou: “Eles já não estão mais aqui! Estão mortos...todos estão mortos e foram levados...”, em seguida desmaiou. Aquela informação foi recebida pelos familiares como um tiro, apesar de muitos afirmarem que o pai de santo era um charlatão.
Os corpos não foram encontrados, não havia nem um vestígio deles na cachoeira. Em menos de uma semana, o Delegado já tinha dado ordem para desistirem da busca. Ninguém conseguia culpar o velho da praça, que só era visto durante as madrugadas.
Mas ele mesmo se culpava e se lamentava pelo sumiço dos jovens. Era um homem frio e muito rígido, nunca conversava com ninguém, não gostava de ninguém, por isso não saia às ruas durante o dia. Seu único parente, uma filha. Da qual sempre duvidou que um dia fugiria para ser feliz ao lado de seu grande amor.

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