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Artigos-->As peladas, as escolinhas de futebol e o Futsal - Parte I -- 19/02/2009 - 12:22 (Carlos Claudinei Talli) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
As peladas, as escolinhas de futebol e o Futsal - Parte I

Carlos Claudinei Talli



Com o crescimento das grandes cidades e a valorização dos terrenos urbanos, os chamados ‘campos de pelada’ praticamente desapareceram.



Com isso, o lazer predileto da parte mais pobre da população, o futebol, está cada vez mais difícil de ser praticado.



Para os mais abastados existem clubes sociais onde esse esporte pode ser jogado com mais facilidade. Porém, nesses locais existe um fator complicador, aliás, o mesmo que ocorre nas já tradicionais ‘escolinhas de futebol’: as crianças, desde os primeiros passos na arte de jogar futebol, são orientadas por professores de educação física contratados com o intuito de mostrar aos pais que o dinheiro das mensalidades está sendo bem utilizado. Mas esses profissionais, na maioria das vezes, não têm o preparo necessário para ensinar futebol, ou porque nunca o praticaram, ou porque, num clube social, a seleção dos melhores acarretaria melindres nos pais, os sócios que realmente pagam o custo dessa atividade. Em resumo, como diria o brincalhão e irreverente Vampeta, os professores fingem que ensinam, e os pais fingem que seus filhos estão aprendendo.



Nas escolinhas de futebol esse processo é ainda mais prejudicial, pois, apesar das aulas serem ministradas muitas vezes por pessoas que têm ou tiveram afinidade técnica com esse esporte, geralmente ex-jogadores profissionais, o único objetivo, por ser exclusivamente um negócio, é o lucro máximo. Quanto mais alunos freqüentarem a escolinha, mais lucrativa ela se tornará.



Como conseqüência, também nesse caso os melindres são evitados para não se perder a fonte de renda que é a base do sucesso desses empreendimentos. Ninguém vai falar para um pai, na maioria das vezes apaixonado por futebol e desejoso que seu filho se torne o que ele não conseguiu ser, ou seja, um jogador profissional, que o seu rebento não tem a mínima condição de se tornar um bom jogador, simplesmente porque não nasceu com o dom natural. Aqui, também, a necessária seleção dos melhores fica prejudicada.



Além disso, nas escolinhas, um fato ainda muito mais grave acontece. Para a minoria das crianças que realmente teriam potencial para se tornar grandes jogadores, os ‘professores’ passam a incutir em suas cabeças, desde os 6 ou 7 anos de idade, táticas mirabolantes que inibem totalmente a criatividade que o dom natural faria florescer. Pouco tempo depois, eles se tornam robotizados e passam a repetir mecanicamente o que aprenderam. Possíveis excelentes meias armadores, por exemplo, são dessa maneira induzidos a se tornar jogadores medíocres, simplesmente porque a sua potencialidade não foi desenvolvida.



Nas peladas que aconteciam nos campos de várzea de antigamente, a seleção dos melhores era feita de uma forma automática: os que tivessem mais técnica - e fazer esse diagnóstico, para qualquer conhecedor de futebol, era só ‘bater o olho’ – eram escolhidos para o primeiro time, e os demais iam para o segundão. Assim, ‘a seleção natural de Darwin’ acontecia sem melindres, e ninguém ficava ofendido.



Aliás, o futebol é, talvez entre todos os esportes, o único em que os privilégios de raça, cor, estratificação social, religião, altura, peso, etc., etc. deixam de existir. Todas as pessoas ao praticá-lo se igualam, e o único fator de diferenciação é a qualidade técnica que cada uma possui. E essa é essencialmente genética; é dom natural.



E por ser natural, não existe escolinha de futebol que consiga ensiná-lo. O que ela pode fazer, e o faz com uma perfeição impressionante, é suprimir totalmente aquela fase que todo garoto deveria viver, romanticamente chamada, a do ‘peladeiro’. Esse procedimento das tais escolinhas, para o futebol, deveria ser classificado como um ‘crime hediondo’, pois o fere de morte, tirando-lhe a essência, que é a habilidade e a criatividade que apenas o peladeiro consegue desenvolver. Somente a partir dos 14 ou 15 anos a parte tática deveria começar a ser introduzida.



O jogador fora de série é aquele que alcançou um equilíbrio perfeito entre as qualidades do peladeiro, que sempre vão existir no seu íntimo mais profundo, e a tática que aprendeu na fase seguinte. Se ele continuar apenas um peladeiro, a vida toda, tornar-se-á um jogador individualista e passará a prejudicar o todo, pois o futebol é um jogo coletivo. Por isso, a partir de um determinado momento de sua carreira, ele deverá colocar a sua qualidade individual em benefício do grupo. O craque é aquele que fez essa alquimia na medida certa.



A conclusão desse artigo se dará amanhã.







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