O ESPANTALHO QUE CANTA PARA O VENTO
Cantando sempre animado
para assustar passarinho,
numa forquilha apoiado,
mas canta entoadinho.
Araras e periquitos
Têm medo de aproximar,
Pois se o fizer ouvem gritos
É o espantalho a cantar.
O espantalho está ciente
De sua obrigação,
Por isso é exigente,
Não dorme em serviço não.
De longe se ouve a cantiga
Com o repetido refrão,
e o espantalho se obriga
a cantá-la à exaustão.
“Aqui passo dia e noite,
O vento é minha companhia,
Tolero bem seu açoite,
O vento é minha alegria.”
“Antiga é minha função,
Do homem eu defendo o pão”.
“Ele me leva o chapéu,
Mas depois o traz de volta,
Leva-me perto do céu,
Mas da minha mão não solta.”
“Antiga é minha função,
Do homem eu defendo o pão”.
E assim vai passando o tempo,
os dias se repetindo
e o Espantalho do Vento,
sua tarefa vai cumprindo.