Confesso que procurei exaustivamente na internet por umas três horas informações sobre a campanha publicitária que envolve o programa Prouni, que completou quatro anos em 2008, trazendo ao mercado uma geração de acadêmicos contemplados pelo governo federal com bolsas em centros de ensino superior privados. Não obtive. A intenção era resgatar o nome da personagem principal, uma estudante negra que cursa medicina.
O apelo publicitário buscou a integrante de uma maioria étnica que normalmente não tem condições de freqüentar as escolas superiores particulares e muitas vezes públicas também de medicina.
Sem tirar os méritos de quem bolou toda a peça publicitária, confesso que esperava alguma coisa desde o ano de 2008. Em 2008, precisamente no dia 5 de dezembro, na Faro, instituição de Porto Velho, assisti a colação de grau de alunos de jornalismo, administração, ciências contábeis e pedagogia. Um número significativo dos universitários era composto por bolsistas do Prouni, e pela data coincidir com o início do mês de dezembro, é possível que os alunos rondonienses tenham sido os primeiros formados pelo programa em todo o território nacional.
Outros centros de educação superior com certeza já devem ter promovido as colações de grau dos bolsistas, mas o mote da campanha foi dirigido para a acadêmica que ainda vai concluir o curso.
A crítica de direcionamento da campanha é que os membros da equipe que produziu as peças publicitárias exaustivamente pela mídia parece ter esquecido que existem cursos com duração de quatro anos, entre os quais os de Comunicação Social, Administração, Ciências Contábeis e Pedagogia.
Os egressos destes cursos não competem com a mística do curso de Medicina, cuja tradição nos meios universitários continua liderando as pesquisas e sonhos de milhares de famílias, porém não se pode deixar de lembrar que a sociedade como um todo depende de milhares de trabalhadores e que o governo federal através do Prouni pode oferecer várias nuances aos estudantes de baixa renda.
Seria interessante que os responsáveis pelas estatísticas do Mec verificassem quantos já concluíram o curso superior pelo programa e divulgassem qual foi a primeira faculdade do país a diplomar um bolsista. A história de vida dos estudantes oriundos do Prouni tem duas palavras comuns: dificuldade e resgate. Quem já concluiu o curso pode resgatar. É sobre isso que eu gostaria de ver uma campanha publicitária, não apenas da esperança que se estenderá por todo o ano de 2009.
*Hamilton de Lima e Souza
Coordenador do curso de Comunicação Social da Faro
