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Artigos-->A PRIMEIRA MISSÃO -- 16/03/2009 - 10:09 (RÔMULO OLIVEIRA MEDEIROS) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




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A PRIMEIRA MISSÃO



Sexta-feira de calor intenso no Rio de Janeiro. O expediente estava para terminar. Agora sim ! O toque de corneta avisa que podemos sair. Antes porém, tomar banho, trocar de roupa, ler o boletim interno. Eu era tenente de um batalhão de infantaria na Vila Militar. Havia assumido o cargo de médico da Formação Sanitária naquela semana.

Sei que o senso de responsabilidade não me deixa relaxar completamente, isso é próprio de minha personalidade, ele irá me acompanhar por toda a vida.

No Exército, parece que as missões espinhosas são distribuídas de surpresa e para os novatos, desses, os menos graduados têm preferência. O infante acredita que “o homem é imune ao tempo”,podendo se adaptar rapidamente a qualquer missão. Nesse caso dá-se aos novos a oportunidade de agregar experiência de campo. Acredito que foi exatamente por isso que me designaram para representar o comandante em uma determinada atividade militar marcada para o próximo domingo, na Brigada Paraquedista Tomei conhecimento lendo o boletim interno.O interessante é que ninguém me avisou nada... Se eu não tivesse lido...Bem isso é outra estória. Solicitei orientação do meu chefe e de colegas mais experientes. Indaguei dos sargentos da seção como melhor proceder nesses casos. Fui para casa levando o convite da Brigada que me foi entregue por um major infante. Nele a designação escrita à mão pelo meu comandante. Não havia dúvida nenhuma. Meu domingo, ou seja, o meu fim de semana estava tomado ! Ao chegar no apartamento que morava no Catete (recém casados) falei com a Cecília do “programa”. Ela me deu a maior força. Jantei, vi a tv de 14 polegadas preto e branco e transformei o sofá da sala em cama de casal. Antes de dormir, mais uma lida no convite. Tratava-se de uma festividade militar em que os soldados daquela Unidade estariam se formando ou se “brevetando”. Contavam com a presença dos seus familiares e de autoridades civis, militares e eclesiásticas. Conferi a data/hora e o uniforme que deveria usar. Apesar de estar um pouco ansioso, consegui dormir. Estava cansado das atividades da semana,quando me designaram para acampar no Gericinó !

Acordei cedo para um sábado ensolarado. Eu estava menos ansioso,mas...resolvi preparar com bastante antecedência a farda que usaria no dia seguinte. Engraxei os sapatos. Separei tudo que iria usar. Verifiquei os pneus,a água e a gasolina do carro. Tudo bem. Com tudo isso, o sábado me pareceu custar a passar. Ele não me pertencia. Não fiz nenhum programa e fui dormir cedo.

Finalmente o domingo tão esperado chegou! Apavorado, acordei antes do despertador (gesto que me acompanharia para toda a vida castrense). Ainda estava escuro,tomei o café da manhã. Desci e peguei o “fusquinha 75”que estava estacionado na garagem subterrânea do prédio. Percebi que o dia seria ensolarado. Estava muito quente, apesar do horário matutino. Ainda bem, melhor do que chuva! Pensamentos que tentavam “adoçar” aquele domingo. No caminho vou me questionando se está tudo certo. Deveria me apresentar ao Comandante assim que chegasse,prestar a continência regulamentar, dizendo o meu posto,nome unidade que servia e a quem estava representando. Deveria também pedir desculpas pelo oficial representado e dizer o porquê de sua ausência. Meu comandante estava viajando em outra missão. Bem, isso foi o que me disseram para falar! Todas essas idéias passavam em minha mente enquanto dirigia de Laranjeiras à Vila Militar. Apresentava-me em voz alta por diversas vezes, como treinamento. Na minha frente um caminhão carregado de caixotes de madeira passa por um buraco e um deles cai na minha frente ! Não deu tempo para desviar, passei por cima do caixote. Parei no acostamento e verifiquei os danos. Felizmente não atingiu os pneus ou a lataria. Tudo bem. Prossegui a viagem.

Cheguei ao tal quartel. A banda já estava ensaiando os seus acordes.Ouvia-se toque de corneta. Muita gente à paisana, civis naturalmente. A tropa já estava em forma em um grande pátio. Adentrei à Brigada passando por um portão que julgava ser o principal. Ali a continência de costume. Até aqui tudo bem ! Entrei de carro e segui numa alameda asfaltada e comprida, que terminava numa colina. Mais ou menos no meio do percurso vejo uma tropa que se desloca à pé em sentido contrário ao meu. Todos cantam alguma canção militar, em seguida e sob comando, todos iniciam a contar: Um,dois,três,quatro....Quatro, três, dois,um !... Se aproxima de mim! A estrada era estreita. Apavorado,nervoso,sei lá, decidi desviar o carro para a direita, e colocá-lo em cima da grama contígua a alameda. Quando terminei a manobra me encontrava dentro do carro, fardado e com as rodas suspensas. O gramado que me parecia estar na mesma altura do piso onde estava, ficava em outro nível, bem mais baixo ! O carro ficou preso por duas rodas esquerdas. Foi quando o comandante daquela tropa gritou: Altoooo ! Quatro comigo !Fazendo um gesto com a mão direita onde se via os seus quatro dedos para o alto ! Dois soldados mais fortes,verdadeiros “armários” pegaram o carro de um lado e outros dois do outro, suspenderam-no e o deslocaram ou melhor nos colocaram na grama ! Que situação ! Em seguida o oficial veio falar comigo e me apontou o local em que eu deveria me dirigir. Resolvi deixar o carro ali mesmo e seguir a pé, pois me parecia estar perto, embora não tenha avistado nenhuma viatura naquela área.Andei muito. Fardado,ansioso com a hora que passava rapidamente e naturalmente suado !

Ouvi outra vez toque de corneta...Meu Deus vai começar ! Corro até uma colina. Não havia nenhuma solenidade lá !Mais uma vez a providência divina me favorece (Deus protege os inocentes,no dizer de um colega meu)e me faz encontrar um oficial conhecido que, após ouvir o relato do meu drama, me explicou que eu estava completamente errado, aquela era uma outra unidade,e que deveria me dirigir ao quartel ao lado!

Passos apressados, suor, coração acelerado! Cheguei ! Todos cantavam o hino nacional. Entrei meio que de lado,no palanque onde estava o comandante. Não consegui chegar até ele. Depois do desfile da tropa e de toda solenidade, foi servido o coquetel no salão principal onde eu aproveitei a ocasião para me apresentar ao comandante...Ele não me deixou terminar de falar, perguntando-me alguma coisa sobre futebol e o que eu havia achado da solenidade, ao que pronto falei: Tudo perfeito chefe !Semelhante as festividades que o REI (Regimento Escola de Infantaria,onde servia) promove. Sob o comando do coronel....tal,que não pode vir por estar em outra missão... Pronto falei ! Diz ele: Há já sei, ele me telefonou ....

A tarefa foi cumprida! Que sufoco ! Essa foi a minha primeira missão!



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