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Artigos-->Economia Brasileira - Abril de 2008 -- 27/03/2009 - 07:56 (edson pereira bueno leal) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
ECONOMIA BRASILEIRA ABRIL DE 2008



Edson Pereira Bueno Leal , março de 2009 .



AQUECIMENTO DA ECONOMIA



A maioria dos analistas considera que a economia brasileira no início de 2008 está superaquecida . Todavia , análise da LCA Consultores Associados chega a conclusão exatamente contrário, a de que a economia está em processo de desaceleração , o que deverá contribuir para a redução dos riscos de descumprimento das metas de inflação, tornando portanto desnecessária elevação dos juros pelo Banco Central .

Pelas contas da consultoria , o PIB no primeiro trimestre de 2008 cresceu entre zero e 0,5% , em relação ao quarto trimestre de 2007 e 5% em relação ao primeiro trimestre de 2007 . O estudo tomou como base , entre outros indicadores , a evolução da produção de automóveis , consumo de energia , fluxo pedagiado de veículos e agregado monetário M1 .

Como muitas empresas fazem um balanço de faturamento trimestral , a analise cuidadosa destes números , associada à expansão do consumo das famílias deve nortear o BC para calibrar a política monetária com precisão , evitando uma eventual elevação desnecessária dos juros . ( F S P , 14.04.2008 , p. B-1) .

Estudo do IPEA , feito por Miguel Bruno , Salvador Vianna e André Modenesi afirma “ Uma contração monetária seria um tremendo banho de água fria no espírito empresarial , o que poderia reduzir drasticamente a sustentabilidade do atual ciclo de crescimento . Ainda que uma elevação da Selic não interrompa os investimentos já em curso , ela certamente inibiria novos investimentos . Aí sim , a expansão da demanda poderia comprometer a estabilidade dos preços “. ( F S P , 15.04.2008 ,p. B_4) .

Na mesma linha , o FMI em seu “Panorama da Economia Mundial” , divulgado em abril de 2008 , afirma “ até certo ponto , a boa performance recente abriu espaço para ação, embora dentro de limites . A primeira linha defensiva contra resultados negativos deve ser a política monetária , particularmente em países como Brasil, Chile , Colômbia e México , onde o sistema de metas de inflação ganhou credibilidade e tem sido bem sucedido para ancorar as expectativas de preços . “ Mas “ o espaço para reduzir juros e manter o crescimento pode acabar comprometido em alguns países , para “trazer a inflação para os limites da meta” . Em outras palavras o Fundo sugere que o Banco Central tenha cuidado para não exagerar na dose dos juros por medo da inflação e acabar comprometendo o crescimento econômico do país em 2008 . ( F S p , 10.04.2008 , p. B-3) .





A FORTE ELEVAÇÃO DA SELIC EM ABRIL



Em 16 de abril de 2008 o Banco Central elevou em 0,5 ponto percentual os juros básicos da economia, fixando a taxa Selic em 11,75% ao ano . A medida surpreendeu o mercado pois havia uma expectativa de elevação de 0,25 ponto percentual .

A última alta da Selic havia ocorrido em maio de 2005 em um conjunto de elevações que durou nove meses e a Selic chegou a 19,75% .

Segundo a ata “ a decisão de realizar , de imediato , parte relevante do movimento da taxa básica de juros irá contribuir para a diminuição tempestiva do risco que se configura para o cenário inflacionário e, como conseqüência , para reduzir a magnitude do ajuste total a ser implementado “.

A elevação deve ter um impacto inicial de cerca de R$ 295 milhões na dívida pública , nas próximas seis semanas até 4 de junho quando haverá nova reunião do Copom .

A decisão é altamente questionável . Como assinala Paulo Nogueira Batista Júnior , “ o aumento da inflação é um fenômeno que vem ocorrendo em escala mundial e que está associado , principalmente , á alta de preços de alimentos e energia .” A inflação nos EUA e na área do Euro está em alta . Entre as economias emergentes apenas Coréia do Sul e México apresentam inflação inferior à brasileira . Ele assinala ainda que a inflação brasileira está bem comportada pois as projeções do FMI indicam inflação de 4,8% para o Brasil em 2008 e a meta é de 4,5% porém com intervalo de tolerância de 2 pontos para cima e para baixo , portanto o teto é 6,5% e a projeção está próxima do centro da meta. ( F S P , 17.04.2008, p. B-2 ) .

Na crítica de Cesar Benjamin , “ao contrário de nosso Banco Central , os comitês do Federal Reserve são abertos à participação de diversos setores . A instituição, como um todo, é obrigada por lei a perseguir simultaneamente três objetivos – utilização plena da capacidade produtiva instalada , pleno emprego da força de trabalho e estabilidade de preços – e, não apenas um . Também ao contrário do que ocorre aqui , o Fed alimenta as contas do tesouro norte-americano quando elas ficam negativas , de modo a garantir a execução do Orçamento da União . Regula a liquidez operando no ‘open market’ , vendendo títulos para recolher moeda , comprando títulos para injetar moeda , sempre de forma complementar à ação do tesouro , órgão encarregado da execução orçamentária . Atua para apoiar , e não para desmoralizar , o processo decisório que ocorre no Congresso e na Presidência .” Para ele , no caso do Banco Central brasileiro “ criou-se assim uma instituição fechada , opaca , guardiã de interesses rentistas , permanentemente contracionista , inimiga do crescimento e socialmente irresponsável . A qualquer pretexto, impunentemente , puxa o gatilho dos juros e ataca os suspeitos de sempre , misteriosas ameaças de inflação . “ ( F S P , 19.04.2008 , p. B-2).

Também segundo Yoshiaki Nakano o filme é conhecido “ interrompe-se o ciclo de recuperação e aprecia-se o câmbio . Com isso o déficit em transações correntes que já vinha aumentando fortemente , deverá se acelerar explosivamente . Num futuro próximo , que os especuladores internacionais definirão , ou queimamos as reservas cambiais , ou elevamos mais a taxa de juros ou o real passará a se depreciar , provocando nova onda inflacionária , dessa vez verdadeira .” ( F S P , 20.04.2008 , p. B-4) .

Poderiam ter sido tomadas decisões de restrição ao crédito ao consumidor , como a redução do prazo de determinadas modalidades de crédito como o financiamento de veículos que já chega a inacreditáveis 100 meses , prazo compatível com a compra de imóveis e não de veículos e estas medidas teria efeito de contenção da demanda , sem reflexo na taxa de juros .

Portanto a decisão apresenta diversos aspectos negativos pois foi tomada face a tentativa de conter a alta da inflação que decorre principalmente de fatores externos que fogem ao controle da política econômica e portanto a decisão terá efeito nulo em relação a estes fatores , encarece o custo da dívida pública pela elevação dos juros que já são os mais altos do mundo . No mesmo dia da elevação da Selic o dólar chegou ao seu menor valor em quase 9 anos , desde maio de 1999 , cotação de R$ 1,664 , o que vai estimular mais ainda as importações e desestimular as exportações , podendo comprometer definitivamente o saldo comercial de 2008 , gerando problemas sérios de déficit no balanço de pagamentos . ( F S P, 17.04.2008 , p. B-3) .

A perspectiva de elevação da Selic ao longo de 2008 levou várias consultorias a revisar para baixo a previsão de expansão do PIB para 2009 de 4,5% para até 3,0% .

O Banco Central está em disputa com a Fazenda , pressionando no sentido de que a TJLP – Taxa de Juros de Longo Prazo , que é usada como referência para os empréstimos do BNDES, que foi mantida em 6,25% em julho de 2008 pelo CMN seja aumentada .

Para a autoridade monetária , trata-se de um descasamento na política monetária . De um lado o BC sinaliza que o crédito ficará mais caro, e de outro , o BNDES , correndo na direção oposta .

A Selic tem influência sobre 70% do total do crédito disponível no país , que está na faixa de R$ 1 trilhão . Os 30% restantes , são os chamados créditos direcionados , cujos juros são fixados por outros instrumentos como a TJLP .

O total de empréstimos do BNDES na economia soma R$ 170 bilhões , praticamente dois terços dos R$ 300 bilhões . Portanto , a TJLP incide sobre 17% do crédito total na economia

Para o presidente do BNDES Luciano Coutinho “ subir a TJLP agora , num momento em que a inflação ainda não se elevou muito , é não só prematura , como poderia ser entendido como uma demonstração de falta de confiança na capacidade do próprio governo de manutenção do controle da inflação no médio e logo prazos “. ( F S P , 8.7.2008 , p. B-3 ) .

O Ipea , em estudo divulgado em agosto critica a política econômica de altos juros . O diretor de estudos macroeconômicos João Sicsú , sugere uma estratégia de desenvolvimento que inclua uma taxa de juros “ em patamar semelhante ao da norte-americana “, um câmbio desvalorizado a partir de intervenções do Banco Central e uma política fiscal , “com o objetivo de manter o pleno emprego” .

O orçamento deveria ser equilibrado , embora em momentos de baixo crescimento , o país pudesse gastar além de suas receitas para estimular a economia . Com uma taxa de juros em nível baixo, o país evitará a entrada de capital especulativo e reduzirá o custo de o Banco Central manter dólares em sua carteira . Com isso seria possível estimular a industrialização do país por meio de uma taxa de câmbio desvalorizada . ( F S P , 16.08.2008 , p. B-4) .



SUPERÁVIT NOMINAL EM ABRIL



De janeiro a abril o superávit chegou a R$ 48,034 bilhões, cerca de 5,31% do PIB . Em abril a economia foi de R$ 18,7 bilhões , menor do que a de abril de 2007 que foi de R$ 23,5 bilhões .

O aumento do superávit explica pelo aumento na arrecadação de impostos , 16,5% maior do que no mesmo período de 2007 . Porém os dados são atípicos e não devem se manter no mesmo nível até o final do ano . ( F s P , 28.05.2008 , p. B-7) .

Com a arrecadação fiscal recorde , o governo conseguiu gerar um superávit nominal de 0,76% do PIB , ou seja , após pagar todas as despesas , incluindo os juros da dívida pública , União , Estados e Municípios fizeram uma economia de R$ 6,8 bilhões , melhor resultado da história . O resultado só não foi melhor porque as estatais federais tiveram déficit em abril , para surpresa dos especialistas e que bem demonstra como o governo não deve se meter nesta área pois no setor privado as empresas estão com seus lucros cada vez maiores .

Se não fosse pela depreciação cambial de 3,54% em abril, o superávit primário teria sido R$ 9,1 bilhões maior ou a dívida líquida teria caído 0,3 ponto . No ano de 2008 , o câmbio pelo fato das grandes reservas cambiais , já teve impacto negativo no superávit primário de R$ 8,4 bilhões .

Em 12 meses o superávit primário do setor público soma 4,23% do PIB e o resultado nominal do período é deficitário em 1,9% do PIB em razão do peso dos juros da dívida . ( F S P , 29.05.2008 , p. B-3) .

INDÚSTRIA JANEIRO ABRIL



A produção industrial se acomodou em abril , crescendo 0,2% na comparação livre de efeitos sazonais com março , quando a expansão havia sido de 0,6% , segundo dados do IBGE . Na comparação com abril de 2007 , o incremento foi de 10,1% , o maior desde outubro de 2007 ( 10,6%) . De janeiro a abril de 2008 a produção industrial subiu 7,3% , puxada pelo desempenho de bens duráveis ( alta de 15,9%) e de bens de capital ( 20,5%) ( F s P , 4.6.2008 , p. B-5) .

Sondagem da Indústria da Transformação feita pela FGV aponta que em maio de 2008 , 95% dos industriais pretendem ampliar seus investimentos para atender ao aumento da demanda interna . ´R o maior índice desde 1998 . ( F S P , 19.06.2008 , p. B-4) .

De janeiro a abril, a produção subiu 10,6% em São Paulo , a quarta maior taxa regional, atrás de Espírito Santo ( 16,3%), Goiás (11,3%) e Pernambuco ( 11,2% ) .( F S P , 6.6.2008, p. B-3) .



VENDA DE AUTOMÓVEIS – ABRIL



Segundo números da Fenabrave – Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores , foram licenciados em abril de 2008 248.945 automóveis e comerciais leves , como picapes e vans , o melhor mês de vendas da história . De janeiro a abril de 2008 foram vendidos 866.463 veículos , alta de 35,6% em relação ao mesmo período de 2007 . ( F S P , 3.5.2008 , p. B-14) .

A produção de veículos em abril registrou novo recorde segundo dados da ANFAVEA . As vendas e as exportações também tiveram bom desempenho no mês . Foram fabricados 330,6 mil veículos em abril , alta de 34,4% na comparação com o mesmo período de 2007, e de 6,2% em relação a março de 2008 . No acumulado de 2008 a produção alcançou 1,09 milhão de unidades , alta de 23,5% em comparação com o mesmo período de 2007 .

Em valores as exportações de veículos de janeiro a abril somaram US$ 4,527 bilhões , alta de 16,3% em relação ao mesmo intervalo de 2007 . Já as importações somaram 112.000 unidades , alta de 65,2% na comparação com o mesmo período de 2007 confirmando o forte aquecimento da demanda .

As montadoras chegaram a 125.873 trabalhadores em abril, um acréscimo de 1,4% sobre março de 2008 e de 15,2% sobre abril de 2007. Apenas em abril de 2008 foram abertas 1.718 vagas . ( F S P, 10.05.2008 , p. B-10) .

Embora a notícia em termos econômicos seja positiva , aspectos negativos tendem a se acentuar . O congestionamento nas grandes cidades , como São Paulo pelo aumento demasiado de veículos poderá levar a uma situação de caos total que está próxima e o aumento de veículo agrava a poluição do meio ambiente .



INDÚSTRIA DE BENS DE CAPITAL



Segundo dados do IBGE e do BNDES a produção de bens de capital subiu 1,6% em abril de 2008 em relação a março e 30,1% em relação a abril de 2007 . É o melhor desempenho desde agosto de 2004 . Tal expansão é sustentada , em parte, pelo crédito do BNDES, principal financiador de projetos de longo prazo e de máquinas e equipamentos do país . De janeiro a abril de 2008 , os empréstimos do banco estatal subiram 34,6% e totalizaram R$ 6,9 bilhões.

Em maio dados preliminares indicam que os financiamentos de máquinas e equipamentos foram 47% superiores ao mesmo mês de 2007 , alcançando R$ 2,5 bilhões , contra R$ 1,7 bilhão em abril .

O crescimento abrange praticamente todos os setores : agricultura ( alta de 39,3% de janeiro a abril ), indústria ( 41%) e infra-estrutura ( 35,6%), este último setor concentra a maior parte dos financiamentos à aquisição de máquinas e equipamentos, cerca de R$ 3,9 bilhões . O crescimento da indústria de bens de capital é altamente positivo para a economia do país pois significa que os empresários estão investindo fortemente no aumento da produção . ( F S P, 8.6.2008 , p. B-19) .



COMÉRCIO E AUMENTO DA INFLAÇÃO



A inflação dos alimentos já afeta o comércio . Em abril , a expansão no volume de vendas foi de 0,2% , na comparação livre de efeitos sazonais com março , quando a alta em março havia sido de 1,5% . Em relação a abril de 2007 houve significativa expansão, de 8,7% , também menor do que a de março de 11% .

Segundo o IBGE , o desempenho foi influenciado negativamente pelo setor de supermercados , alimentos e bebidas . A alta dos preços já indica que o consumidor está procurando produtos mais baratos para fugir dos efeitos da inflação . Um sinal deste efeito é que o volume de vendas de super e hiper mercados cresceu 0,5% em relação a março , mas a receita nominal caiu 6,4% . Ou seja, a quantidade cresceu , mas com a venda de itens de menor valor . ( F S P , 18.06.2008 , p. B-1) .



EMPREGO JANEIRO ABRIL



De janeiro a abril de 2008 foram gerados 259,5 mil empregos formais “líquidos” ( diferença entre o total de admissões e desligamentos ) nas seis principais regiões metropolitanas do país – São Paulo, Rio, Belo Horizonte , Salvador, Recife e Porto Alegre .

Trata-se de uma expansão de 32,4% em relação ao primeiro quadrimestre de 2007 – quando foram abertas 196 mil vagas , com alta também expressiva de 23% , segundo dados do Caged ( Cadastro geral de Empregados e Desempregados ) , com elaboração da LCA Consultores .

É o melhor desempenho desde 2.000 quando houve alta de 30% . Na média nacional a expansão do emprego formal foi de 21% ante os primeiros quatro meses de 2007 , com geração de 849 mil empregos . De janeiro a abril de 2007 , o incremento havia sido um pouco maior , de 23% .

A indústria ,depois de uma década , volta a empregar com vigor . De janeiro a abril de 2008 gerou 41,6 mil postos de trabalho nas metrópoles , alta de 56% ante igual período de 2007 .Na média nacional o incremento foi de 6,9% , aumento de 229 mil empregos.

O setor da construção civil teve uma evolução impressionante , de 122,1% nas metrópoles e 101,5% na média nacional .

Em números absolutos , o setor de serviços foi o campeão da criação de empregos : 336,4 mil no primeiro quadrimestre de 2008 , alta de 24,2% . Desse total, 42,7% foram vagas abertas nas seis maiores regiões metropolitanas do país . Na atividade de hotelaria , alimentação , turismo foram gerados 81,3 mil vagas no Brasil, sendo 39,1 mil nas seis maiores metrópoles.

O emprego formal na indústria de material de transporte aumentou 25% nas metrópoles e 17,9% em todo o país . O setor de metalurgia e mecânica teve expansão de 82,9 % nas metrópoles e 57,6% em todo o Brasil. ( F S P , 2.6.2008 , p. B-1) .



POUPANÇA EM ABRIL



Em abril de 2008 , conforme dados do Banco Central , o saldo de aplicações em poupança ficou negativo em R$ 1,848 bilhão , o que não acontecia desde agosto de 2006 . No final de abril o saldo total da caderneta estava em R$ 242 bilhões , com captação ainda positiva no acumulado do ano em R$ 1,809 bilhão , mas 64% menor do que o valor registrado nos primeiros quatro meses de 2007.

Esta alteração pode indicar uma movimentação de recursos em busca de oportunidades mais rentáveis como o CDB e os fundos de renda fixa, mas também a retirada de recursos para cobrir dívidas face aos gastos elevados de fim de ano , confirmando as expectativas de forte aquecimento da demanda . ( F S P , 9.5.2008 , p. B-17) .



GRAU DE INVESTIMENTO



Na América Latina o México, Chile e Colômbia já tem grau de investimento .

Em abril de 2008 o Peru passou a fazer parte deste seleto grupo . O Peru conseguiu reduzir sua dívida para 28% do PIB e os juros estão em 5,25% . O PIB peruano soma US$ 220 bilhões , aproximadamente um oitavo do PIB brasileiro que é de US$ 1,8 trilhão . ( F S P , 3.4.2008 , p. B-8 ) .

O Brasil está se aproximando da obtenção do grau de investimento . A crise da economia americana teve o efeito de adiar esta obtenção para o final de 2008 ou início de 2009 .

Para a obtenção do grau de investimento existem diversos indicadores econômicos que devem ser alcançados e o Brasil ainda não atingiu a todos eles .

O país tem uma dívida líquida em relação ao PIB de 43% , que deve baixar para 40% . A corrente de comércio em relação ao PIB que é de 21% deve ser acima de 40% e os títulos pré-fixados da dívida mobiliária devem ser mais de 40% do total e estão em 32% .

A relação de reservas internacionais e dívida externa deve ser acima de 40% e no Brasil já é de 95% e a relação dívida externa e exportações deve ser abaixo de 1,5 e já é de 1,23 . ( Exame , 13.02.2008 , p. 37) .



Grau de Investimento:



Com surpresa e antecedência , em 30.04.2008, a agência Standard & Poor’s concedeu o grau de investimento para a dívida brasileira. O anúncio , significa a elevação da nota brasileira da dívida de longo prazo em moeda estrangeira, a mais significativa , de BB+ para BBB- , ou seja do primeiro grau da escala especulativa para o último grau da escala de investimento que tem um total de dez níveis .

Foi um crescimento gradativo : dez 94 – B , julho 95 B+ , abril 97 BB- , janeiro 99 B+ , janeiro 2001 BB- , julho 2002 B+ , setembro 2004 BB-, fevereiro 2006 BB , maio 2007 BB+ , abril 2008 BBB-

A dívida de longo prazo em moeda local avançou para BBB+, a dívida de curto prazo em moeda estrangeira para AAA e a dívida de curto prazo em moeda local para AA .

A S&P é a maior agência de classificação de risco , e existem outras duas agências que também fazem esta classificação e nas quais o Brasil ainda não está no grau de investimento: a Moody’s Investors Service (Ba1) e Ficht Ratings ( BB+). Nestas duas agências o Brasil está a uma nota do grau de investimento.

A concessão do grau de investimento ocorre em um momento em que a credibilidade das agências de risco foi seriamente afetada . No caso dos EUA , que estão no primeiro nível AAA , as agências certificaram enormes volumes de créditos duvidosos derivados das chamadas hipotecas de alto risco ( “ subprime” ) ,levando os investidores a aplicarem seus recursos e perderam muito dinheiro por causa desta avaliação errônea .

Por sua vez, como assinala o economista Fábio Akira , da JP Morgan, a maior parte das economias emergentes fez o dever de casa e conseguiu melhorar seus indicadores econômicos com políticas consideradas responsáveis pelo mercado financeiro e por isso viraram uma classe de ativos mais homogênea a os ratings perderam parte de sua importância . ( F S P , 1.5.2008 , p. B-4) .

Já possuem grau de investimento países como África do Sul , Botsuana , Bulgária, Chipre , Croácia , Estônia , Cazaquistão , Romênia . São 67 países em um total de 117 nações avaliadas .

Na América Latina o México, Chile e Colômbia já tem grau de investimento .Em abril de 2008 o Peru passou a fazer parte deste seleto grupo . O Peru conseguiu reduzir sua dívida para 28% do PIB e os juros estão em 5,25% . O PIB peruano soma US$ 220 bilhões , aproximadamente um oitavo do PIB brasileiro que é de US$ 1,8 trilhão . ( F S P , 3.4.2008 , p. B-8 ) .

Conforme assinala Alexandre Schwartsman não deve ser diminuído o mérito da conquista , resultado “ da persistência , ao longo de dez anos, de uma política econômica coerente , baseada no tripé responsabilidade fiscal , câmbio flutuante e metas de inflação ... Porém , “trata-se tão somente de uma avaliação acerca da probabilidade de que o país pague aquilo que devem e nesse aspecto , a melhora da economia brasileira é visível e dois fatores merecem especial atenção . Em primeiro lugar , a política econômica atual é vista como sustentável, ou seja, capaz de ser mantida , porque , além de implicar estabilidade , mostrou-se coerente com a retomada de um ritmo de crescimento mais forte , desmentindo os críticos que viam na busca da estabilidade o abandono do crescimento . Em segundo lugar, a promoção foi obtida em meio a séria crise internacional mostrando que os esforços pela melhora da capacidade de resistência da economia a choques ( como a acumulação de reservas internacionais ) valeram a pena .” ( F S P , 2.5.2008 , p. B-3) .

Com a classificação , os títulos brasileiros passam a ter um “selo de qualidade” , indicando aos investidores que o país é um destino seguro para o dinheiro , pois tem condições de honrar as suas dívidas .

As 3 agências de classificação avaliam cerca de 200 empresas brasileiras , das quais 24 tem grau de investimento em moeda estrangeira . No grupo Votorantim , a chancela do grau de investimento é responsável pela economia de R$ 160 milhões por ano em taxas de juros mais baixas .



EFEITO PRÁTICO DA CONCESSÃO DO GRAU DE INVESTIMENTO



Aumento do investimento estrangeiro



Muitos grandes fundos de investimento tem regras que impedem a destinação de recursos a países que não possuem o grau de investimento . Portanto poderá haver um aumento da entrada de recursos para investimento proveniente destes fundos . Porém para muitos fundos é preciso que duas agências de rating classifiquem o Brasil como “investment grade” , o que ainda não ocorreu .

Conforme o economista Paulo Leme da Goldman Sachs , a reclassificação da nota atribuída ao Brasil é um reconhecimento do trabalho feito pelo governo nos últimos anos , que se refletiu em uma enorme capacidade do país de resistir à recente turbulência internacional . Porém , tal decisão não deve se traduzir em ganhos a curto prazo porque , os investidores e analistas já incluíam a melhoria econômica verificada no Brasil nos cálculos dos rendimentos esperados e na alocação de recursos para o país . Portanto “ não haverá um boom de recursos para o Brasil, porque eles já estavam vindo nos últimos anos “. Ou seja, o Brasil , mesmo antes de ter o selo , já era considerado como “investment grade “ , daí o forte ingresso de investimentos diretos e de recursos na Bolsa de Valores . ( F S P , 1.5.2008 , p. B-4) .

Confirmando esta situação o Calpers ( Califórnia Public Employees Retirement System não vai aumentar suas aplicações no Brasil por que desde 2005 segundo Clark McKinley, porta-voz do fundo “ nós investimos em opções como renda fixa em países que estão um nível abaixo do grau de investimento como era o caso do Brasil ... Nós já tínhamos o Brasil como um mercado importante . “ O Calpers , que pertence aos trabalhadores aposentados da Califórnia e é o maior fundo de pensão dos EUA , concentra no Brasil , US$ 1 bilhão , dos US$ 245 bilhões que investe em todo o mundo “. ( F S P , 2.5.2008 , p. B-3) ,

A Revista Exame ouviu 20 dos 65 maiores fundos de pensão do mundo e quatro dos 15 maiores fundos soberanos e nenhum deles tinha qualquer empecilho para aplicar no Brasil antes da concessão da nota e apenas um ,o fundo soberano Alaska Corporation , disse que pretende aumentar seus investimentos , ( Exame, 21.05.2008 , p. 124) .

Porém o volume de recursos no mercado internacional é muito grande . Os fundos de pensão europeus e americanos dispõe de US$ 10 trilhões em recursos .Segundo a consultoria americana Watson Wuatt , os fundos de pensão estrangeiros aplicam hoje cerca de 40 bilhões de dólares no Brasil e esse montante pode quintuplicar nos próximos anos . ( Veja, 7.5.2008 , p. 59) .



Bolsa de Valores



Com o anúncio da concessão do grau de investimento a Bolsa de Valores de São Paulo que estava em 65.016 pontos passou a subir e chegou a 70.000 pontos , não pelo ingresso de capital estrangeiro , mas pela animação dos investidores nacionais .Em abril , entraram mais de R$ 6 bilhões de capital externo na bolsa , o melhor resultado mensal da história , o portanto não deve haver muita expansão neste setor , até por que as empresas listadas em Bolsa no Brasil, segundo Octavio Barros do Bradesco, já estão mais caras do que as mexicanas . ( F S P , 4.5.2008 , p. B-4) . O risco país caiu para 197 pontos, seu nível mais baixo desde novembro de 2007 .

A concessão do grau de investimento deve fazer com que voltem a crescer as aberturas de capital , as chamadas IPOs . Em 2007 ocorreram 63 IPOs e o capital externo ficou com 75% do volume ofertado. Em 2008 até o final de abril tinha ocorrido apenas três IPOs e este número deve voltar a crescer.



Redução dos Juros



Uma semana após a classificação como grau de investimento , o Brasil conseguiu emitir US$ 500 milhões em títulos da dívida pública no mercado financeiro dos EUA e da Europa , pagando juros de 5,299% , a menor taxa já paga por um papel brasileiro .

Em abril de 2007 títulos semelhantes , Global 2017, haviam sido vendidos com juros de 5,888% . O papel brasileiro está pagando1,4 ponto percentual ( ou 140 pontos base) , a mais do que os bônus equivalentes emitidos pelo governo dos EUA , considerados de risco zero , o que serve de base para cálculo do risco-país . ( F S P, 8.5.2008 , p. B-1) .

Este portanto é um efeitos imediatos do grau de investimento, a redução do custo de financiamento de capital do setor público e do setor privado a médio prazo no mercado internacional .Deve haver também maior ingresso de capital estrangeiro no Brasil.

Para o economista Carlos Langoni , o PIB poderá avançar até 1,5% mais rápido , sem causar inflação . O governo também terá a possibilidade de se financiar tomando dinheiro emprestado a juros mais baixos , o que reduzirá o custo da dívida . ( Veja, 7.5.2008 , p. 59) .

Em países emergentes que receberam o grau de investimento a taxa real de juro caiu em média , pela metade nos dois anos seguintes . Foi assim , na Índia , onde a taxa passou de 3,6% para 1,7% ao ano entre 2004 e 2006 . No Brasil espera-se que a queda seja mais lenta , no mínimo deve levar de 3 a 4 anos .



Cotação do Dólar



Levantamento feito junto à índia , Rússia , México e Coréia do Sul ,mostra que as moedas desses países se valorizaram nos 24 meses que antecederam a classificação como “investment grade “ e continuaram se apreciando nos dois anos seguintes .

A Coréia recebeu o selo em janeiro de 1999 e a moeda se recuperou e avançou mais de 47% em relação ao pior momento . Na Rússia ocorreu apreciação de 24% antes de outubro de 2003 , quando recebeu o selo e chegou a 20% nos dois anos seguintes à conquista da nota . Na Índia houve valorização de 12% antes da reclassificação , em janeiro de 2004 , e apreciação de mais 5% nos meses seguintes .

Um dos temores que estão relacionados ao grau de investimento seria a ocorrência de uma enxurrada de dólares que poderia derrubar mais ainda a cotação do dólar , comprometendo definitivamente as exportações brasileiras. O real já se apreciou em 38% desde o final de 2004 , portanto o espaço para novas apreciações parece pequeno . ( F S P , 2.5.2008 , p. B-3) .

O dólar em 8 de maio de 2008 já havia voltado ao patamar anterior ao anúncio da Standard & Poor’s, em R $ 1,694 . Um os fatores é o temor de que o governo adote medidas para conter de forma direta ou indireta a desvalorização da taxa cambial que já teve um decréscimo de 16,3% nos últimos 12 meses e uma certa “frustração” , com a “enxurrada de dólares” que não aconteceu . ( F S P , 9.5.2008 , p. B-10) .

Com a contínua entrada de dólares a cotação do dólar chegou a R$ 1,642 em 16 de maio , a menor cotação desde 20 de janeiro de 1999 , período em que o governo adotou a livre flutuação da moeda .

Embora o dólar esteja muito depreciado , reverter esta tendência na situação de aquecimento da inflação torna-se inviável pois como a inflação está ocorrendo também no cenário externo , ela seria internalizada mais fortemente no Brasil piorando a situação interna.

O dólar chegou em 25 de junho a R$ 1,592 o mais baixo valor desde 20 de janeiro de 1999 quando a cotação chegou exatamente a 1,59 .





Crescimento da Economia



Cerca de 18 países emergentes que obtiveram o grau de investimento , tiveram um incremento anual médio de 1,3% no PIB , nos três anos seguintes. ( Exame , 21.05.2008 , p. 127) .



LIMITAÇÕES DO GRAU DE INVESTIMENTO



A elevação do grau de investimento no final de abril foi recebida com surpresa pelo mercado . Face à crise internacional ocasionada pelo mercado sub-prime nos EUA a expectativa era de que a concessão só ocorresse no final de 2008 ou início de 2009 .

O grau de investimento foi concedido ao Brasil quando existem ainda situações problemáticas na economia nacional como o endividamento público da ordem de 43% do PIB, e que deve ficar abaixo de 40% , embora o perfil da dívida tenha melhorado .A situação fiscal é problemática , pois embora a arrecadação esteja batendo recordes sucessivos , a estrutura tributária é inadequada , estrangeiros estranham um país com quase trinta sistemas tributários diferentes e propostas de reformas estão em andamento. A infra-estrutura de transportes é precária , a burocracia predomina, portanto muita coisa ainda precisa melhorar para que investidores mais cautelosos decidam aplicar seus recursos no Brasil

O gasto público está melhor controlado pela lei de responsabilidade fiscal , mas o governo ainda está gastando demais em setores que não são prioritários , limitando a capacidade de crescimento de longo prazo do pais .

A corrente de comércio em relação ao PIB que é de 21% deve ser acima de 40% e os títulos pré-fixados da dívida mobiliária devem ser mais de 40% do total e estão em 32% .

A inflação está em crescimento e a decisão do Banco Central de elevar os juros, demonstrando que está preocupado com o seu controle , contribuiu para a decisão da agência .

Por sua vez, a relação de reservas internacionais e dívida externa deve ser acima de 40% e no Brasil já é de 95% e a relação dívida externa e exportações deve ser abaixo de 1,5 e já é de 1,23 . ( Exame , 13.02.2008 , p. 37) .

Segundo Lisa Schineller , diretora de “ratings” soberanos da Standard & Poor’s , “ para seguir em frente o Brasil tem de fazer esforços adicionais na área fiscal . O crescimento das receitas possibilita ao governo reduzir alguns gastos e melhorar a qualidade dos dispêndios “. Ela cita a importância das reformas da Previdência e tributária e a manutenção da inflação sob controle . ( F S P , 3.5.2008 , p. B-3) .

Porém , o grau de investimento foi concedido em uma situação de deterioração alarmante da balança comercial e previsão de déficit em conta corrente . Ou seja, mal o país anunciou o fim da dívida externa , volta a depender de recursos externos para financiar suas contas correntes .



REVERSÃO NO BALANÇO DE PAGAMENTOS



Com a queda acentuada do superávit comercial em janeiro e fevereiro de 2008 as projeções para o ano todo pioraram significativamente . De superávit de US$ 1,4 bilhões em 2007 projeta-se um déficit em transações correntes de US$ 23,4 bilhões para 2008 e US$ 26,9 bilhões para 2009 . .

Para Bresser Pereira “o país já voltou à condição de deficitário em conta corrente , e , além da gradual transformação em uma fazenda e uma mina , corre-se o risco de termos nova crise de balanço de pagamentos em dois ou três anos “. ( F S P , 7.4.2008 , p. B-2) .

Ou para César Benjamin “ As empresas poderão tomar mais recursos lá fora , a juros reais negativos , para aplicá-los nos papéis mais rentáveis do mundo , remunerados pelo Estado brasileiro . Não importa em quanto aumentará o nosso passivo externo líquido – imenso , porém discreto , pois não contabilizado na forma de uma dívida tradicional . Não importa que, com uma nova rodada de apreciação cambial , aprofunde-se a tendência ao desequilíbrio em conta corrente e se consolide uma economia baseada em indústrias maquiadoras e na produção de commodities , as atividades mais adaptadas a esse ambiente . Não importa saber que uma reversão do ciclo internacional nos imporá altíssimo preço , como já impôs no passado . Essas são questões do futuro , um tempo em que os especuladores de hoje, já não estarão mais aqui . Recebemos de presente uma maça envenenada . Uma herança maldita está a caminho “ . ( F S P , 3.5.2008 , p. B-2) .

A situação é preocupante , pela velocidade de deterioração dos indicadores externos . Grande parte dos bons números da economia brasileira dos últimos anos deveu-se aos elevados superávits comerciais , sendo que os seguidos números favoráveis levaram muitos analistas a concluir ter ocorrido uma mudança estrutural na economia brasileira e que o Brasil teria passado de uma economia importadora para uma economia permanentemente exportadora.

A taxa de crescimento das exportações em 2008 até abril foi de 20% e o das importações de 49% . O déficit em serviços aumentou 47% no primeiro quadrimestre em comparação com 2007 .O déficit de rendas cresceu 71% com o aumento explosivo das remessas de lucros e dividendos das filais para suas matrizes . Passamos de um superávit de US$ 13,6 bilhões em 2006 para US$ 1,5 bilhão em 2007 e um déficit de US$ 14,7 bilhões nos 12 meses encerrados em abril de 2008 . Portanto a velocidade e a magnitude da reversão são de extrema gravidade e merecem imediata atenção por parte do governo .

As despesas externas cresceram 37% nos últimos 12 meses encerrados em abril de 2008 e as receitas apenas 18% .

Caso a situação se reverta em 2008 como os números estão indicando , então esta mudança estrutural não ocorreu e as vulnerabilidades externas ainda presentes poderão se agravar em prazo muito curto. Se déficits em transações correntes voltarem , as reservas acumuladas durarão pouco tempo .

As remessas de lucros e dividendos em 2008 foram alteradas para US$ 24 bilhões , face à elevada lucratividade das multinacionais no país e à grave situação da economia americana que leva muitas empresas a repatriar parte significativa de seus lucros . A remessa passou de 37 para 48% do total de “rendas” em um ano .

As importações tiveram sua projeção ampliada para US$ 155 bilhões e as exportações para US$ 182 bilhões . A estimativa do saldo comercial caiu de US$ 30 para US$ 27 bilhões e depois para US$ 17,8 bilhões em 2008 e apenas US$ 8,4 bilhões em 2009 .

O comércio interno cresce a um ritmo de 8,5% , a produção da indústria interna 4,5% e a diferença é coberta pelos importados. Como os preços estão subindo no mundo inteiro, ao ampliar suas importações o Brasil importa também inflação .

Em alguns setores a situação é dramática . Na indústria têxtil em 2005 a balança comercial do setor era superavitária em US$550 milhões , valor semelhante ao déficit registrado de janeiro a abril de 2008 . ( Exame , 4.6.2008 , p.47) .

Por sua vez o ingresso de investimentos estrangeiros teve a previsão aumentada de US$ 28 para US$ 32 bilhões , o que deve compensar com folga o déficit em transações correntes , embora aumente a dependência do país de capital estrangeiro .

Por sua vez a crise americana deve diminuir as remessas de brasileiros no exterior , valor estimado em US$ 3,8 bilhões , enquanto o dólar barato deve aumentar o déficit nas viagens ao exterior , estimado em US$ 4 bilhões . ( F S P , 25.03.2008 , p. B-1) .

Com fina ironia o deputado Antonio Delfim Netto assinala “ com reservas nesse patamar [ de US$ 200 bilhões ] , dá para uns quatro anos de besteiras .Tudo vai depender de como o crescimento do mundo vai se comportar daqui para a frente “ .

Para muitos economistas , apresentar elevados déficits em conta corrente é perfeitamente natural considerando que o Brasil possui baixa poupança interna . A frase clássica é a de que é natural que ocorram déficits em conta corrente em países em desenvolvimento como o Brasil pois são a contrapartida da “absorção da poupança externa” .

Ou seja , ao invés de sugerir que o país economize e aumente sua poupança interna , esta corrente de economistas defende que aumente a dependência do país de recursos externos , sem se preocupar com as implicações posteriores desta ampliação em termos de pagamento de juros ,aumento da remessa de lucros e da vulnerabilidade a crises externas . Nada mais falso de que esta frase pois déficits contínuos aumentam a vulnerabilidade externa , expondo a economia brasileira a crises internacionais .



DÉFICIT EXTERNO ATÉ ABRIL – PIOR DA HISTÓRIA



De janeiro a abril de 2008 ,o defícit em transações correntes foi de US$ 14 bilhões , o pior da história para o período . O valor ultrapassa a projeção do Banco Central , para o ano todo que era de US$ 12 bilhões.

Nos últimos 12 meses , o saldo negativo corresponde a 1,08% do PIB. Só em abril , o déficit nas transações correntes foi de US$ 3,3 bilhões . O resultado foi negativo pelo sétimo mês consecutivo , sendo que em março o déficit havia sido de US$ 4,4 bilhões .

Em abril as remessas de lucros das empresas com filiais no Brasil continuaram muito altos , atingindo US$ 3,6 bilhões . No acumulado do ano , este valor já atinge US$ 12,4 bilhões .

Com estes resultados as previsões para o ano já são de déficit de transações correntes de US$ 20 bilhões , sendo uma projeção pessimista de US$ 30 bilhões , com um saldo comercial de US$ 15 bilhões , contra US$ 40 bilhões em 2007.

De janeiro a abril de 2008 o saldo negativo na conta de turismo está em US$ 1,4 bilhão e US$ 4,2 bilhões em 12 meses refletindo a baixa cotação do dólar que estimula as viagens ao exterior .

O investimento estrangeiro direto foi de US$ 3,8 bilhões em abril , totalizando US$ 12,6 bilhões de janeiro a abril .Portanto as empresas estrangeiras continuam investindo fortemente no Brasil e estas entradas deverão financiar o déficit em transações correntes , não gerando portanto aumento de dívida externa , porém a médio e longo prazo deverão aumentar as remessas de lucros . ( F s P , 27.05.2008 , p. B-4) .

Diante da inviabilidade de reduzir o déficit externo com a apreciação do dólar , o economista Paulo Nogueira Batista Júnior sugere medidas como a acumulação adicional de reservas, restrições á entrada de capitais de curto prazo , incentivos fiscais e creditícios aos setores que exportam e concorrem com importações, aumentos seletivos de tarifas de importação nos setores mais vulneráveis á concorrência externa. ( F S P , 19.06.2008 , p. B-2) .



BALANÇO DE PAGAMENTOS ABRIL DE 2008



As importações de janeiro a abril chegaram a US$ 48,169 bilhões com alta de 43,6% em relação ao 2007 . Em abril as compras chegaram a US$ 12,315 bilhões , 41,9% maiores do que em 2007 . A compra de máquinas e equipamentos aumentou 44,7% e a de matérias primas 41% .

Entre janeiro e abril as importações de automóveis chegaram a US$ 1,351 bilhão , 116,5% maiores do que em 2007 .

As exportações somaram US$ 52,749 bilhões entre janeiro e abril . O crescimento foi de apenas 13,6% . Em abril elas foram de US$ 14,059 bilhões , alta de 7,6% . As exportações seguem favorecidas pelo aumento no preço das commodities com aumento nos embarques de milho em 54,5% , soja 36,8% , ferro-ligas 79% e ferro e aço 45% .

Com isso , o superávit da balança comercial encolheu 64,5% nos primeiros quatro meses de 2008 , em relação a 2007 , passando de US$ 12,905 bilhões para US$ 4,580 bilhões . ( F S P , 3.5.2008 , p. B-4) .

COTAÇÃO DO DÓLAR EM ABRIL



Em 17 de abril o dólar atingiu a R$ 1,657 a menor cotação desde maio de 1999 . Considerando-se os últimos 12 meses , o real lidera entre as principais moedas que mais ganharam diante do dólar . No período o dólar desvalorizou-se 18,61% em relação ao real , 16,35% em relação ao peso colombiano , 14,61% em relação ao sol peruano , 14% em relação ao iene , 14,54% em relação ao peso chileno , 10,99 em relação ao dólar australiano e 10,82% em relação ao euro . Enquanto isso a taxa de juros básica nos EUA foi reduzida de 5,25 para 2,25% , estimulando a busca de melhores remunerações fora dos EUA , inclusive no Brasil . E enxurrada de dólares para o Brasil , reforça a tendência de apreciação do real . ( F S P , 18.04.2008 , p. B-1) .

A cotação da moeda brasileira está subindo não apenas devido à queda do dólar no mercado internacional , mas principalmente devido a uma distorção típica da economia brasileira que é a manutenção de uma taxa de juros muito acima da internacional .Como o Brasil só perde para a Turquia no ranking de taxas mais altas de juros , com isto o juro alto faz o câmbio se valorizar.



FUNDO SOBERANO



Segundo declaração do Ministro da Fazenda Guido Mantega o fundo soberano brasileiro será lançado em junho de 2008 com recursos de até US$ 20 bilhões formado a princípio com algo entre 5 e 10% das reservas internacionais , mas que não virá das reservas atuais do Banco Central.

Boa parte dos recursos será destinada a comprar debêntures do BNDES para que a instituição tenha recursos destinados a financiar empresas brasileiras no exterior

Caso isso aconteça o fundo soberano brasileiro não será como os demais já criados que buscam aplicações mais rentáveis para maximizar o retorno das reservas e não fazer política econômica ou industrial com estes recursos . ( F S P , 7.5.2008 , p. B-1) .

Como existe previsão de déficit em conta corrente para 2008 e 2009 , da ordem respectivamente de US$ 23,4 e 26,9 bilhões , o Brasil estaria na curiosa situação de criar um fundo soberano com produto de dinheiro estrangeiro que ingressa no país destinado ao investimento direto ou a aplicações financeiras . Como o ingresso destes recursos implica em aumento da dívida pública interna , o Brasil estaria criando débitos com custo anual médio em torno de 13,0% , para financiar empresas brasileiras no exterior com juros em torno de 6% ao ano . Evidentemente quem pagaria a conta deste subsídio seria o contribuinte brasileiro .,

Os países que constituíram fundos soberanos possuem elevados superávits estruturais em conta corrente , como China, Cingapura e Coréia do Sul . Outros países possuem superávit fiscal como Austrália , Nova Zelândia e Irlanda e aplicam parte destes excedentes em fundos soberanos .

O único país que possui fundo soberano sem estar ainda nesta situação é o Cazaquistão , que está aumentando progressivamente suas exportações de petróleo e deve tornar-se superavitário em poucos anos .



ENTRADA DE DÓLARES EM ABRIL



O ingresso líquido de recursos ficou em US$ 6,723 bilhões em abril , um recuo de 16% em relação ao valor apurado em março .

Em abril, os exportadores trouxeram US$ 19,683 bilhões ao mercado , maior valor já registrado pela série estatística do Banco Central , que começa em 1982 . Com isso , subiu para US$ 63,865 bilhões o total de recursos que entraram no ano por meio deste tipo de operação , um crescimento de 5,3% em relação aos primeiros quatro meses de 2007 .

Porém, as remessas feitas por importadores , porém, tiveram um aumento ainda maior . Em abril as importações responderam pela saída de US$ 11,256 bilhões , levando o resultado acumulado no ano para US$ 41,937 bilhões , valor 39% maior do que o registrado no mesmo período de 2007. ( F S P , 8.5.2008 , p. B-3) .



INFLAÇÃO EM ABRIL



O IGP-DI , da FGV saltou de 0,70% em março para 1,12% em abril . Em 12 meses o índice chegou a 10,24% , dois dígitos e a maior variação desde março de 2005 ( 10,90%), confirmando as preocupações do Banco Central com o crescimento da inflação .

O IPA avançou de 0,80% em março para 1,30% em abril . Os preços industriais cresceram 1,77% em abril contra 0,94% em março . Os preços agrícolas subiram só 0,08% em abril , contra 0,46% em março .

Os reajustes de preços industriais estão mais generalizados , quando antes estavam concentrados nos produtos agrícolas .Não há descontrole ou disparada , mas há aumento que pode chegar ao varejo devido à pressão de demanda , agravada pelo aumento de 15% do diesel a partir de 2 de maio .

A alta do IGP DI é preocupante ainda porque este índice serve para corrigir parte das tarifas de telefonia e alguns contratos privados e o IGP-M é indexador de energia e aluguéis , portanto muito grande o risco de contaminação da inflação de 2.009 . ( F S P , 8.5.2008 , p. B-6) .

A inflação em 2008 está acirrando a disputa entre o ministro da Fazenda Guido Mantega e o presidente do Banco Central Henrique Meirelles . Em conversas reservadas Meirelles diz que Mantega é um ministro mais fraco do que seu antecessor , Antonio Palocci . E que essa fraqueza o impede de convencer Lula a fazer uma política fiscal ( controle dos gastos públicos ) mais austera . Como falta maior esforço fiscal , o BC compensa com maior rigor monetário , elevando mais os juros o que cria uma descoordenação . ( F S P , 22.05.2008 , p. B-7) .



CESTA BÁSICA



A cesta básica , segundo pesquisa mensal do Dieese , acumulou nas capitais de maio de 2007 a abril de 2008 alta que variou de 24,22% em Goiânia a 46,55% em Recife . Em Natal o aumento foi de 40,75% , Florianópolis 34,76% , Salvador 29,73%, São Paulo 26,49% e Rio de Janeiro 27,15% .

A disparada no preço dos produtos pode comprometer o aumento do consumo das camadas mais baixas de renda pois a maior parte de sua renda é gasta em alimentação . ( F S P , 3.6.2008 ,p. B-6) .

Pesquisa do DIEESE divulgada em 1 de julho de 2008 mostra que as maiores variações da cesta básica aparecem em capitais do Nordeste como Natal 51,85% , João Pessoa 45,02% , Recife 44,92% e Fortaleza 43,3% nos últimos 12 meses . Os menores aumentos ocorreram em Porto Alegre 27,24% , São Paulo 30,83% , Curitiba 33,13% , Vitória 33,91% e Brasília 35,19% .Os aumentos acumulados foram bastante superiores ao reajuste de 9,21% do salário mínimo em abril de 2008 . ( F S P , 2.7.2008 , p. B-1) .



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