ABSOLUTO
Deus existe?
Hideraldo Montenegro
Nesta altura da vida, este questionamento nos parece tolo e inútil. Contudo, ele é determinante em relação às nossas posturas, às nossas ações.
Mas, será que científica e/ou filosoficamente podemos chegar a alguma conclusão definitiva a respeito desta questão?
Primeiro, precisamos refletir que “Deus” estamos questionando.
Sabemos que este assunto está recheado de superstições e é por esta razão que pessoas questionadoras, com espírito filosófico e científico repudiam de imediato qualquer reflexão séria a respeito deste tema.
Contudo, abandonado a mera crendice, filosoficamente, por exemplo, podemos refletir de forma lógica e isenta de superstições e fazermos deduções no mínimo curiosas e convincentes.
Óbvio que nada neste campo pode ser definitivo, pois, sempre se tratará de uma vivência pessoal e, portanto, nenhuma conclusão pode ser imposta. Afinal, trata-se de deduções (tanto no sentido negativo quanto positivo à resposta). É evidente que qualquer resposta sobre este assunto será completamente pessoal e intransferível, porém, podemos obter dados que podem contribuir para a reflexão das mentes abertas.
Antes de falarmos do absoluto precisamos pensar sobre o relativo. Por questões óbvias temos muitas dificuldades em pensarmos o absoluto, afinal, tudo que vivenciamos está sujeito à relatividade. Nada do que nos defrontamos na vida material é permanente. A partir desta dedução podemos concluir de imediato que a priori não existe o absoluto. Porém, esta é uma conclusão simplista, apressada.
Quem melhor falou sobre a relatividade foi o grande gênio Albert Einstein. Na verdade, só a partir do tempo e espaço é que podemos pensar e constatar a manifestação da relatividade.
No entanto, a primeira conclusão óbvia que podemos fazer do relativo é que se ele existe é porque existe um absoluto, caso contrário, o relativo seria absoluto e, portanto, não seria relativo. Não se trata de um mero jogo de palavras. A lógica é exata: só existe o relativo se houver o absoluto.
Ora, seguindo o raciocínio dialético de Platão, onde a existência de algo necessariamente também impõe a existência do seu oposto. Assim, o absoluto tem que existir já que inquestionavelmente existe o relativo (o tempo e o espaço). Se existe a matéria tem que existir o imaterial, o abstrato. Vivemos num universo onde prevalece o dualismo. Por que então haveria de existir alguma exceção?
Ora, se o relativo é o efeito do tempo e espaço (ou seja, o tempo e espaço se manifestam relativamente), então, a dedução lógica é que o absoluto é aquilo que está além do tempo e espaço, ou seja, da matéria. Aqui já estamos do campo abstrato, metafísico. Contudo, este assunto desperta muito ceticismo. Muitos já o eliminam de imediato por confundir que ele deságua simplesmente no território da mera superstição, pois, inevitavelmente vai cair no universo da espiritualidade. Mas, esquecem o grande marco do pensamento moderno, grande mestre da metafísica e da lógica: René Descartes. Descartes trouxe à metafísica a lógica ao seu extremo. Com Descartes foi sepultado o obscurantismo religioso que prevalecia até então.
As religiões orientais, principalmente o budismo, incorporam em sua filosofia ou têm como base e premissa o pressuposto da existência do absoluto.
Seja como for, científica e filosoficamente não podemos negar a sua existência. Ora, ao admiti-la precisamos, então, repensar as conseqüências que esta existência tem em nossas vidas.
O relativo é produto (no tempo e espaço) do absoluto? O visível é fruto do invisível, como disse Platão?
Quais Leis este absoluto impõem? Como devemos nos postar e agir a partir desta conclusão? Estamos falando aqui de uma Mente Universal, Deus? Que Deus, ou Absoluto estamos admitindo? Este Absoluto elimina as Leis Universais abrindo as portas para todas as superstições ou, ao contrário, confirma inevitavelmente estas Leis ajudando a eliminar as superstições?
O fato é que podemos afirmar: o absoluto existe!
E, este fato muda tudo completamente, inclusive as religiões como meio de se chegar à verdade, pois, afinal elas estão condicionadas pelas heranças culturais limitantes e dogmáticas. Por outro lado, podemos concluir também o fim do materialismo.
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