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Contos-->Autor Preferido -- 03/08/2002 - 17:48 (Marcelo Santos Costa (Marcelo Tossan)) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Josef era um rapaz comum, bem, o que falar de alguém que do colégio vai direto pra casa? Um normal/comum?.
Tudo tem um porquê e só quem sabe o que se passa nos recônditos da própria alma pode sofrer sua dor (filosofia barata).
Como eu conheci o intimo de Josef? Isso é outra estória.
Josef era considerado por muitos um nerd, inteligente, sentava numa das cadeiras da frente.
Os motivos, um para não se misturar com o pessoal do fundo e outro para suprir sua deficiência visual.
É o típico garoto bode expiatório, óculos de grau, espinhas, branquíssimo, magro, alto, cabelos negros emaranhados e roupas caretas.
Uma vez no recreio um garoto maior esfregou sua cara na areia e no estrume de cachorro, todos riam e aquele dia ele chorou e correu o mais rápido que pôde até sua casa.
Bolas feitas de papéis tinham endereço certo, sua cabeça e quando alguém colava um cartaz em suas costas “chute-me” sua bunda inchava.
Cansou-se disso tudo e na terceira série do segundo grau quando nada ia bem na sua vida, deu basta no lugar comum.
Sua mãe que era professora, sempre pegando no seu pé, tanto que acabou com o próprio casamento por ser tão exigente.
Josef descobrira a poesia por acaso. Sim, tinha lido os clássicos por obrigação e nunca se empolgou. Prova disso era que suas matérias preferidas foram matemática e biologia. Assistia aos programas ecológicos da tv, aqueles em que uma mulher com uma voz sensual falava sobre o acasalamento dos marsupiais etc...
Acho que a grande revolução da sua vida foi a internet, por incrível que pareça ficar sozinho agora é um prazer.
E um dia visitando sites a esmo descobriu o de um autor que ele nunca tinha prestado muito atenção. Leu suas poesias e como num transe seu corpo arrepiou-se. Não tirou da cabeça aqueles versos contundentes, loucos, inexplicáveis e diferentes. Visitou a página mais vezes e a cada lida uma ferida aberta, uma sensação realmente diferente, ele estava em êxtase.
Logo começou a se interessar mais, pegar livros desse autor (vamos chamá-lo apenas de autor para evitar maiores problemas) leu suas influências e sua biografia. Realmente mudou da água pro vinho literalmente (literariamente) ficou mais aberto as amizades e nas festinhas bebia, se socializava libertando-se externamente. Sua mãe era uma mulher de quarenta e poucos muito bonita e conservada quando ela se arrumava e saia para se divertir Josef ficava sozinho com seu PC.
Noites a fio no onanismo, madrugadas e baseados queimados na janela e vinho barato. Formou-se e prestou vestibular para engenharia, seu pai ficou furioso e triste por que seu filho não escolheu o curso de direito. Ele advogado de uma empresa multinacional deu conselhos e até ajudou pagando os melhores colégios, recebeu aquele golpe como uma cusparada na arvore genealógica.
Josef realmente não tinha orgulho do próprio pai, um pai ausente e egocêntrico que só pensava na carreira e nas amantes. Josef discutindo com a mãe por causa da sua escolha pelo curso de engenharia gritou: Advogados não vão para o céu!
Pegou um recorte de jornal e aos berros: mãe a senhora tem orgulho disso? “Advogado consegue provar inocência da empresa” Porra mãe, uma criança morreu intoxicada com esse produto fabricado pela empresa que ele defende e a senhora sabe muito bem que se fossem de família abastada ganhariam esse caso facilmente, mas como eram pobres...E leu entre lágrimas a reportagem que tinha a foto de seu pai sorridente de bigode negro e a legenda; “Os consumidores não verificaram a data de fabricação”
Eu e a senhora sabemos a verdade! Ele nos contou entre risadas e notas de dólares, “fiz um acordo com o dono do mercadinho onde foi comprado o produto, o estoque era mal iluminado e úmido, só que devo admitir muito limpo, poderia culpá-lo só que preferi pegar seu depoimento a favor, por que na verdade o almoxarife da empresa que defendo tinha veneno de rato espalhado por todo o chão e imprudentemente aquele lote foi vendido, sorte que pra um mercado de quinta da periferia se não iria complicar ainda mais o caso”
Bateu a porta e foi para seu quarto, em seguida a campainha toca, ele espia pela janela um rapaz aparentando uns dezoito anos chamando por sua mãe. E ela sai entra no carro dele toda arrumada. Ele logo percebe que se trata de um dos alunos de sua mãe e isso o deixa mais irado. Começou então a escrever os seus poemas e guarda-los ora no porta arquivos do computador ora imprimia na impressora e guardava-os numa pasta azul.
Como era iniciante teve lá suas dificuldades pois nunca estava feliz com aquilo que escrevia e deprimido sentia-se um Castro Alves frustrado,um Cruz e Souza rejeitado, um Lorca só na vontade. Será que precisava se apaixonar? ou precisava de mais ódio?. Mais ódio? Não, ele chegou ao seu limite depois dessa noite.Não exagerou e tomou algumas doses certas daquilo que muitos poetas precisam um pouco de solidão,concentração, tranqüilidade, ódio, amor, depressão, problemas na vida pessoal, desgosto e muitos outros, alguns mais intensos outros menos (na verdade muitos nem dão para medir já vem em baldes!). Procurava inventar léxicos, uma vez escreveu chorodrama dizia que a palavra significava choro falso (que falso!).Agora o que ele mais queria era se ver livre da mãe e do pai e quanto mais queria ,mais era dependente. Tanto é que percebeu isso quando tirou sua carta de motorista e seu pai junto com sua mãe lhe deram de presente um carro popular. Aceitou o presente e por cinco minutos esqueceu a raiva dos pais e abraçou-os. Era estranho ver os dois juntos se tratando justamente como estranhos.
Tirou a carta e ia pra faculdade no seu carro escutando seus cds ecléticos favoritos, desde Mozart a João Gilberto passando por Zé Ramalho e Coltrane, Tom Zé e Azimuth. Foi na poesia que se descobriu, passava as sensações da sua alma pro papel, bonito isso hein!. Queria um dia encontrar o “autor” que o fez abrir a mente para as letras e agradece-lo. Era isso! Vou mandar um email explicando o meu gosto pela poesia e quem sabe mandar umas minhas pra ele ler. Procurou em todas as páginas relacionadas ao autor e nada, nenhum endereço eletrônico. Pensou se tratar de um poeta retraído que gostava de privacidade um cara sério e fechado. De tanto procurar, viu uma entrevista dele num jornal, era uma entrevista concedida por telefone. Perguntou para um dos poucos amigos que tinha, esse formado em jornalismo que trabalhava no tal jornal se por acaso ele conhecia aquele repórter que fez a entrevista. O amigo hesitou pensou na ética e depois de um gole de whisky falou que iria tentar. Josef passou uma semana ligando pro amigo na redação, em casa, no celular. O amigo só para ter sossego foi na mesa do jornalista que tinha feito a entrevista pegou a agenda e viu o nome do “autor” que Josef tinha lhe falado. Passou o telefone para Josef e pediu sigilo absoluto, aquilo poderia custar seu emprego e até sua carreira. Ele ligou e o telefone só tocava só tocava imaginou que o amigo deu um telefone qualquer para dissuadi-lo. Novamente ligou para o amigo explicou o ocorrido esse simplesmente falou que tinha certeza que o número era aquele e que não iria se arriscar à toa de novo. Guardou o telefone na gaveta e ficou um pouco irado. Agora estava com a idéia fixa que iria conhecer aquele autor de qualquer maneira.
Pela lista telefônica teve a sorte de confirmar o endereço do telefone e mandou uma carta endereçada ao “autor”.

Olá “autor” estou lhe enviando estas linhas, para agradecer suas poesias - e você - por existirem. Pois me inspirei nos seus escritos para começar a também escrever.
Quando conheci seus poemas minha cabeça virou completamente e confesso que minha vida mudou.

Essa carta na verdade ele rasgou achou-a muito piegas e se de repente ele não gostar de puxa-saco?
Reescreveu-a:

São Paulo 25 de Julho de 2000

Bom dia boa tarde boa noite
Olá “autor” meu nome Josef e tenho dezenove anos e gosto muito de seus escritos. Na verdade me espelho um pouco em você pois comecei a escrever depois que li um site a seu respeito.
Obrigado pela atenção
Assinado Josef Raveioli

Mando uma poesia minha escrita nesse mesmo dia

Ao poeta que me inspira

Nuncatevi
Bemtevi
Sóvi
Oqueescreves
Vibem
Bemvisto
Assimvejo
Aolhosvivos

Quis escrever estilo e.e.cummings para fugir um pouco da mesmice e por não ter estilo. Quis também transparecer que era “muderno” e que estava “antenado” com o mundo, coisa de iniciante hesitante cá pra nós. Pois o estilo de Josef era uma mistura caótica, ele ainda não tinha se situado e nem queria se situar. De cada dez livros que lia cinco eram do autor os outros cinco podíamos colocar aí Sousândrade, Kilkerry, Rilke, Brecht, Haroldo de Campos.
Passou-se um mês e nada de resposta, ficou frustrado mas não desistiu. Será que estava certo o endereço? O carteiro deve ter sido assaltado? O CEP mudou? Todo o argumento possível usou menos um, e se o autor recebeu a carta e simplesmente a rasgou ou ignorou-a? Não! Isso ele não admitia, nem passava por sua cabeça. Mandou outra carta.

Olá “autor”
Essa é a segunda carta que envio-lhe espero que tenha recebido a outra. Sei que vida de escritor não é fácil e nem sempre você deve ter tempo para responder.
Por isso mando-lhe outra carta pelo simples prazer do contato.
Até mais Josef Raveioli


Pé de gente

Assassinos de baratas!
Porque não enxergam o chão
Esnobes cegos indolentes
As amargas asas amiúde
Olhos vazios
cheios de lágrimas sangue
alaridos nos néons
sem comoção os insetos
passam por cima
e pulam a carniça
formigas ocultas tropeçam
e jantam em casais
adentram na caveira
copos esverdeados
cemitério lamaçal
e a noite engole


E assim encaminhou mais uma correspondência para o correio mais próximo. Esperando ansiosamente por uma resposta.
Mais um mês se passou e nada de resposta.
Chateado esqueceu por uma semana aquela história de conhecer o seu autor preferido. Foi à faculdade estudou e já em casa folheava um jornal viu uma nota a respeito do seu autor preferido e pensou em não ler. Leu e dizia assim: “Autor” voltou de sua viagem onde passou dois meses na Europa dando palestras e divulgando seu terceiro livro que fora traduzido para o Francês, Alemão e Italiano. Josef ficou animado e percebeu que não era má vontade do “autor” para com ele.
Já que ele esta de volta eu vou até a casa dele, pensou.
Ficou imaginando como seria o encontro, como estaria sua fisionomia (a última foto do autor fora tirada no final dos anos sessenta e nunca mais outra fora publicada).
Desde segunda feira veio pensando na hipótese e como iria agir frente a frente com o autor. Chegou sexta feira o grande dia, o dia D, logo após sair da faculdade ia direto para a casa do ‘autor”. No caminho ligou para sua mãe avisando que estava indo a um encontro, sua mãe respondeu:
- Hum! Encontro? Tudo bem, use camisinha hein!
Josef respondeu - Tá mãe, vou desligar pois estou no trânsito, tchau!
A mãe de Josef pensou se tratar de uma garota e ele riu da situação. Colocou o cd do Marcos Valle e deu uma ajeitada no cabelo pelo espelho. De tanto ter olhado para o papel que anotara o endereço já o sabia de cor. Chegou próximo ao local, era um bairro residencial de classe média. Chegando próximo a casa indicada pelo número, seu coração acelerou-se. Era uma casa térrea com um amplo espaço, um portão de madeira envernizada. Tocou a campainha uma vez e em seguida se escuta passos e o balançar de um molho de chaves. O portão de entrada é aberto e segue-se uma conversa:
Autor - Pois não?
Josef – Er desculpe eu incomodar a essa hora da noite...
Autor – Tudo bem, se fosse assalto você teria me rendido ou pelo menos já teria anunciado não é? (risos)
Josef –(risos) é, mas não se trata disso, sou apenas um fã.
Autor – Ah bom (olhando de cima a baixo) não quer entrar?
Josef – Sim, com licença
Os dois atravessaram o quintal um pouco escuro por causa das àrvores até a entrada da casa.
Autor – Fique a vontade, sente-se
O autor foi até a cozinha(?)
Josef – (um pouco desconcertado) não se preocupe
O autor era um homem de cinqüenta anos com aparência de quarenta, corpanzil, cabelos grisalhos penteados, óculos e barba feita.
Josef observa a sala de cima a baixo, um sofá de couro, uma estante com vários livros estrangeiros, uma vitrola daquelas que servem como móvel e alguns discos de vinil jogados pelo tapete.
O autor volta trazendo duas taças e uma garrafa de vinho português.
Autor - Servido?
Josef – Claro!
Autor – Uma das melhores safras
O autor serve-se gira a taça em seguida cheira e se delicia degustando um pouco do néctar divino.
Autor – Façamos um brinde!
Josef – Um brinde a ...?
Autor – As novas amizades!
Josef – As novas amizades! (risos)
E os dois como se por combinação sugam suas taças até a última gota num gole único.
Autor – Josef! Lembra do Mengele?
Josef – Claro! Josef Mengele
Autor – Foi homenagem do seu pai, ele ara nazista (risos)
Josef – Não (risos) mas nazista quem sabe ele seja?
Autor – E você Josef? O que faz? Trabalha?
E Josef falou do seu curso de engenharia, da faculdade, dos pais separados, dos livros que estava lendo, música, arte e a conversa varou a madrugada, vinho como combustível e ao som de vinis da fase tropicalista.
Quando deram duas e meia da madrugada, sentados lado a lado no sofá, o autor olha de um jeito diferente pra Josef.
Este percebendo disfarçou e o autor olhou-o fixamente dentro dos seus olhos. Josef desviou o olhar, o autor segura sua mão e acaricia. Josef desconcertado pede licença pra ir ao banheiro.
E assustado dentro do banheiro refletia sobre o acontecido
- Caralho! O autor é homossexual!
Tirou o pênis pra fora e urinando colocou a outra mão na testa limpando o suor.
Josef estava confuso nunca tinha enfrentado uma situação daquelas e muito menos esperava isso do autor.
Deu descarga, abaixou a tampa da privada e sentou apoiando os cotovelos nas coxas e as mãos nas têmporas.
Se ele descriminasse poderia passar por situação constrangedora, se aceitasse, o autor poderia passar dos limites, não! Josef não estava preparado pra isso.
Quando saiu do banheiro depois de quase dez minutos pegou suas coisas e disse que já tinha que ir andando.
O autor já com cara de desconfiado e triste perguntou
- Porque demorou tanto no banheiro Josef?
- Ë que eu estava lavando o rosto
- Sei...
- Desculpe eu tenho que ir, já são...
O autor interrompendo – Tudo bem já entendi tudo Josef!
- Depois a gente se fala
- Eu peço pra você não ir, durma aqui!
- Na na não...não se incomode
- Bem se quiser ir tudo bem, mas fique sabendo que você está um pouco embriagado e o risco de um acidente nestas condições...
- Dirijo até melhor quando estou assim “alto”
- Sim, esta é a última frase que um motorista que morreu numa batida disse.
- Vou assim mesmo
- Você que sabe poderia te abraçar e não deixa-lo ir mas pressinto que você poderia interpretar-me mau.
Josef já estava ficando de saco cheio daquela conversa e até passou pela sua cabeça que se o autor o tocasse iria dar-lhe um soco.
- Tchau
- ...hum
Saiu cantando pneu e as luzes dos postes dos edificios tinham cores e brilhos mais fortes a noite pra Josef parecia tão linda e especial.
Ligou o som e João Gilberto cantou “chega de saudade a realidade é que...” passou por um farol vermelho que não era muito movimentado. Lembrou do dia que pegou carona com uns amigos na festa de formatura e eles brincaram de roleta russa, passavam os faróis vermelhos a oitenta por hora rindo e ele quase mijando no banco de trás.
Chegando em casa jogou-se na cama e desmaiou com sapato e tudo. No outro dia a boca seca e uma dor de cabeça, água metalizada e saliva em goma E escovando os dentes começou a lembrar da noite anterior.
E agora? Provavelmente o autor deve ter-me odiado, também eu agi como um careta e quadrado.
Josef não era virgem só tinha, porém transado em uma única oportunidade coisa que ele recorda não com muito entusiasmo. Foi numa festa na casa de praia de um amigo foram oito homens e oito moças... E naquele dia todos já bêbados de tequila com sal e limão. Ficou com uma das moças. Transou no beliche enquanto, os outros cada um encontrava o seu local sexual.Tinha dezoito anos e estava muito bêbado e nem lembra detalhes só do beliche e da quentura molhada e depois desse dia nunca mais uma outra vagina.
Resolveu ir pedir desculpas ao autor por algo que fez e nas duas ocasiões não o encontrou em casa.
Na terceira vez foi novamente direto da faculdade e o autor estava e o recebeu até de bom grado.
Josef que pensou em ser recebido secamente teve uma boa impressão, sinal que ele não estava zangado.
-Aquele outro dia você chegou bem em casa Josef?
- Sim tudo normal só o dia seguinte...risos
- Fiquei preocupado você nem ligou
- Seu telefone...é você não me deu...
- É mesmo, então anote aí
Pegou um papel e caneta e anotou reparou que era o mesmo que seu amigo jornalista informara.
- Que engraçado voltamos a se encontrar numa sexta. Indagou o autor.
- Melhor, porque a madrugada é um criança
- Você vai querer um outro drink?
- Estou pronto pra outra
- Só que dessa vez só tenho Vodca e Cointreau
- Você tem laranjas?
- Boa pedida, hi-fi?
- Yes! com vodca e umas rodelas de limão.
Enquanto Josef faz o drink comenta sobre as cartas que enviou ao autor este respondeu que quando voltou da Europa tinha chovido muito em São Paulo e provavelmente boa parte da correspondência ora foi levada ora estragada pela chuva.
Terminado o drink os dois caminham para a sala.
E novamente (agora ao som de Paulinho da Viola e Cartola) o autor o olha nos olhos.
- Posso te fazer uma pergunta Josef?
- Sim pode
- Você tem algum tipo de preconceito?
- Acho que não
- Acho que não? É indecisão!
- Que eu me lembre não...
- É que eu vou contar-lhe algo pessoal...
- Tudo bem (já imaginado o que era)
- Eu não gosto de moças, mas sim de rapazes...
Um silêncio paira no ar e Josef tentando fazer cara de que tanto faz, deu com os ombros como que dizendo, não há problema.
Nesse momento Josef sente uma vertigem e pede licença para ir ao banheiro e lá no banheiro sente uma ânsia de vômito e para o autor não escutar deu descarga e vomitou junto.
- Porra! E agora? De novo!
Josef não queria ser careta nem tampouco preconceituoso ele que pensara ser uma coisa normal a opção sexual de cada um, sentia na pele o machismo, doutrina a qual seu pai o criou.
Rosa é menina, Azul é homem!
Boneca é menina, carrinho homem!
Beijo só no rosto filho, na boca não!
Novela é coisa de mulherzinha!
Futebol é coisa de homem!
Come bastante feijão pra ficar forte como um touro!
Começou também a pensar que bi-sexualismo e homossexualismo eram coisas de modernos, pessoas de mente aberta, sinal dos tempos...
Renato Russo era, dizem que Mario de Andrade também era, Elton John assumiu faz tempo, Allen Ginsberg, dizem que o Emilio Santiago é,falaram que o Boris Casoy é, Ney Matogrosso dá toda a pinta, Glaucomatoso pode ser, Clodovil,Raul Cortez,...
Pessoas que nem por isso deixaram de ser talentosas e inteligentes...
Vou tentar ser natural e às vezes na vida você tem que dizer FODA-SE.
Sentou-se e tomou mais um copo de hi-fi enquanto o autor pega sua mão e acaricia, Josef deixa-se levar e agora o autor coloca a mão sobra a calça de Josef.
E não é que ele fica excitado! Seu membro já fazia volume na calça e o autor riu. Fazer o quê? é a libido humana.
O autor ajoelha-se de frente pra Josef e abre a braguilha de sua calça. Pegando o pênis de Josef o coloca quase todo na boca, a essa altura Josef já estava relaxado e queria curtir o prazer o qual estava sendo proporcionado.
O hi-fi acabou e agora eles misturavam guaraná com Cointreau e tomavam. E em meio a capas de discos antigos e cinzeiros com guimbas de cigarros e charutos Monte Cristo os dois rolavam tirando as roupas. Josef já estava envolvido e o autor estava adorando o momento.
O autor fica de quatro e puxa Josef para sua bunda branca de marca de sunga, ele hesita porque a imagem o quase faz brochar, para manter a ereção pensa na Monique Evans, nas ancoras femininas dos jornais e até numa tia sua que era tesuda. Lembra-se da camisinha e ainda resta tempo e bom senso para perguntar se o autor não tinha alguma? (por um momento poderia servir de desculpa).
O autor levanta-se rápido e chega com uma caixa daquelas sabor morango. E Josef no momento em que penetrava o seu autor preferido fechava os olhos e sentia o ânus apertado e mesmo assim seu pênis entrou e saiu como um nariz de guaxinim farejando curioso o que encontra.
O autor pedia tudo, mais, vem, assim,isso,vai,não pára como um putinha no cio.
E Josef com uma mão segurava a cintura do autor e com a outra bebia seu Cointreau com guaraná, foi nessa hora que avistou uma caneta tinteiro e teve uma idéia.
Esticou o braço e alcançou a caneta, estava carregada era de cor amarronzada e aponta dourada brilhava na luz, com sua camisa enxugou as costas suadas do autor.
O autor que estava em êxtase reparou e perguntou o que Josef iria fazer com aquela caneta tinteiro.
- Nada, fica relaxado que está bom demais, vou apenas escrever nas suas costas posso?
- Hoje você pode tudo meu garanhão...
- Você vai ser minha folha pro poema...
E Josef escreveu (mesmo que tremendo):


Meu eu no seu eu
Mordendo-me
Ardendo-te
Sinto-te
Adentro-me
Ritmo bossa
Um só ser
Dois sexos iguais
Corpos de açúcar
Melados
Cozidos em fogo
Da chama da carne

E quando gozou recitou gemendo o poema que fez.
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