Num outro dia eu estava lendo o site A Província on line e deparei-me com a matéria que contava a história da foto aí do lado.(no texto original há uma foto, mas na usina não há possibidade de publicá-la). A piscina em que esse pessoal todo se diverte pertencia ao Colégio Piracicabano e ficava nas proximidades da Avenida Ulhoa Cintra, onde hoje existem dois edifícios enormes.
A foto é de 1940, segundo o jornalista Cecílio Elias Neto, e a turma que se diverte fazia parte, provavelmente do internato do Colégio, que ficava ali na Rua Boa Morte, esquina com a Rangel Pestana.
Mas, numa ocasião, acho que em 1960 ou 1961, ao que me lembro, num domingo à tarde, Antônio Cobra Monteiro, seu irmão Renato Cobra Monteiro e eu, andávamos ao léu por aquelas bandas. Nós tínhamos nove ou dez anos, não mais que isso. Não esperávamos encontrar o que encontraríamos pela frente. Simplesmente andávamos.
As ruas estavam desertas, paradas, ouvia-se o zumbido das moscas no ar e não sei como chegamos ao local, mas me lembro que quando vimos a piscina e, passado o deslumbramento, ouviu-se logo o desafio:
- Quem tem coragem pra pular dentro d´água?
Naquela de um empurrar para o outro a iniciativa, eu tirei a camisa, e transpondo a cerca de madeira pintada com tinta verde, que havia entre a quadra coberta e a piscina, permaneci indeciso entre o saltar ou não. Era uma posição semelhante a que se conhece hoje como “ficar em cima do muro”, compreende?
Enquanto os dois irmãos falavam sem parar, eu olhei para a água verde, serena e, de repente, saltei. Meu amigo, nem te conto. Fui parar lá no fundo. Eu não sabia nadar. Sei que quando senti o chão debaixo dos meus pés, percebi também a falta de ar. Então instintivamente dei um impulso para cima, como se pulasse do chão para um lugar mais alto.
Quando coloquei a cabeça pra fora da água pude respirar, mas as ondas que se formaram com a minha entrada, voltaram e me encobriram o rosto. Que sufoco! Então usando as mãos, os braços e as pernas, fui me movendo até conseguir colocar um dos pés num degrau que havia no canto esquerdo da piscina. Dali eu sai arfante, inspirando os outros dois a saltarem também.
A folia que fizemos era envolta em muito medo, pois tínhamos invadido o lugar e poderíamos ser surpreendidos a qualquer momento pelo zelador. Tivemos sorte e isso não aconteceu. Fomos embora cansados e satisfeitos.
Algum tempo depois, o Colégio abriu a piscina para as pessoas que, mesmo não sendo alunos, pudessem usá-la.
Mas quem quisesse nadar deveria ter carteirinha. Para fazê-la era preciso levar uma foto 3x4, atestado médico e a mensalidade na secretaria do Colégio, que ficava na Rua Boa Morte.
Tardes inesquecíveis aquelas. Depois de um dia inteiro dentro das águas, voltávamos cansados, com a pele ardendo de tanto sol, subindo aquela escadaria íngreme, e comendo o lanche que sempre levávamos: um filãozinho recheado com ovo frito.
Quem tivesse a graça de ter um aparelho de TV ainda poderia assistir, em preto e branco, pela Rede Record, aos shows que apresentavam Roberto, Erasmo Carlos, e muitos outros, durante o programa Jovem Guarda.
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