em branco fica a folha da areia
depois de os pés a sentirem:
doce leveza que imprime apenas
um momento na pureza do gesto.
caminhemos junto a essa orla
que as ondas vão desenhando,
sintamos o abraço oceânico
que seduz o ventre da praia.
olhemos o horizonte sem pudor,
com a ternura de quem sabe
da nudez do sentir: observa
como a minha pele é tua.
aqui, no instante que chamamos
sempre, aqui completamos a obra
que a natureza faz em nós:
rios de liberdade ou troncos
que se erguem de raízes leves:
caminhos diluídos nas pernas
do olhar: potência e matéria
potável que se molda, serena,
à candura das mãos: sol, sol,
sol que se deita connosco. |