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Discursos-->Visão de anjos -- 10/12/2001 - 22:18 (Alberto D. P. do Carmo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Estava deitado na floresta mirando o sol, olhando sobre as árvores. Mas não havia nenhuma. Vislumbrava um riacho que lhe sorria. Correu até a água, mas o leito estava seco. Viu o rosto dela e correu a tomá-la pelas mãos. Perguntava-se por que ela nunca estava lá, não compreendia. Ouvia o soar de trombetas, seu mundo inteiro se esfarelava.

Tinha visões de anjos por toda parte, dançando no céu, deixando-o ali, num adeus eterno. Tinha sede, e Damasco havia ficado tão longe. Ninguém jamais o descobriria ali, jamais voltaria.

Pendurava-se nos penhascos como uma aranha, deixava armadilhas em cada caverna. Viu ao longe um lobo em seu covil. Ouvia soar distante o trovar de um deus a lhe contar a história de seus pecados, longe o bastante para lhe furtar a vingança. Ele, um pária, que transgredira limites que jamais lobo algum ultrapassara - o último lugar maldito, onde se escondia a morte.

As verdades que aprendera só lhe mostravam um caminho, onde havia um único cetro e uma coroa de rei. Um uivo querendo sangue, como um cego beirando abismos, varando bosques e tempestades. Caminhava cada passo como um fantasma que tentasse subir aos céus.

Viu aquele deus em florestas de gelo, com longa e afiada cauda, como um velho herói que nada conquistou. Subiu pela trilha íngreme, abriu caminho, e desceu pelo único atalho que havia. Sabia o preço a ser pago pela ousadia.

Cético, barganhou o prêmio mortal. E ouviu o relâmpago dos deuses a clamar: - Ímpio, filho do Grande Demônio, o traidor que buscamos! Ouve as leis, elas dizem que somente o rei pode ver a multidão dos deuses. E tu, usurpador, deves morrer!

Ele rangia os dentes, sangrava os pés. Em vão tentou juntar os rebanhos. Logo viu as montanhas tingirem-se de vermelho. A multidão estava presa, para jamais escapar.

Viu surgirem louros de vitória em sua cabeça, voltou para a tribo, e descansou em tormentosa paz. Comeu algumas tâmaras, tomou vinho, deitou e sonhou.

Sentiu o céu vermelho que habitava seus pesadelos. Mas os únicos olhos que viam não lhe pertenciam, vinham de uma paz entre as montanhas. A noite chegava e lhe arrebatava o orgulho, tornava em sorrisos que saiam dos corpos daqueles que aguardavam para ser salvos. Esperava, até que chegasse o tempo de tudo lavar.

Via a lua, a única forma amiga que lhe mostrava o caminho de volta, para longe da luz. Trazia a faca que lhe ornaria a cabeça. Teria finalmente um lar, e ainda haveria tempo.

Estava ali, esperando por longas eras, e sabia que esperaria para sempre, diante de um espelho silencioso.

Queria beber, vertendo a poeira do ar pela garganta...

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