Os jogos de ida das quartas-de-final da Champions League
Carlos Claudinei Talli
Depois do sorteio para as quartas-de-final da Liga dos Campeões da Uefa, parecia que o grande beneficiado fora o Manchester United, pois caíra com o F.C. do Porto, um dos times que eu considerara uma zebra do tamanho de um ‘elefante dinamarquês’. Se passasse pelo Porto pegaria nas semifinais o vencedor de Arsenal x Villareal, também por mim considerados dois grandes azarões do tamanho do tal ‘elefante’. Assim, eu já via o Manchester na grande final, com um pé nas costas.
Já na outra perna do torneio, sobraram apenas cachorros grandes. Barcelona x Bayer de Munique e Liverpool x Chelsea. Em sã consciência, alguém arriscaria um palpite?
Acontece que o futebol é ‘uma caixinha de fósforos que ninguém sabe o que tem dentro’, como bem disse o saudoso e folclórico Vicente Mateus.
Depois daquele sorteio, o Manchester, que até então voava baixo, abatendo impiedosamente todas as vitimas que cruzavam o seu vitorioso caminho, entrou em um verdadeiro inferno astral. Perdeu duas partidas seguidas na Premier League, viu uma diferença abissal ser reduzida a apenas um ponto em relação ao Liverpool, e passou a jogar um futebol que nem de perto lembra aquela máquina que até há três semanas praticava o jogo que todos os amantes do jogo bem jogado gostam de ver. Enfim, parece outro time.
E para completar, terça-feira, 07/04/2009, o Manchester United, jogando em casa, no Old Traford, empatou com o Porto em 2 x 2, e só não saiu derrotado por duas ridículas falhas da defesa portuguesa. Numa delas, a mais grotesca, o zagueiro Bruno Alves, reserva na seleção portuguesa, atrasou a bola para o goleiro Elton, e não viu que o esperto Wayne Rooney entrava por trás da zaga. Aí, não deu outra. O 2º gol inglês saiu, pasmem, de uma despretensiosa cobrança de lateral. Fora isso, o Porto sempre jogou de igual pra igual, e, agora, leva para Portugal a vantagem de jogar por um simples empate, em 0 x 0 ou 1 x 1, no jogo de volta.
No caminho inverso do Manchester United, o Arsenal, que estava jogando muito mal no campeonato inglês, devido à venda de alguns jogadores importantes, como Hleb e Flamini, e a sucessivas contusões de alguns de seus principais craques, entre eles o Eduardo da Silva, o Cesc Fabregas e o Adebayor, se recuperou na Premier League e voltou a praticar o mesmo futebol envolvente de outras épocas. Aliás, exatamente o jogo criativo que é a marca registrada do excelente técnico Arsene Wenger. Já está em 4º lugar no Inglês, e promete muito mais nesta Champions League.
Nada como um dia após o outro. O Arsenal, que antes estava no inferno, agora, está no céu. O Manchester, que só ouvia melodias angelicais, de repente, passou a escutar ‘choro e ranger de dentes’.
Inclusive, na Espanha, contra o Villareal, na mesma terça-feira, o Arsenal empatou em 1 x 1, e leva para a partida de volta, em Londres, a vantagem de jogar por um empate em 0 x 0. Ao contrário do Manchester United, deixou a sua classificação muito bem encaminhada.
E na quarta-feira, 08/04/2009, na perna do torneio que parecia a mais difícil, que sugeria dois jogos com placares apertados, pra surpresa de todos, deu Barcelona 4 x 0 Bayer de Munique e Liverpool 1 x 3 Chelsea, e os dois vencedores praticamente definiram as suas respectivas classificações.
No Camp Nou, em Barcelona, os catalães fizeram um 1º tempo antológico, com uma exibição primorosa do pequeno gigante argentino Leonel Messi. Ele simplesmente marcou dois gols e participou dos outros dois. É brincadeira! Parece que a única maneira de parar esse monstro sagrado é jogar a 4.000 ms de altitude. No nível do mar, não tem pra ninguém. Depois dessa partida perfeita do Barça, ele se apresenta como o maior candidato ao título. E jogando o futebol dos sonhos de todo amante do jogo bem jogado.
Já em Liverpool, na cobrança de dois escanteios, portanto, em jogadas de bola parada, com o zagueiro Ivanovic, e depois num contra-ataque com Drogba, o Chelsea virou sobre o Liverpool e também deixou bem encaminhada a sua classificação. Durante todo o jogo o time londrino foi superior, mas, diferente do Barcelona, não deslumbrou, não encantou.
Por isso, depois desses jogos de ida das quartas-de-final, eu sou Barcelona desde criancinha, e, de preferência, na final, contra o também criativo Arsenal.
Se isso acontecer, no dia 27/05/2009, em Roma, será servido um verdadeiro ‘manjar dos deuses’.
É esperar pra ver
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