Usina de Letras
Usina de Letras
55 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62245 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10450)

Cronicas (22538)

Discursos (3239)

Ensaios - (10372)

Erótico (13571)

Frases (50643)

Humor (20033)

Infantil (5441)

Infanto Juvenil (4770)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140812)

Redação (3308)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6199)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->ASA NEGRA -- 30/07/2002 - 15:14 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Afastei-me da minha tumba logo que a noite caiu. Estava faminto. Tinha sede e precisava conversar com outros vampiros. Fazia frio e a minha capa preta rota deixava passar um ventinho gelado que me arrepiava os pelos. Logo na saída do cemitério, percebí outro orelhudo que me olhava e ria. Não me importei. Era um sujo zombando do mal lavado.
Logo que sobrevoei a segunda árvore copada senti dor na asa esquerda. Teria sido aquela trombada feia com a antena da televisão, da qual me estatelei no solo depois de sugar o sangue do bêbado?
Bem, não poderia ter certeza se não consultasse meu colega, o doutor Guandira. Mas isso só seria possível depois de finados quando o movimento cessava. Por ora tinha que saber onde poderia encontrar aquele pessoal todo que vivia praticando rasantes sobre os aterrorizados portadores do sangue bom.
Estávamos em um tempo difícil. Não se podia sair por aí como antigamente a chupar o sangue de qualquer um. Havia o problema da Aids. Não era fácil não. E depois outra: meu canino direito apresentava sinais de cárie. Eram questões que dificultavam o dia-a-dia dos vampiros-gente-boa como nós.
Voava em círculos concêntricos com raios cada vez maiores. Meu radar natural indicava que um galho comprido, espesso e seco obstaculizaria minha passagem na volta seguinte. Por isso corrigí o rumo ascendendo para um plano mais elevado. Não sei por que cargas d´água, lembrei-me de uma colega de infância, que numa certa ocasião, sentiu-se aborrecida quando percebeu que havia diferença em nossa anatomia sexual.
Eu não saberia dizer se o seu emburramento se devia ao fato de eu ter-lhe mostrado o bimbo ou se era causado por não ter um igual.
Bem, deixando tais questões espirituais para os entendidos, notei que depois de alguns minutos de võo vigoroso, cheguei onde estava aquela turma hematófaga.
A discussão acalorada, tentava encontrar pistas de quem teria sido o ladrão safado que reduziu a níveis insuportáveis as reservas do banco de sangue da cidade.
Iguais às galinhas que se bicavam num jogo de ascendência e submissão, aqueles quirópteros gastavam-se passando o tempo nas lengalengas infrutíferas. Afinal todo o sangue havia sumido. E não havia como e nem quando fazer a restituição.
A dor na asa esquerda sumiu com o calor provocado pelo esforço. Eu não saberia dizer se depois da drenagem vergonhosa do cofre do banco de sangue público, a situação não mais se repetiria.
Afinal, gato escaldado sempre tinha medo da água fria.
Por isso, meu amigo, se aquele vampiro velho, que rouba o sangue, mas faz o chouriço, pedir-lhe compaixão, convém dizer-lhe que perdoar é para Deus.
E que a gente só se arrepende depois que faz. Errar duas vezes pode até ser ingenuamente humano.
Depois, é burrice mesmo.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui