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Cronicas-->Agradecendo -- 04/06/2002 - 14:13 (Ayra on) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
E por que não plagiar Clarice? Logo ela que me deu tanta dor de cabeça ao me lembrar da nordestina que sou, pequeno burguês faminto por erros. Então agradecido, começo pela dor de cabeça que é existir, pois penso que não existe dor de cabeça nessas coisas inexistentes. Não agradeço, todavia, à Clarice pela dor de cabeça da existência, mas ao que, somado a ela, dei a luz: essa bolha de sangue que chamo de arte ou desordem ou ordem ou caos.
Pensar nas formas é também estar grato por elas. A toda magia do mundo sou grato. Da lambida de fogo ao capotar do carro (de forma suicida ou até mesmo com amor), entregando como todo homem ou mulher, a vida à morte.
Aos bruxos e a bruxa pelo que tornei-me após os encantamentos. Grato, oh solidão, que jamais existiu e que me deixa atordoado de frio e medo do escuro.
Ao amor que se mostra com vários figurinos, ator atormentado de minhas estàncias. Skerspeareano tragicómico meio Carmem Miranda.

Ao futuro eu não agradeço não, pois nunca chegarei a vê-lo e para falar a verdade, eu estarei sempre imaginando o futuro, mas sempre o verei com olhos de presente. Bem da verdade, nem à verdade eu irei agradecer, pois essa eu também morrerei sem nem mesmo vir a tocar no rosto.
À todas as palavras de ordem, de medo e de fé. Aos mendigos sujos da rodoviária, meus amigos de miséria, sendo que da minha própria eles sentem pena. Agradeço a prostituta que me inaugurou em histórias, ao cafetão que não cobrou e a linda casa rosa e de luzir vermelho onde, em um quarto cheirando a gente despudorada, num lençol sujo e azul desbotado eu deixei o meu dinheiro, lugar lindo onde nunca entrei.
Agradeço à traição ordinária que me torna lixo e ao lixo que nunca se ofende ao me ver vestir seu nome.
As cores que não vejo, ao beijo que não beijo, ao desejo que desejo, ao flamengo e Nelson e Oto.
Todos os comensais, palavra que a pouco descobri, mas que é minha... Vê lá... Na verdade tenho pouco, dos caquinho de verdade, que junto com os famintos recolhi perto da porta quebrada de um poeta. Aos dinheiros que me faltam, mas obrigado ao pouco que tenho.
Obrigado! Obrigado. Obrigado? Me perco sempre em agradecimento e obrigação, por isso não irei agradecer a você que lê, pois iria parecer bajulador e o que tenho a lhe ofertar, depois de um "obrigado" poderia parecer vazio, mas esta cheio de... cheio de... cheio de algo. Coisas do subjetivo e do objetivo, e da filosofia, e da ciência, e da gestante. Agradecer, "obrigado e obrigado" me remete a Deus, então agradeço a ele ou eles ou a ausência dele.
À amada pelo qual terei sempre cautela e amor, o mesquinho, dolorido mas amado amor que eu criei e que existe, portanto sou Deus. Não agradeço a mim.
Ao grito lá em cima da cerra para atrapalhar os anjos e ser também expulso do paraíso.
Aos bons infernos e aos bares onde perdi minha alma por baixo de alguma mesa e que algum garçon de nome Herodes deve ter aparado para si.
À mãe pela criação e ao pai, seja lá quem ele queira ser quando crescer. Nunca ao meu suor, porque esses tem valor secundário, pois antes de ser isso, sou Homem, bibliotecário, deus e lixo. E aproveito para pedir desculpar aos personagens que criei e que criarei depois que aprendi a escrever, por partilhar minha agonia de ser somente o que sempre sonhei ser, ou seja, algo."
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