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Poesias-->da minha terra uma vergonha -- 08/10/2002 - 19:58 (paulo tiago santos leite) |
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Ah entristecido sermão da minha terra
Como derramá-lo em cozimento
Daquela comida fina
Em que unhas duras, mãos
calejadas e firmes, suaves tocam
o tempero da horta no quintal
e fazê-lo perfeito, cheiro de panela, o barro.
Os meus avôs desconhecidos
matadores de gente, escravocratas
que sou obrigado a amar
queria eu que o horizonte de cana
que se ergue em minha frente
fosse mesmo riqueza digna
e tendo tudo perdido, acabado
ainda resta a vergonha
de oprimir a minha gente. Meus antecedentes.
Família grande é um céu nublado
por todos os lados trovões
vozes de orgulho e soberbos discursos
de quem nunca lutou
e não sabe o valor da perda
o valor do ganho
e o encanto – perdido - do trabalho.
Quem teve tudo na vida
não sabe o que é pedir esmola
nem faz noção de uma ferida
e crava com mãos opressoras
no coração de quem mendiga
o berro feio da moral
e então, sem receber nada
sem lutar pra conquistar
acaba caindo no erro
idiota de esmolar.
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