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Erotico-->A Cascata dos Amores -- 30/10/2002 - 17:32 (cumpadri) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Tantas horas me alegro lembrando tristezas passadas, pois recordo a forma como as suplantei e como cada vitória gloriosa, que tive sobre cada um desses entes atrozes, me fortaleceu e engrandeceu o espírito, tornado-me assim uma pessoa mais: capaz e alegre, logo mais feliz. Contrariamente, por vezes entristeço ao avivar em mim alegrias do passado. Pode parecer estranho ou contraditório, mas é verdade! Entristeço, no momento em que ganho consciência de que há alegrias passadas que nunca mais vou poder sentir e viver pelo menos da mesma forma e com a mesma intensidade com que o fiz em tempos idos. Por exemplo: nunca mais os sentimentos e as vivências inerentes à primeira paixão e todos os sonhos que a ela estão subjacentes voltarão a passear no meu presente...


Recordo também agora um passeio por uma mata encantada. Em dias anteriores, aquela mata na altura vestida de cores primaveris, já me tinha presenteado com horas de inenarrável beleza. Mas, nesse dia, aquele baú maioritariamente arbustivo gentilmente protegia de outros olhares com o intuito de oferecer exclusivamente aos meus olhos uma maravilhosa surpresa. Eu vagabundeava, pelas alamedas sinuosas da mata, alegre, despreocupadamente e sem procurar muito mais do que as virtudes já conhecidas daquele mundo de sonho. Como era habitual, os meus paços dirigiam-me quase hipnoticamente para o som doce e fresco de uma cascata, que se situava mesmo no centro daquele ente que me inundava, quase de forma sufocante, de encanto e beleza. À medida que me ia aproximando da água que suave e alegremente saltitava, uma sensação estranha foi tomando conta de mim, estranha, não porque fosse boa ou má, simplesmente era diferente de todas as que já ali tinha experimentado. Mas quando me aproximei o suficiente da zona mais fresca daquela já por si fresca mata a sensação definiu-se como tendo: um sabor doce, mas de uma doçura como nunca tinha provado..., um refulgir, que os meus olhos nunca tinham tido a possibilidade de admirar..., uma melodia tão harmoniosa, que nunca, através dos meus ouvidos, tinha chegado à minha alma semelhante perfeição..., um cheiro tão agradavelmente irresistível, que nunca tinha seguido outra coisa qualquer com tão pouca resistência... Se naturalmente já caminhava um tanto ou quando hipnoticamente para aquela água em queda, naquele dia voei cegamente...
Ao chegar lá, não sei se por medo, vergonha, ou quem sabe se simplesmente por não estar preparado para desfrutar aquele quadro maravilhoso pintado na natureza, mas não só pela natureza, senti-me sufocar. O meu coração, talvez por ainda ser demasiado jovem e fraco, parou, a minha temperatura baixou, a respiração tornou-se quase estertorosa... Para não perecer ali, usando todas as forças que ainda me restavam, fugi para o sitio mais afastado que consegui. Quando parei, não sabia muito bem o que havia sentido nem o que se tinha passado, mas continha em mim a certeza de que no dia seguinte voltaria lá à mesma hora, na esperança de descobrir definitivamente o segredo daquela cascata.


Na manhã do dia seguinte, encontrei-me ansioso e confuso. Ansioso pelo chegar da hora de me encaminhar para a cascata familiar. Confuso, porque estava confuso!... Sentia-me impelido, por uma força superior à minha, a dirigir os meus passos para aquela cascata que já não sentia familiar, mas, sim, mais desconhecida que outra qualquer coisa que nunca me tivesse sido apresentada, formalmente ou não. Ao mesmo tempo, um temor parecia tentar desviar-me daquele sitio. Mesmo conscientemente não tinha qualquer certeza em relação a empreender ou não aquela viagem que podia não ter retorno!... Tinha medo de ir e de não ir!... Se fosse até à agua do meu desalinho o que encontraria lá, se não a visitasse o que deixaria... Aliás, o que perderia? Mas, como não poderia ser de outra forma, chegada a hora de voar até lá, foi o que fiz.


Para surpresa minha quanto mais me aproximava do reconditório que mais se adequava às finalidades: esconder e permitir observar com precisão, mais as minhas pernas pareciam pesar, a caixa que encerrava o meu coração mais diminuía... Decidi escolher um lugar onde me esconder mais afastado do que o que tinha em mente inicialmente, só que a densa flora não me permitia vislumbrar o desejado de forma satisfatória. Com grande esforço ocupei o espaço que inicialmente estava no plano.


Depois de incomodamente me instalar, era a única maneira possível, admirei, boquiaberto, aquele quadro magnífico. A sua beleza era infinita, o seu cheiro deliciosamente irresistível, o seu brilho quase insuportável para os meus olhos,... Nunca antes tinha estado perto e, talvez, nem longe... É claro, simplesmente nunca tinha estado de forma alguma em contacto com tamanha perfeição. A posição incomoda já o não era, era a melhor de todas em que me tinha posto, só por me permitir sentir o que sentia na altura! Mas como o que nos enche de felicidade tem tendência a findar, o meu coração voltou a trair-me, a minha respiração recomeçou a ser estertorosa e assim vi-me novamente obrigado a apartar-me daquele sitio... Só que desta vez ainda mais tristemente, porque tinha consciência do que lá deixava e não levava qualquer tipo de esperança.


Com o nascer do dia seguinte renasceram as minhas: alegria e esperança, tendem agora por mãe a certeza de voltar àquela zona fresca, encantada, acolhedora e, por vezes, uma das maiores perfeições existentes à face da Terra. Na estrada que tinha de percorrer para chegar ao meu luxuoso e acolhedor reconditório voltei a deparar-me com os mesmo escolhos do dia anterior, mas ultrapassei-os com maior facilidade. Apesar de me ter deleitado durante mais tempo com aquele quadro maravilhoso, travei conhecimento novamente com a arte da fuga devido às mesma causas.
De dia para dia conseguia aguentar mais tempo, mas chegava sempre aquela altura indesejada e indecorosa em que fugia como um qualquer bandido vulgar. Mas no último dia, em que aquele quadro se pintou para mim, consegui assistir desde a altura dos preparativos até à conclusão da obra-prima...


Com que saudades recordo esse último dia e todos os outros... Cheguei cedo e sem me cruzar com qualquer obstáculo, abalei tarde, por que o meu coração já se tinha habituado... Esse dia foi memorável, frequentemente o recordo. Depois desse dia voltei àquele reconditório tantas vezes, só que sempre em vão... Não entristecia nem chorava, recordava-me dos dias felizes que ali tinha passado e tomava consciência da sorte que tinha tido por os ter vivido e saber aprecia-los.
Num ápice a Primavera foi-se, assim como o verão e veio o inverno com os seus frios e chuvas, as quais tornavam todos os caminhos quase intransitáveis, devido à lama. Apesar dessa dificuldade adicional, numa tarde de algum sol, dirigi-me novamente à cascata, sentei-me numa pedra que não distava muito do meu antigo reconditório, o qual já não existia, visto que a flora, de natureza às vezes egoísta, tinha-mo roubado para si. Fechei os olhos e vi... Sim, voltei a ver a água, alegremente, apressada a descer para: passear euforicamente pela floresta encantada que formavam os cabelos daquela linda mulher, com mãos suaves correr as pálpebras que eram as janelas da alma que pertencia àquele corpo feminino e esbelto, com toques ligeiros sentir a suavidade da pele daquela obra primorosa de Deus e, finalmente, amortecida pela pouca obliquidade dos pézinhos daquela deusa da beleza, embater não violentamente e com risos de felicidade na frescura das pedras duras do rio. Que lindo era aquilo tudo! Aquele corpo belo de mulher e a água pareciam fundir-se num só ente de beleza infinita... É verdade! Admito!, neste preciso momento, uma lágrima escapa-se-me... Não sei se é devida a felicidade, ou tristeza, ou saudade... Talvez seja composta dessas três coisas e muitas mais!


Deste essa tarde de inverno ensolarada só em pensamento voltei àquela cascata...
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