Cantarei sim,
com a licença dos leitores,
com o perdão dos autores
eu cantarei.
Mesmo sem o consentimento
do céu eu cantarei,
mesmo que todas as estrelas
fujam com o sol e a lua
eu cantarei as coisas pequenas.
Cantarei o fogo e as formigas,
o sol e a árvore que me abriga
das tempestades da vida.
Cantarei o que existe e o que só há de existir
nos meus sonhos.
Cantarei o sonho e a realidade,
pois quem sabe
não é a verdade uma metáfora do sonho?
Cantarei mudo,
cantarei surdo
o canto dos pássaros.
A vida, o tempo que transcorre,
a areia que escorre
da mão para o chão
onde os pés tentam se firmar
eu cantarei.
Com o entusiasmo de quem brinca
de bola no jardim dos outros,
eu cantarei.
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