Usina de Letras
Usina de Letras
24 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62275 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10451)

Cronicas (22539)

Discursos (3239)

Ensaios - (10382)

Erótico (13574)

Frases (50664)

Humor (20039)

Infantil (5454)

Infanto Juvenil (4778)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140817)

Redação (3309)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6206)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->Tolerância zero! -- 03/03/2009 - 09:50 (Carlos Claudinei Talli) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Tolerância zero!

Carlos Claudinei Talli



Temos observado ultimamente, tanto no Brasil como na Europa, um comportamento recorrente das torcidas de futebol. Passam da idolatria à malhação como que num passe de mágica. Ao mesmo tempo em que, com uma facilidade incrível, criam ídolos – e os reverenciam como verdadeiros deuses -, destroem-nos com uma rapidez ainda mais voraz.



Exemplos não faltam para atestar o que acima afirmamos.



No Brasil, antes desta boa fase atual, o clube onde isso mais ocorria era sem dúvida o São Paulo. As vítimas mais recentes e mais ilustres foram Kaká, Ricardinho e Luis Fabiano. Vocês se lembram? Nos outros clubes o mesmo acontece, com uma freqüência assustadora.



Na Europa, não é diferente. Há alguns anos, no Real Madri, Roberto Carlos, um dos jogadores mais vitoriosos dos últimos tempos no futebol mundial, passou a sofrer com o destempero da torcida merengue. Vaiado do início ao fim dos jogos, durante alguns meses comeu o pão que o diabo amassou.



Mais recentemente, após dar inúmeras alegrias aos torcedores do Barcelona entre 2005 e 2008, quando se tornou por dois anos consecutivos o melhor jogador do mundo, o nosso Ronaldinho Gaúcho também passou por poucas e boas. Juntamente com o também excelente meia-armador Deco teve que trocar de clube, pois a ira da torcida catalã só fazia aumentar. Desse modo, percebemos que essa conduta hostil não é privilégio de nenhum país do mundo, tornando-se mesmo o ponto comum de todas as torcidas no futebol contemporâneo.



Agora, perguntamos: qual a causa para semelhante comportamento?



Um bom começo para tentarmos responder a essa pergunta é percebermos que ele coincide com a globalização do futebol - a expansão do chamado ‘marketing esportivo global’ -, que induz ao consumo do esporte como se ele fosse um bem indispensável à qualidade de vida das pessoas, provocando uma identificação quase doentia entre o fã e o ídolo.



Se um grande jogador atravessa uma boa fase em sua carreira, ele é assediado pela indústria da publicidade e a sua imagem é usada até a exaustão. Sua vida particular é virada ao avesso e mostrada pela mídia de uma maneira escancarada, inclusive os deslizes que, para um cidadão normal, passariam despercebidos. As cifras astronômicas que recebe passam a forrar as páginas dos jornais e os noticiários esportivos na televisão. Enquanto ele continuar no auge, o imaginário popular o endeusa, e camisas, bonés e outros objetos que lembram o ídolo são comprados e usados de uma maneira acintosa. Esquece-se até mesmo das agruras da vida moderna assumindo-se a personalidade do ídolo. E a indústria do marketing esportivo fatura somas fabulosas com tudo isso.



No entanto, é só a maré mudar, o craque entrar numa péssima fase, o clube do coração começar a fazer água e/ou o maior rival entrar numa fase de conquistas, e o castelo construído na areia se desmorona com uma facilidade incrível. Então, as altas somas percebidas se transformam rapidamente num obstáculo intransponível entre o ex-ídolo e o ex-fã. Comparações extemporâneas começam a ser projetadas na mente do ex-fã:



‘Como esse cara, que não estudou, que veio do nada, que só sabe fazer isso, que faz exatamente o que todo mundo gostaria de fazer, pode ganhar essa fábula de dinheiro, e eu, aqui, nessa miséria danada, ralando como um condenado? Esse cara é um mercenário; só pensa em dinheiro e não liga pro clube; ele que vá pra...! Eu quero é que ele se...!’.



E daí pra frente, o ex-fã vai ao estádio de futebol para por pra fora o seu ex-amor, agora transformado em ódio virulento. E o ex-ídolo se torna o maior vilão na vida daquele insatisfeito torcedor. Tudo de errado que acontece passa a ser culpa daquele sacripanta desnaturado.



Aí, está na hora do ex-ídolo ser vendido, mudar de ares e continuar a carreira numa outra freguesia.



E a roda do futebol é reinventada, e muita gente se enriquece com ela.



Percebe-se claramente que o futebol nos tempos atuais se transformou – como alguns outros esportes, as drogas, o álcool e também o consumismo exacerbado - num dos últimos apoios da auto-estima da humanidade insatisfeita.





Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui