1. A discussão sobre ter a iniciativa e ser agressivo em campanha é permanente. Os que surgem bem na frente em pesquisas pré-eleitorais tendem a ganhar tempo e rolar a situação. Mas se esse não for o caminho, quando quiser mudar de posição, o espaço estará ocupado. Em todas as eleições presidenciais no Brasil, desde 1989, a postura do vencedor tem sido agressiva. A única exceção ocorreu em 2002, na medida em que quem liderava e quem chegou em segundo tiveram a mesma postura de simples auto-afirmação. Quando -no segundo turno- tentou atacar, já era muito tarde.
2. Na sua coluna de sábado na Folha de SP, Cesar Maia trata desse tema, resumindo um longo artigo de 23 páginas, de Drew Westen -DW- dois meses antes da eleição de Obama. DW é consultor eleitoral em psicologia social. Sua crítica se dirige a postura tradicional do partido democrata em eleições. Abaixo, trechos do artigo.
3. O foco de DW é nunca baixar a guarda, nem deixar o outro lado controlar a mensagem e as narrativas da campanha. Se Obama não pode dizer a verdade sobre o que há de errado com seu adversário, não está falando honestamente ao eleitor, independente de sua motivação, afirma. Há dois princípios da persuasão: chegar na frente para contar o seu lado da história e preparar-se para atacar o que o outro deve dizer.
4. E apresenta um decálogo:
1 - Na política não há criacionismo: use o conhecimento acumulado em comunicação de massa. O PD erra quando acha que responder a um ataque é realçar o ataque.
2 - Pare de jogar damas se o outro lado joga xadrez.
3 - Não confundir mensagens positivas/negativas com éticas/antiéticas: eleitores votam com suas emoções e se você se recusa a falar verdades negativas sobre o seu oponente, está enganando o eleitorado e pondo em risco sua eleição.
4 - Se os ataques de seu adversário refletem um problema de caráter, ataque o caráter dele.
5 - Focalize em “nós” se o adversário quer falar sobre “eles”. Não deixe dividirem os valores entre “nós e eles”.
6 - Conte três histórias sobre o seu adversário, nem mais, nem menos.
7 - Fortaleça a mensagem de mudança com dois ou três assuntos de impacto.
8 - Seu publicitário pode não servir para os debates.
9 - Dirija-se para o olho do furacão, para o centro da tempestade. Não fuja.
10 - A equipe de campanha e o candidato precisam olhar para dentro. Não fuja da fuja da controvérsia, não abandone o conflito, preocupado com temas "radioativos". Fale claramente sobre os valores que o levaram a tomar a posição que tomou. O PD sempre ofereceu razões elevadas para não responder atacando. Suas razões vêm com evasivas: “projetam covardia”. DW finaliza dizendo que, na política, é possível tomar qualquer posição, exceto uma: a posição fetal.