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cronicas-->PAPO DE LOUCA -- 27/05/2000 - 10:09 (Sérgio Eduardo Sakall) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Papo de velório é sempre igual, parece que alguns têm alegria de contar os sofrimentos. Assim como agente reencontra certas pessoas que só nessas horas se vê. Era final de tarde dum Domingo. Apesar de estarmos sentados longe de todo o resto, eu estava próximo de duas senhoras centenárias de 98 e 99 anos cada, que são tias distantes da minha mãe. Por causa disso, dava prá ouvir tudo o que elas falavam... A dona Quitéria que era a mias falante delas, disse para a dona Berenice então:
Coitadinha, ela era tão jovem e cheia de vida ainda... Acho que pegou a tal da doença na época em que ainda estava viva. Não fosse a dita, o motivo da sua morte estaria até hoje escondido. Eu ouvi dizer de um novo remédio que cura e traz esperança para todos aqueles que morrem disso a cada ano... Você chegou a tocar nela? A falecida está mais gelada do que parada. Disseram que ficou morta no chão da cozinha durante alguns instantes. Também que sentiu uma dor tão grande na barriga que quase perdeu a cabeça. Pudera, a coitada já de anos vinha sofrendo... Você se lembra de 25 anos atrás quando ela foi internada num hospital psiquiátrico? Foi horrível. Imagine só, nem doente da cabeça ela era. Só depois de muito tempo é que descobriram o lugar. Ela deve ter sofrido como uma cachorra louca mesmo, pois eu soube que nem comia direito, muito menos tinha horário de visitas e até que todos os doentes corriam por lá como loucos infernando a vida que ela já não tinha. Bem, antes assim. Melhor morrer de doença do que ser estrangulada a golpes de facão por algum louco do hospital. Pior seria se ela fosse morta pelo seu assassino. Mas, para quem veio do nada, ela era muito fiel às suas origens, você não acha? Toda confusão sobre a sua doença me fez lembrar dum surdo-mudo que foi meu vizinho durante 8 anos. Ele foi morto por um mal-entendido. Nossa! Você viu como estão bonitas aquelas sete coroas de flores? Lembram a de espinhos de Cristo. Olhe só aquela maior! É uma obra de arte, passa toda a fria tristeza presente. Foram os filhos que compraram. Conheço o pessoal da floricultura, inclusive o homem que a fez. Ele é caprichoso, pois sempre faz isto com um calor que não é dele. Por falar em seus filhos - o Maurício e a Patrícia, que nunca se deram muito bem, olhe lá! Neste momento, parecem ser duas mãos do mesmo braço. Coitados. Sabe, desde a época em que enterrei o meu pai neste cemitério havia problemas com a água corrente. Depois de algum tempo, ela foi instalada para satisfação de todos... Ai Berenice! Vamos! O cortejo já está saindo.
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