Uma leve brisa tornava cinzenta a manhã de domingo em Porto Alegre, os torcedores do Internacional coloriam as avenidas e praças da cidade. Todos tinham um só destino, o Estádio Gigante da Beira-Rio.
O jogo estava previsto para as quatro horas da tarde e uma nação vermelha encaminha-se ansiosa por um título do Inter. Era a final do supercampeonato gaúcho contra o XIV de Novembro de Campo Bom. Uma equipe que fez um belo campeonato e com méritos chegou a decisão.
Os torcedores prometiam muito barulho. A animação e a cantoria foi intensa pelas ruas que davam acesso ao Parque Gigante. "Papai é o Maior", o grito de guerra dos colorados esperançosos com o time vermelho e branco da Padre Cacique.
O Beira-Rio estava em nossa frente, imponente à s margens do Guaíba, um caldeirão de glória, conquistas e emoções. Uma multidão, todos sorridentes, torcedores que chegavam dos quatro pontos cardeais do Rio Grande. Portavam bandeiras, fitas nos cabelos e vibrantes camisetas encarnadas. A certeza da vitória estampadas nos gestos fartos e nos largos sorrisos. Um mar vermelho tomava conta do Gigante. Para um pequeno torcedor era meio estranho e comovente tanto colorado junto.
É emocionante ver o Internacional entrar em campo. Inesquecível para quem vê pela primeira vez. Fogos, papel picados e bandeiras vermelhas tornam o Beira-Rio um maremoto invencível. A "ola" fascina os atentos olhares do estreante colorado. Nas arquibancadas do estádio, o menino era um torcedor empolgado, sentia-se o colorado mais fanático do Rio Grande. Conhecer o Beira-Rio, uma façanha e um sonho há muito acalentado por esse coloradinho, que vibra com os gols na televisão como se no estádio estivesse.
Na arquibancada, sonhávamos e prevíamos os gols, que seriam a felicidade da nação vermelha, ávida para festejar o título de campeão e cantar as glórias do desporto nacional.
Foi um excelente e emocionante jogo de futebol, o Internacional pressionou o tempo todo, principalmente com as arrancadas do Fábio Pinto que fez um gol nos descontos da primeira etapa. O segundo gol, o da vitória, veio aos 46 minutos do segundo tempo, Fernando Baiano com um leve e delicado toque, encobre o goleiro e libera o grito travado na garganta dos colorados. Foi o delírio da galera. O Beira-Rio ficou pequeno para tanta felicidade. O goooooooooooolllllllllllllll dos narradores esportivos retumbou nos quatro cantos do estádio.
Festejamos na arquibancada naquela tarde cinza em que a camisa vermelha brilhou para trinta e cinco mil pessoas. O fascínio no olhar do pequeno colorado era de felicidade. Enquanto a noite chegava, nos alto-falantes do estádio, a música "We are the champions" emocionava os torcedores que retribuíam com o grito: É campeão! É campeão! É campeão!