“Isto é muito bonito na teoria, mas na prática não funciona”...Este é um jargão, ou pior, uma frase feita muito comum entre as pessoas. Por conta da crença desta premissa muitos justificam a sua inércia em mergulhar nos estudos acadêmicos e terminam, às vezes, por desprezar conquistas científicas que levaram anos e anos para se confirmarem e se tornarem bases para muitas outras descobertas.
Analisemos um pouco melhor a falácia que representa este jargão. Em primeiro lugar se algo é teoria, é porque foi prática antes. Uma teoria é uma abstração posterior a uma ação ou a uma experiência. Primeiro se verifica a “verdade”do pressuposto e depois se teoriza. Portanto, a primeira aberração reside aí. Como se pode dizer que “na prática não funciona, se antes já funcionou? A segunda inverdade é que não parece possível alguém agir, na prática , sem um mínimo de “teorização “mental. Quando se parte para fazer algo, por mais automático que seja, usa-se uma premissa, um plano mental qualquer. Geralmente se usa o próprio senso comum, que a é a “teoria” mas habitual das pessoas.
O que acontece na realidade é que nem sempre as teorias são suficientemente entendidas e, o que é pior, são aplicadas de maneira incompleta ou desvirtuadas. Em ciências humanas, é óbvio que não se pode garantir resultados exatos, mas quando se age sem uma fundamentação científica mínima os resultados podem ser os menos esperados possíveis. A teoria sem lógica é louca, mas a prática sem um veio consciente e fundamentado é cega.
Num mundo que gira a kilômetros luz , os riscos que se corre de agir sem raciocínio lógico, científico e fundamentado são implacáveis. Para muitas coisas pode não se ter segundas chances. A intuição natural do homem é importante, necessária e até indispensável, mas não deve ser suficiente. Entre a intuição e o senso comum deve navegar a ciência, a responsabilidade racional. Na falta disto, pode permear a emoção apaixonada, que orientada apenas pelas sensações a flor da pele, ditam atitudes cegas e, geralmente, inconseqüentes.
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