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Artigos-->Assim começou Pelé! - Parte I -- 28/02/2009 - 16:10 (Carlos Claudinei Talli) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Um leitor muito gentil, o Ricardinho, pelo fato de eu me referir muitas vezes ao Rei Pelé nos meus textos, me enviou um exemplar da antiga revista ‘A Gazeta Esportiva Ilustrada’, primeira quinzena de Junho de 1960, com uma reportagem deliciosa sobre o início de sua carreira. É um verdadeiro ‘manjar dos deuses’ para quem o viu jogar, e uma oportunidade rara para os jovens que não o conheceram. É interessante de se notar, também, o jeito peculiar como se escrevia sobre futebol naqueles tempos. Com todos esses ingredientes, eu não poderia privá-los de uma jóia preciosa como essa. Vou transcrevê-la na íntegra, em duas partes, para deleite de todos nós.



Carlos Claudinei Talli



‘Assim começou Pelé!’ – Parte I



“Tudo tem um começo, inclusive a carreira de Pelé. Hoje, ele é conhecido no mundo inteiro. Há menos de quatro anos não o era. Vejamos como, onde e quando Pelé fez as suas primeiras aparições.



No início, entre os santistas, depois na seleção, o garotão de Três Corações fez uma carreira rapidíssima, deixando, desde os primeiros dias, as melhores impressões. Apareceu com destaque nos jornais logo que veio para a Vila Belmiro. Queria ser como Ipojucan, da Portuguesa. Falavam que era meia armador, mas... melhor do que nós as palavras escritas na época dão aos leitores o sabor gostoso que as curiosidades nelas existentes encerram.



Na edição do dia 6 de setembro de 1956, na primeira página de ‘A Gazeta Esportiva’, via-se uma reportagem com o título: ‘Pelé – Uma esperança do Santos F. C.’. Ei-la, em seus trechos mais interessantes:



‘Santos, 5 (Dep. ‘A Gazeta Esportiva’) – Pelé é o jovem atacante do Santos que, muito cedo ainda, começa a travar contacto com a fama e a glória. Trata-se de um garoto de apenas 16 anos, cujo nome já é conhecido em toda a cidade de Santos e mesmo fora dela. Edson Arantes do Nascimento (esse é o nome completo de Pelé) chegou há pouco mais de um mês aqui, trazido pelo famoso craque do passado, Waldemar de Brito. Foi uma sensação a presença de Pelé na Vila Belmiro. Posto a treinar contra os “cobras” e atuando ao lado de outros, não se intimidou nem se impressionou. Locomoveu-se à vontade, como se fora um elemento veterano, acostumado àquelas e outras emoções. Agradou a apresentação de Pelé, tanto que assinou um compromisso com o Santos, logo após o exercício. Contribuiu também para isso a recomendação que Waldemar de Brito fez de seu jovem pupilo. Waldemar, que vinha dirigindo Pelé, apontou-o aos dirigentes do Santos como uma radiosa promessa, destacando as boas qualidades de que é possuidor. O fato é que Pelé, no próprio dia da sua chegada, ficou preso por um compromisso ao campeão paulista, que muito espera dele.



A reportagem de A GAZETA ESPORTIVA esteve presente à primeira prova de fogo de Pelé. Foi no dia 20 do mês passado, quando a representação de amadores do Santos jogou com o Clube Recreativo Vasco da Gama, um dos ‘galos’ do certame da Liga de Futebol Amador de Santos. A Vila Belmiro apanhou uma assistência fora do comum para jogos dessa categoria e, sem dúvida, foi o Pelé o responsável pela presença de tanta gente.



Pelé, embora não fizesse uma exibição que se possa considerar excepcional, foi muito bem nesse primeiro teste. Apesar do físico avantajado e da violência de alguns elementos do ‘Vasquinho’, os amadores do Santos dominaram amplamente e venceram por goleada: 6 a 2! Coube a Pelé a autoria de dois desses tentos, o primeiro dos quais de muito boa marca. Contribuiu ainda para a marcação de dois outros gols. Revelou o garoto grande consciência de jogo, passando e arrematando com precisão. Para uma estréia, não há dúvida que foi boa a conduta de Pelé. Todos os que compareceram a Vila Belmiro ficaram favoravelmente impressionados com o jogo do jovem meia direita. Pedimos a impressão do diretor do Departamento Profissional do Santos, sr. Antonio G. dos Santos, que não se fez de rogado para elogiar as qualidades de Pelé. Disse-nos que era preciso vê-lo treinar ao lado de Jair, Pagão e outros. E, quando lhe perguntamos se o menino os acompanhava, respondeu: ‘Se acompanha! Às vezes, ele é que é acompanhado...’



O jovem Pelé falou conosco antes e depois do jogo, dando alguns detalhes da sua curta carreira e dizendo das suas esperanças para o futuro. Pelé somente no mês de outubro completará 17 anos. Em Santos, presentemente, tem dois objetivos que espera conciliar: jogar futebol e estudar. Uma das cláusulas do compromisso firmado, aliás, estipula que o Santos custeará os estudos do garoto, no ginásio, desde que já concluiu em Bauru o curso primário. Pelé nasceu em Três Corações (Minas Gerais), mas passou a maior parte da sua vida em Bauru.



Na grande cidade da Noroeste, Pelé começou a jogar no juvenil do Bangu Atlético Clube, conhecido como ‘Baquinho’. Passou mais tarde, a ser orientado por Waldemar de Brito, que depositava (e agora ainda mais) grandes esperanças no futuro do seu pupilo. Indagamos de Pelé qual a sua posição preferida, tendo ele respondido que é a meia direita. Tem características de armador de jogo, mas não perde nenhuma ocasião de atirar, como aliás pudemos constatar. Em Bauru, viu jogar muitos craques e, aqui em Santos, não tem perdido jogo algum do seu clube. Lá, segundo nos disse, impressionou-se muito com Vasconcelos. Perguntamos a Pelé qual dos craques do Santos mais o impressionava, tendo ele respondido que é precisamente o titular da sua posição no quadro principal, Álvaro. Entretanto, o jogador das preferências de Pelé é Ipojucan. De fato, quando lhe perguntamos como quem gostaria de jogar, respondeu prontamente: ‘Desejaria ser como Ipojucan’.



Pelé garantiu ao representante de A GAZETA ESPORTIVA que não se descuidará dos estudos e, ao mesmo tempo, procurará se aprimorar como futebolista. Aliás, o curso ginasial que pretende seguir vai depender, em boa parte, do seu êxito como futebolista. E, revelando positiva confiança em suas qualidades, Edson Arantes do Nascimento terminou a sua palestra afirmando que espera ser muito útil ao Santos, correspondendo ao que dele se espera e retribuindo o que já recebeu do ‘campeão da técnica e da disciplina’”.



Na continuação deste artigo, saberemos como foram as estréias de Pelé nos profissionais do Santos e na Seleção Brasileira.



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