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Artigos-->Economia Brasileira - Outubro de 2008 -- 13/04/2009 - 17:52 (edson pereira bueno leal) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


ECONOMIA BRASILEIRA OUTUBRO DE 2008



Edson Pereira Bueno Leal , abril de 2009 .



INADIMPLÊNCIA EM ALTA OUTUBRO



O índice calculado pelo Serasa de inadimplência da pessoa física aumentou 4,9% em outubro , em relação a setembro. Em comparação a outubro de 2007 a alta foi de 6,9% . No acumulado dos dez primeiros meses de 2008 , o indicador subiu 7,5% . No ano passado a inadimplência tinha subido apenas 0,3% no mesmo período em relação a 2006 .

O setor de cartões de crédito e financeiras registrou um valor médio das operações de R$ 409,70 , 11,7% a mais do que em 2007 . Já o valor médio das dívidas das pessoas físicas com os bancos foi de R$ 1.347,09 , uma alta de 5,5 % em relação a 2007 . O valor médio dos cheques devolvidos até outubro foi de R$ 690,02, 13,9% de alta sobre 2007 .

Os bancos respondem por 43,2% da inadimplência do consumidor . As dívidas com cartão de crédito 33,1% e os cheques devolvidos 21,5% . Os títulos protestados correspondem a apenas 2,2% na inadimplência . ( F s P , 14.11.2008 , p. B-1) .







CRÉDITO PARALISADO NA EXPORTAÇÃO OUTUBRO



Segundo José Augusto de Castro, vice-presidente da AEB ( Associação de Comércio exterior do Brasil ),”ninguém está conseguindo acessar [linhas de crédito] . Os poucos que conseguem têm de pagar juros de 14%, 15% , daí para cima . O tombo é maior porque as condições mudaram drasticamente . Há um mês , havia excesso de liquidez , e o exportador pagava taxas de 4% a 5% nos contratos de ACC [ adiantamento sobre contrato de câmbio] . Segundo a AEB , o impacto da crise para as exportações será residual em 2008 , mas pode ser dramático em 2009 . Pode estar se formando um ciclo negativo . O exportador não tem acesso a crédito para produzir e sofre também com a queda dos preços no mercado internacional . ( F s P , 3.10.2008 , p. B-4) .

Segundo o ministro da Fazenda Guido Mantega , as reservas internacionais do país podem virar crédito para financiar o comércio exterior brasileiro .O governo calcula que dois terços dessas linhas secaram e uma das formas de usar parte dos US$ 206 bilhões é o lançamento de operações compromissadas , a partir das quais o haja o resgate dos dólares ao final de um período . “ O Brasil não tem sido alvo de ataques especulativos . Segundo ele , “ em plena crise , em setembro, não perdemos sequer US$ 1 de nossas reservas . Elas estão intactas “ ( F S P ,.4.10.2008 , p. B-9) .

Em 6 de outubro o Banco Central comunicou que irá repassar parte dos recursos das reservas internacionais do país para bancos que financiem o comércio exterior brasileiro . O BNDES deverá liberar mais R$5 bilhões para linhas de crédito voltadas para empresas exportadoras . ( F s P, 7.10.2008 , p. B-8) .

Com as dificuldades do crédito externo , em agosto de 2008 , os empréstimos para empresas no país chegaram a R$ 422 bilhões , ante o volume de aproximadamente R$ 300 bilhões registrado no mesmo período de 2007 . ( Exame, 8.10.2008, p. 27) ,

Na primeira semana de outubro , segundo o BC , as operações de ACC ( Adiantamento de Contrato de câmbio), no país , ficaram em US$ 584 milhões , uma média de US$ 117 milhões por dia , queda de 43% comparada com a média de agosto . ( F S P , 9.10.2008 , p. B-3) .



CRÉDITO PARALISADO EM GERAL



Embora o total de dinheiro emprestado , segundo o BC tenha atingido em agosto o montante de R$ 1,1 trilhão de reais , o maior da história , o nível de inadimplência dos contratos permanece baixo e até recuou um pouco nos últimos meses , chegando á taxa atual de 2,9% . ( Exame, 8.10.2008 , p. 30) .

Até 2009 espera-se uma queda de R$ 84 bilhões no volume de recursos destinados aos investimentos produtivos , valor equivalente ao orçamento do BNDES para 2008 . Não há como cobrir este buraco com recursos públicos pois o déficit nas contas públicas já passou do razoável .

Se a situação do mercado financeiro americano se normalizar , segundo Mailson da Nóbrega , “ teremos uma volta dos fluxos de crédito em dois meses “ . Mas o valor será menor . Na hipótese mais otimista , projetada pela consultoria LCA, o ritmo de crescimento do volume de crédito para empresas deve cair de 20,4% em 2008 , para 17,6% em 2009 . No caso do crédito pessoal , a redução deve ser de 17,8% para 15,7% . Na mesma linha a evolução do PIB será de 3,7% em 2009 . Na hipótese de uma catástrofe , esse índice cai para 2% . ( Exame , 8.10.2008, p. 29) .

Se a redução no crescimento do PIB se concretizar , poderá haver uma queda de receita tributária da União em até R$ 20 bilhões, o que obrigaria o governo a cortar investimentos se quiser cumprir as promessas de aumentar o salário mínimo e bancar a Previdência . Quase metade dos R$ 503 bilhões necessários para a realização dos projetos do PAC , depende da iniciativa privada , que depende de crédito , o que poderá comprometer as metas do plano . ( Exame, 8.10.2008, p. 30) .

No mercado de veículos , todas as concessionárias reajustaram os juros no início de outubro de 1,4% para 1,7% nos planos de 60 meses . Estima-se aumento ainda para 1,8 a 2,0% e redução no prazo de financiamento para 36 meses . ( F S P , 9.10.2008 , p. B-8) .

Apesar da crise, segundo dados do BC , em outubro o total de empréstimos liberados pelo sistema financeiro somou R$ 1,187 trilhão , valor equivalente a 40,2% do PIB , o maior percentual desde o início do cálculo em julho de 1994 . ( F S P , 26.11.2009 , p. B-6 .



CANCELAMENTO DE PEDIDOS E AQUISIÇÕES E REDUÇÃO DE METAS



Começam a acontecer cancelamento de pedidos na indústria de base devido a dificuldades de crédito . A Santal Equipamentos , uma das fabricantes de colhedoras e implementos agrícolas em Ribeirão Preto teve um pedido de 30 equipamentos de transporte para uma companhia de açúcar a álcool cancelado por falta de crédito ao comprador .

Na indústria de eletroeletrônicos a preocupação com o aumento da cotação do dólar aumenta a cada dia devido ao grande número de componentes importados . ( F S P , 7.10.2008 , p. B-9).

A VCP e a Aracruz Celulose anunciaram a postergação do acordo de fusão devido ao reconhecimento de prejuízo de R$ 1,950 bilhão da Aracruz por causa de operações financeiras com câmbio . A Cyrela comunicou que não vai mais comprar a Agra , conforme anunciara em junho . ( F S P , 7.10.2008, p. B-10 ) .

A Embraer anunciou que adiará a entrega de cinco jatos da família 170/190 e o negócio pode não ser concretizado , o que significará uma perda de mais US$ 160 milhões .Os clientes , companhias americanas , européias e australianas não encontraram dinheiro na praça para honrar o pagamento .

Empresas de trading, responsáveis por 30% do custeio dos produtores brasileiros de grãos , reduziram brutalmente o crédito , colocando em risco o financiamento da próxima safra.

A Abyara há 3 meses montou uma estratégia para reforçar o seu caixa e reduzir um endividamento de R$ 455 milhões . As ações incluíam a venda da corretora de imóveis , de uma parte dos terrenos da companhia e a capitalização por meio de empréstimos ou aumento de capital . A primeira medida foi concretizada com a venda da corretora para a BR Brokers por R$ 250 milhões . As outras foram suspensas .

No financiamento de veículos , bancos e montadoras baixaram o prazo de financiamento de automóveis de 99 para 72 meses e deve baixar para 48 .( Exame, 8.10.2008, p. 25-26 )

A Rossi Residencial reduziu as projeções de vendas de 2008 e 2008 de R$ 2,5 bilhões e R$ 3 bilhões, para R$2,15 bilhões e R$ 2,25 bilhões .

A Even reduziu de R$ 2,2 para R$ 1,8 bilhão, Agra, reduziu suas projeções de lançamentos em 2008 de R$ 2,1 bilhão para R$ 1,4 bilhão . e a fabricante de produtos para saúde Cremer reduziu sua expectativa de lucro operacional em 2008 de R$ 51 a 52 milhões para R$ 47 a 48 milhões .

A Cosan , embora tenha 55% de sua receita proveniente de exportações , terá seus custos aumentados devido á grande dívida em dólares feita para a compra da Esso e projeta um aumento superior a 30% no prejuízo líquido para 2009 , em relação á perda de R$ 48 milhões em 2007 . ( F s P , 10.10.2008 , p. B-8) .

Pelo menos 20% dos altos-fornos de siderúrgicas de ferro-gusa em Minas Gerais já foram desligados em conseqüência da crise mundial .Siderúrgicas instaladas no Pará também estão parando as atividades e dando férias coletivas aos trabalhadores . O produto teve queda de 21,7% desde julho passando de US$ 830 a tonelada para US$ 650 em outubro . ( F s P , 18.10.2008, p. B-5)

A CCDI reduziu de R$ 2 para R$ 1,3 bilhão o valor dos empreendimentos a lançar em 2008, decréscimo de 35% e a CR2 reduziu seu “guindance” de R$ 1,2 bilhão para R$ 500 milhões , redução de 58% . ( F S P , 24.10.2008 , p. B-9) .



A Vale anunciou em 31 de outubro um corte de produção de 30 milhões de toneladas de minério de ferro , 10% do total extraído . Serão paralisadas minas no final de sua vida útil, cujos custos são maiores e a rentabilidade é reduzida.

Além das quatro minas de ferro em Minas Gerais a empresa vai reduzir em 60% a produção da Valesul , unidade de alumínio no Rio de Janeiro , devido ao recuo nos preços do alumínio e o elevado custo da energia . Também serão paralisadas duas unidades de peletização , com corte de 20% da capacidade da companhia e uma mina de manganês em Corumbá, no Mato Grosso do Sul .

A Vale decidiu ainda parar todas as suas atividades em duas plantas produtoras de ferro-ligas na França e Noruega . E diminui a produção de uma refinaria de níquel na China que operará só com 35% de sua capacidade , e reduziu em 20% a extração do mineral na Indonésia . Com a queda no consumo , a mineradora vai cortar também a produção de caulim no Pará, em 30% . Com a redução da produção de minério de ferro haverá uma perda de receita de US$ 350 milhões mensais , cerca de US$ 4,2 bilhão no ano que irá afetar a balança comercial brasileira . ( F S P , 1.11.2008 , p. B-1) .

Com a paralisação , as cidades de Barão de Cocais , Brumadinho e Nova Lima em Minas Gerais já perderem entre 10 e 20% de sua receita por conta da redução de produção e do pagamento menor da Cfem ( Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais ). Barão de Cocais , que teve a mina de Congo Soco fechada temporariamente perderá 20% de sua arrecadação em 2009 . ( F S P , 20.11.2008 ,p. B-4) .





ARRECADAÇÃO EM OUTUBRO



Em outubro a arrecadação bateu novo recorde , de R$ 65,49 bilhões , o que representa alta de 12,3% sobre o desempenho de outubro de 2007 . Depois de desacelerar em agosto e em setembro , a arrecadação voltou a subir em, outubro nos mesmos níveis do primeiro semestre . No acumulado do ano , a alta de recolhimento de tributos foi de 10,33% , somando R$ 576,59 bilhões, mesmo sem a CPMF . ( F S P , 20.11.2008 ,p. B-6) .



INFLAÇÃO EM OUTUBRO



O IGP 10 de outubro subiu 0,78% , contra deflação de 0,42% em setembro . A variação cambial já pressiona os preços . ( F S P , 17.10.2008, p. B-1) .

O IGPDI ficou em 0,86% , chegando a 9,4% no ano e 12,1% em 12 meses . O IPA ficou em 1,11% , o IPC em 0,13% e o INCC em 0,89% . ( F S P , 21.10.2008 , p. B-4) .

A alta do dólar e do IGP-M começou a ter impacto direto no consumidor brasileiro . A Aneel reajustou em até 16,36% a tarifa de energia de duas distribuidoras de São Paulo que atendem a 2,5 milhões de consumidores . Para os consumidores industriais da CPFL Piratininga , a tarifa sobe até 16,36% . Para consumidores residenciais o aumento é de14,01% . NO caso da Bandeirantes , o aumento para a indústria é de 14,82% e para os consumidores residenciais de 15,45% . A energia de Itaipu é cotada em dólar e o aumento da variação cambial teve impacto de 1,59% no reajuste da CPFL e de 1,46% no da Bandeirante . O uso de termelétricas acionadas no final de 2007 para conter o esvaziamento dos reservatórios das hidrelétricas teve peso de 2,3% na CPFL e de 3,16% na Bandeirante . ( F S P , 22.10.2008, p.B-5) .

O IGP-M passou de uma alta de 0,11% em setembro para 0,98% em outubro , cerca de 12,23% em 12 meses . O IGP-M é um dos principais índices usados para o reajuste do aluguel .O IPA subiu 1,24% no mês , o IPC 0,25% . ( F S P , 31.10.2008 , p. B-6) .

O IGP DI subiu 1,09% em outubro , ante alta de 0,36% em setembro . Os insumos para a indústria , principalmente o minério de ferro (16,11%), tiveram aumento significativo . ( F S P , 7.11.2008, p. B-5).

Em 2008 até 31 de outubro , o IGP DI avançou 9,51% , contra 5,23% do IPCA , O descolamento do IGP ante o IPCA reflete a virada do câmbio decorrente da crise econômica . O dólar em alta teve efeito mais forte no atacado do que no varejo . O IPA agrega etapas iniciais do processo de produção como o preço do grão de soja e do animal antes do abate e por isso o impacto do câmbio é sentido com maior vigor . Se o câmbio se estabilizar em R$ 2,20 a R$ 2,30 esse efeito tende a desaparecer em um ou dois meses . ( F s P , 24.11.2008 , p. B-7) .

O IPCA subiu 0,45% em outubro , contra 0,26% em setembro , segundo o IBGE . A taxa acumulada bateu em 6,41% perto do teto da meta de inflação para 2008 . ( F S P , 8.11.2008, p. B-1) .





DÍVIDA PÚBLICA EM OUTUBRO



Devido ao forte aperto fiscal promovido pelo governo, o déficit público alcançou em outubro o seu nível mais baixo já registrado no Brasil desde 1991 , quando o BC passou a calcular esta estatística com a atual metodologia . Entre janeiro e outubro de 2008 as despesas do setor público superaram as receitas em R$ 1,835 bilhão . O déficit nominal acumulado nos últimos 12 meses corresponde a 1,1% do PIB , também o mais baixo em 17 anos .

Com o crescimento da arrecadação, o setor público economizou R$ 132,9 bilhões nos primeiros dez meses do ano para pagar os juros de sua dívida , 24,7% a mais do que em 2007 . Com isso a dívida chegou ao final de outubro em R$ 1,088 trilhão , valor R$ 61,8 bilhões menor do que o saldo apurado no fim de 2007 . A relação dívida PIB passou a corresponder a 36,6% do PIB , o menor nível percentual desde 1998 ( F S P , 27.11.2008 , p. B-6) .





SELIC EM OUTUBRO



Em 29 de outubro o Copom decidiu por unanimidade manter a taxa Selic em 13,75% ao ano . Com o agravamento da crise internacional e seu impacto na oferta de crédito o comitê achou melhor aguardar um cenário mais definido , após passado o período de turbulência para decidir sobre a continuidade do aumento da taxa . ( F S P , 30.10.2008 , p. B-1) .

A ata da reunião todavia mostra que, apesar do agravamento da crise financeira , a preocupação com a inflação permanece praticamente inalterada , com o BC mantendo o diagnóstico de que o forte ritmo de crescimento da economia abre espaço para pressões inflacionárias . Esse problema é intensificado pela alta do dólar, que encarece matérias primas e produtos importados e pode ajudar a alimentar a inflação . O risco de pressão sobre os preços é maior em épocas de forte crescimento econômico , em que os consumidores se mostram mais dispostos a aceitar os reajustes promovidos pelas empresas . Isso significa que o Copom pode voltar a subir os juros na próxima reunião . ( F s P , 7.11.2008 , p. B-5) .

Como afirma Luiz Carlos Bresser Pereira , a única coisa boa para a economia brasileira nesta crise financeira global foi a depreciação do câmbio , que corrigiu uma taxa que havia se apreciado em demasia e fazia o país voltar à condição de déficit em conta corrente .

O efeito inflacionário da depreciação está sendo compensado pela queda dos preços das commodities e pelo rápido desaquecimento da demanda em curso . No caso brasileiro há amplo espaço de manobra para a política monetária devido à alta taxa de juros , ao contrário de EUA , Japão e países da Europa que já estão na clássica armadilha da liquidez , com juro próximo a zero . O Brasil deve aproveitar a oportunidade para fazer a taxa de juros caminhar para um patamar civilizado e se não o fizer poderá mergulhar o país em uma recessão . ( F S P , 8.12.2008 , p. B-2) .



LIMITAÇÕES DA POLÍTICA MONETÁRIA



Com a elevação da taxa básica de juros , aumentaram as pressões no mercado de crédito para subirem as taxas das linhas subsidiadas para investimentos .

A TJLP – Taxa de Juros de Longo Prazo do BNDES permanece congelada em 6,25% ao ano e já embute juro real negativo pois não cobre a inflação uma vez que o IPCA de 2008 está estimado em 6,58% . O dinheiro do BNDES vem de 40% do FAT ( Fundo de Amparo ao Trabalhador ), com custo de captação de 6,25% da TJLP e que é emprestada pelo BNDES com taxas que variam de 4,5 a 9,25% , mais um “spread” pelo risco do cliente e uma taxa de administração .

As taxas para o setor rural continuam congeladas em 6,75% desde junho de 2007 . O dinheiro destinado ao setor agrícola , destinado em sua maioria aos pequenos proprietários , vêm de 25% dos depósitos à vista das contas correntes , que não tem nenhuma remuneração , nem para repor a inflação e se os bancos não emprestam , vira depósito compulsório . É um subsídio bancado pelo sistema .

O setor imobiliário trabalha com taxas máximas de 12% mais a TR, o menor juro disponível para a pessoa física . Os recursos para o SFH são originários de 65% das cadernetas de poupança , que são remuneradas em 0,5% ao mês mais a TR.

Portanto , a política monetária só atinge a 70% do crédito brasileiro , sendo o restante subsidiado . ( F S P , 3.8.2008 , p. B-6) .





AUMENTO DO SUPERÁVIT PRIMÁRIO?



O Ministro da Fazenda Guido Mantega vem defendendo , nos bastidores do governo a realização de superávit nominal ainda em 2008 , ou seja ,uma economia suficiente para pagar todas as despesas do governo , incluindo a conta de juros da dívida pública .

Para que isso seja possível seria necessário segundo as projeções da Fazenda uma meta entre 5,8 e 5% do PIB . Já o Banco Central projeto 5,8% do PIB para que haja o superávit nominal . Como a meta oficial atual é de 3,8% , mais 0,5% para o chamado Fundo Soberano do Brasil, seria necessário uma redução efetiva nos gastos do governo para alcançar esta meta , estratégia de difícil implantação em ano eleitoral . ( F S P , 5.8.2008 , p. B-5) .

O governo , por portaria vai determinar que a contabilidade pública passe a adotar as normas contábeis consagradas internacionalmente o que na prática vai acabar com o conceito de superávit primário e passa a valer o conceito de resultado fiscal , hoje chamado de nominal .

O conceito de superávit primário só existe no Brasil e em alguns poucos países que seguiram esta recomendação do FMI . Mas o correto é deixar claro o total dos gastos do governo , o que incluiu os juros , pessoal e Previdência e por isso o conceito de resultado fiscal é um avanço . O objetivo é passar a trabalhar com a meta de resultado fiscal ( déficit zero) . ( F s P , 23,.08.2008 , p. B-13) .





BOLSA DE VALORES EM OUTUBRO



No dia 2 de outubro, mesmo com a aprovação do pacote financeiro pelo Senado americano a Bovespa despencou 7,34% fechando a 46.145 pontos . Credita-se a queda a dados desanimadores sobre a economia americana e à expectativa de que o pacote não será suficiente para estabilizar a situação no mercado financeiro . A Bovespa está com perdas acumuladas de 27,7% em 2008 .( F s P , 3.10.2008 , p. B-1 ) .

Em 3 de outubro nova queda de 3,53% , chegando a 44.517 pontos , queda acumulada de 12,34% na semana . Desde junho , os estrangeiros tiraram líquidos R$ 19,1bilhões da Bolsa , tornando 2008 o pior ano da história neste quesito . ( F S P , 4.10.2008, p. B-6) .

Em 6 de outubro de 2008 a Bovespa chegou a cair 15% e foi acionado o “circuit breaker “ ( interrupção automática do sistema de ordens do Bovespa ) por duas vezes . Em menos de um mês esse mecanismo foi acionado três vezes , no dia 29 de setembro e em 7 de outubro . Antes disso havia sido acionado pela última vez em 1999 .

O índice fechou o dia a 42.100 pontos , com queda de 5,43% , em seu mais baixo nível desde março de 2007 . Na mínima do dia chegou a bater em 37.616 pontos , em queda de 15,5% . A Bovespa acumula desvalorização de 34,10% no ano e desde 2002 não acumulava queda anual . ( F s P , 7.10.2008, p.B-3 )

Em 7 de outubro a Bovespa teve nova queda de 4,66% fechando a 40.139 pontos , o mais baixo nível desde novembro de 2006 . ( F s P , 8.10.2008, p. B-6) .

Em 8 de outubro nova queda de 3,85% , fechando a 38.593 pontos , o menor patamar desde outubro de 2006 , depreciação de 22,1% no mês . O mercado ainda reflete uma inércia vendedora . movida por quem quer sair para tentar minimizar os prejuízos . Mas houve um recorde de transações , 409,7 mil e o volume girado ficou em R$ 7,41 bilhão , acima da média do ano que tem ficado abaixo de R$ 6 bilhões . . Nos primeiros três dias de outubro , apesar de o mercado de fundos ter registrado saída líquida de R$ 1,74 bilhão , os fundos de ações tiveram captação de R$ 122 milhões segundo a Anbid ( F S P , 9.10.2008 , p. B-7)

Em 9 de outubro a Bovespa chegou a subir 4,9% , mas não resistiu à maior queda em 21 anos do índice Dow Jones , de 7,33% , a 8.579,19 pontos e encerrou o dia com perdas de 3,92% a 37.080 pontos . ( F s P , 10.10.2008, p. B-1) .

Em 13 de outubro, com a percepção da eficácia das medidas adotadas pelos governo europeus para combater a crise de liquidez dos bancos , a Bovespa teve alta de 14,66% no melhor pregão desde janeiro de 1999 . O Ibovespa fechou a 40.829 pontos . Mesmo assim a queda em outubro ainda é de 17,59% e no ano de 36,09% . Desde seu pico em 20 de maio de 2008 , de 73.516 pontos , as perdas chegam a 44,46% . ( F s P,14.10.2008 , p. B-6)

Em 14 de outubro a Bovespa escapou das perdas nos EUA e avançou 1,81% fechando a 41.569 pontos . ( F s P , 15.10.2008 , p. B-6) .

Em 15 de outubro a Bovespa teve desvalorização de 11,39% , a maior queda desde setembro de 1998 . O medo da magnitude da recessão que ameaça o mundo voltou ao centro das preocupações . Próximo às 14h30, após marcar perdas de 14,81% , foi acionado o “circuit breaker” , pela quinta vez em 2008 .

Com a queda a bolsa já acumula uma perda de 42,35% em 2008 ( F S P , 16.10.2008 , p. B-6) .

Em 16 de outubro nova queda de 1,06% com o pregão encerrando a 36.441 pontos . ( F s P , 17.10.2008, p. B-7) .

Em 17 de outubro a Bovespa fechou a 36.399 pontos , , baixa de 0,12% e alta de 2,22% na semana . ( F s P , 18.10.2008 , p. B-7) .

Em 22 de outubro novamente foi acionado o “circuit braker “ e o pregão terminou o dia com queda de 10,18% fechando a 35.027 pontos , em seu menor patamar desde setembro de 2006 . Todas as 66 ações do índice Ibovespa fecharam o dia com desvalorização . ( F S P , 23.10.2008 , p. B-12) .

Em 23 de outubro nova queda de 3,57% fechando a 38.818 pontos , o patamar mais baixo desde junho de 2006 . ( F S P , 24.10.2008 , p. B-9) .

Em 24 de outubro a Bovespa encerrou a semana com mais uma queda de 6,91% , perdas de 13,51% na semana , descendo para 31.481 pontos , patamar que não atingia desde novembro de 2005 . As perdas no ano já chegam a 50,72% e em dólares o índice Ibovespa registra depreciação de 62,23% em 2008 . ( F S P , 25.10.2008 , p. B6) .

Em 27 de outubro a Bovespa caiu mais 6,5% , fechando a 29.435 pontos , o menor nível desde outubro de 2005 . As perdas em outubro chegam a 40,58% e em 2008 a 53.93% . ( F S P , 28.10.2008 , p. B-7) .

Em 28 de outubro o ciclo de queda se inverteu fortemente . Ajudado pelo forte aumento do Dow Jones ( 10,88% 0 , a Bovespa teve valorização de 13,42% . ( F S P , 29.10.2008 , p. B-6) .

Em 29 de outubro mantendo a recuperação a Bovespa subiu 4,37% , fechando a 34.845 pontos . O mercado recebeu bem a redução de juros em 0,5 ponto do Fed e a manutenção da Selic no Brasil . ( F S P , 30.10.2008, p. B-8) .

Em 30 de outubro a Bovespa manteve a alta , valorizando 7,47% , fechando a 37.448 pontos , ganhos de 18,95% na semana , mas ainda queda de 24,41% no mês e 41,38% no ano . ( F S P , 31.10.2008 , p. B-6 .

Em 31 de outubro a Bovespa ensaiou uma recuperação , mas acabou fechando o dia com baixa de 0,51% , com 37.256 pontos , 49,3% abaixo da máxima histórica de 3.516 pontos registrados em 20 de maio . Com isso a queda acumulada em outubro ficou em 24,8% , sendo uma das maiores perdas registradas no mundo no período . Em seu quinto mês de baixa , a Bovespa registra depreciação de 41,68% no ano . ( F s P , 1.11.2008 , p. B-13) .



FUNDOS DE INVESTIMENTO



Os resgates acumulados nos fundos de investimento de janeiro a 10 de outubro de 2008 alcançaram os R$ 33,43 bilhões , o pior ano desde 2002 . O patrimônio dos fundos está, pela primeira vez no ano , menor do que o registrado no fim de 2007 . No dia 7 de outubro alcançava a R$ 1.113 trilhão , contra um saldo de R$ 1.157 trilhão em 31.12.2007 .

Os recursos estão indo para os CDBs , cujo estoque registrado na Cetip passou de R$ 360 bilhões em dezembro de 2007 para R$ 610 bilhões em outubro de 2008 . A poupança também registrou uma captação líquida de R$ 10 bilhões em 2008 , segundo dados do Banco Central . ( F s P , 13.10.2008, p. B-7) .



NOVAS MEDIDAS DO BANCO CENTRAL OUTUBRO



Em 13 de outubro o BC anunciou que está dispostos a liberar “ de acordo com as necessidades de liquidez dos mercados” , R$ 105,7 bilhões para o setor financeiro por meio do fim da cobrança de algumas modalidades do chamado depósito compulsório . Em uma primeira etapa , R$ 21,7 bilhões serão disponibilizados de imediato . Trata-se do valor a ser liberado devido à ampliação do “desconto “ dado às instituições financeiras que são obrigadas a recolher o compulsório . No caso dos CDB o abatimento de R$ 700 milhões no valor do compulsório foi ampliado para R$ 2 bilhões . Apenas dez instituições financeiras continuarão obrigadas a fazer o recolhimento e cem serão liberadas . ( F S P, 14.10.2008, p. B-3) .

Em 13 de outubro o Banco Central resolveu permitir às instituições que comprem títulos emitidos pelo setor privado que estejam na carteira de fundos de investimento , poderão abater o valor dessas operações do compulsória a ser recolhido ao BC .

O BC elevou ainda de R$ 2,5 para R$ 7 bilhões o valor máximo de patrimônio que um banco pode ter para ser classificado como sendo de menor porte , aumentando o número de instituições que poderão receber uma injeção de recursos de bancos menores , como também estendeu a iniciativa para os fundos . Os fundos já tiveram em 2008 saques de R$ 33,43 bilhões e como muitos fundos tem títulos do setor privado em carteira , como as debêntures , de pouca negociação no mercado , poderiam ter problemas de liquidez . ( F s P , 14.10.2008 , p. B-4) .

Todavia , o dinheiro liberado pelo BC desde o fim de setembro para contornar a crise e estimular a retomada dos empréstimos das instituições financeiras , especialmente as de pequeno porte , ainda está parado no caixa dos grandes bancos .

Em agosto, os bancos devolveram R$ 29,8 bilhões por dia ao BC . Ao longo de setembro , a demanda já havia subido para R$ 48,7 bilhões diários . Mas , depois da liberação dos compulsórios , esse volume aumentou para R$ 61,7 bilhões por dia e atingiu o recorde de R$ 70,666 bilhões . Em janeiro, esse mercado não girava mais de R$ 15 bilhões diários . Para priorizar o próprio caixa , os bancos diminuíram os empréstimos a outras instituições e mesmo a clientes importantes , elevando o custo do dinheiro disponível e secando o crédito no mercado . Grande parte desse dinheiro não emprestado , retorna ao Banco Central por meio das compras diárias de títulos públicos no BC. É o chamado “overnight” . ( F s P , 15.10.2008 , p. B-9) .

Depois de liberar R$ 60 bilhões e voltar a vender dólares para tentar compensar a falta de dinheiro no mercado financeiro, o BC pressiona os bancos para fazerem esses recursos circularem . Nos últimos dias , os diretores do BC intensificaram as conversas com as instituições financeiras . O BC tem exercido grande pressão sobre os maiores bancos que operam no varejo e tem extensa rede de captação de recursos e muitos clientes para tentar destravar o mercado , como Bradesco, Itaú , HSBC e Santander .

O Banco do Brasil e a CEF tem liderado as operações de compra de carteiras de crédito de instituições menores , mas os bancos do mesmo porte dos estatais estão reticentes .( F S P , 11.10.2008, p. B-11) .

Para pressionar os grandes bancos a irrigar a economia , em 30 de outubro de 2008 o BC decidiu limitar o pagamento da correção do depósito compulsório e determinou que apenas 30% do compulsório poderá ser recolhido pelos bancos por meio de títulos públicos .Os 70% restantes serão pagos em dinheiro e não receberão remuneração se ficarem parados no BC .

Com a mudança , os bancos terão duas opções . Deixar estes 70% no BC , sem remuneração ou usar os recursos para comprar carteiras de outras instituições . Se considera a Selic atual , a aplicação de R$ 28 bilhões renderia aos bancos cerca de R$ 3,9 bilhões por ano . Os 28 bilhões representam pouco mais de 10% do total da carteira de crédito dos bancos de pequeno e médio porte do país .( F S P , 31.10.2008 , p. B-1) .

Segundo nota da Febraban , as medidas do governo que liberaram mais depósitos compulsórios para as instituições já diminuíram “ a pressão sobre a liquidez . Os principais bancos já adquiriram 53 carteiras de crédito por cerca de R$ 4,85 bilhões , o que equivale a 16,4% dos R$ 29,5 bilhões que o BC liberou do compulsório para essas operações . ( F S P , 29.10.2008 , p. B-5) .

Até 19 de novembro de 2008 os bancos haviam comprado R$ 19,5 bilhões em carteiras de crédito de instituições financeiras de menor porte . Como foram liberados R$ 29,5 bilhões pelo BC para estas compras , R$ 10 bilhões não foram usados e recolhidos ao BC em novembro . ( F s p, 20.11.2008 , B-7) .





BANCO CENTRAL NOVAS MEDIDAS OUTUBRO



Em 16 de outubro o Banco Central tomou novas medidas para melhorar a liquidez:

O CMN autorizou o BC a conceder empréstimos em moedas estrangeiras a bancos que puderem oferecer garantias , desde que esses bancos usem estes recursos para financiar exportadores.

Bancos interessados em receber dinheiro do BC podem oferecer debêntures ( títulos emitidos por empresas ) como garantia .

O mercado não gostou do compromisso de repassar em dez dias úteis para seus clientes as linhas de crédito à exportação obtidas no leilão e não tinha muitos “global bonds” para oferecer em garantia e por isso pressionou o BC para vender mais divisas no mercado à vista .

O BC estendeu o desconto no compulsório a bancos que concederem empréstimos de curto prazo para instituições menores ,desde que esses bancos pequenos ofereçam como garantia parte dos empréstimos concedidos a seus clientes . ( F S P , 17.10.2008, p.B-1) .

O problema é que como as taxas de juros estão altas , os bancos preferem deixar seu dinheiro no BC do que correr riscos comprando ativos de outras instituições com medo de uma crise de crédito. Portanto à dinheiro , há liquidez, mas o dinheiro não circula pelo sistema bancário .

Por outro lado como as grandes empresas passaram a ter restrição do crédito no exterior , passaram a procurar no mercado interno , aumentando os juros pela maior procura ..

Em 20 de outubro , o BC destinou US$ 1,620 bilhão das reservas internacionais do país para o financiamento do comércio exterior . Por meio de um leilão, o dinheiro foi emprestado a quatro bancos , cujos nomes não foram divulgados , que terão quatro dias para repassar estes recursos para empresas exportadoras .

O empréstimo tem prazo de seis meses . Nesse período , os bancos pagarão ao BC juros equivalentes à Libor , hoje em cerca de 4% ao ano, mais uma taxa adicional de 0,11% ao ano . Antes do agravamento da crise as instituições financeiras estavam captando recursos no exterior pagando entre 0,2 e 0,3% mais a Libor . ( F S P , 21.10.2008 , p. B-3) .

Em 24 de outubro o BNDES afirmou que ajudará empresas exportadoras que enfrentam dificuldades após registrarem perdas com operações de derivativos de câmbio . O presidente do banco Luciano Coutinho, disse que a forma de auxílio será discutida caso a caso . ( F S P , 25.10.2008 , p. B-1) .

O Banco Central negocia com o Fed para tomar empréstimos em dólares com o objetivo de usar em suas intervenções no mercado brasileiro e evitar , com isso , uma redução nas reservas internacionais do país . Um dos artigos da MP 443 permite que o BC faça operações de “swaps” , recebendo dólares do Fed e dando em reais , e tendo como garantia os títulos do governo americano que o BC tem em seu poder. Com isso o BC poderá vender dólares no mercado sem diminuir suas reservas . ( F S P , 23.10.2008 , p. B-4) .

Segundo o presidente do banco Itaú , Roberto Setúbal, “ nós do Itaú , estamos operando num ritmo praticamente normal . Os bancos grandes estão operando normalmente . Tanto que os números do BC mostram que o desembolso no crédito caiu apenas 13% neste mês , em relação a setembro . Ou seja, 87% do que foi feito na área de crédito está sendo feito agora e setembro foi recorde . “ ( F S P , 24.10.2008 , p. B-7) .

O BNDES prepara uma linha de capital de giro para oferecer a companhias de diversos setores econômicos. As exportadoras que tiveram prejuízos por fazer apostas no mercado cambial poderão receber adiantamentos de parcelas de empréstimos que já tenham negociado junto ao banco . Segundo o presidente do BNDES , Luciano Coutinho “ O BNDES não está fazendo operações de socorro ... Nós não estamos bancando o prejuízo das empresas ... O apoio a essas empresas exportadoras - para que continuem exportando e investindo e [para] que não abandonem ou posterguem planos de investimento de maneira radical – é uma tarefa importante que se encaixa dentro da missão de um banco de desenvolvimento . “O INA , indicador do nível de atividade da indústria paulista teve alta de 3,7% em setembro , contra agosto , segundo levantamento da Fiesp . Sem ajuste sazonal , o INA teve acréscimo de 1,9% . Na comparação com setembro de 2007 , o indicador apresentou incremento de 7,7% e, no acumulado do ano 7,8% . ( F S P , 29.10.2008 , p. B-4) .





LIBERAÇÃO NO FGC OUTUBRO



Em 27 de outubro o BC , driblando seu próprio regimento permitiu aos bancos anteciparem cinco anos de contribuição ao FGC – Fundo Garantidor de Crédito , com isso liberando mais R$ 6 bilhões para os pequenos bancos .

O FGC é um fundo privado criado no final de 1995 , para garantir o saque do dinheiro dos clientes de bancos que quebrassem . É formado de contribuições dos bancos sobre os depósitos captados e cobre depósitos de até R$ 60 mil , no caso de quebra de uma instituição financeira .

Em dezembro de 2004 o BC alterou o regulamento do fundo , permitindo que ele atue como emprestador do mercado em momentos de dificuldade .

O fundo foi autorizado a usar 20% das reservas técnicas , mas de acordo com o regimento interno, o fundo só podia usar 15% das suas reservas técnicas para comprar créditos do sistema financeiro em momentos de dificuldade . Considerando o montante atual de R$ 16,8 bilhões , isso significa R$ 2,5 bilhões para essa finalidade , sendo que R$ 1 bilhão já foi usado para ajudar oito bancos . Se a contribuição antecipada fosse somada integralmente à reserva técnica ela aumentaria para R$ 22,8 bilhões , e o volume disponível para o BC atuar no mercado seria de pouco mais de R$ 3,4 bilhões . Mas o BC decidiu que o dinheiro das contribuições antecipadas será contabilizado de forma diferente e não integrará as reservas técnicas do fundo , sendo registrado como “realizável a longo prazo” e por isso haverá uma disponibilidade adicional de R$ 6 bilhões. O INA , indicador do nível de atividade da indústria paulista teve alta de 3,7% em setembro , contra agosto , segundo levantamento da Fiesp . Sem ajuste sazonal , o INA teve acréscimo de 1,9% . Na comparação com setembro de 2007 , o indicador apresentou incremento de 7,7% e, no acumulado do ano 7,8% . ( F S P , 28.10.2008 , p. B-1) .

Essa medida terá um custo adicional ao BC de R$ 825 milhões por ano, que é o valor potencial dos juros que terão de ser pagos sobre os adiantamentos. O INA , indicador do nível de atividade da indústria paulista teve alta de 3,7% em setembro , contra agosto , segundo levantamento da Fiesp . Sem ajuste sazonal , o INA teve acréscimo de 1,9% . Na comparação com setembro de 2007 , o indicador apresentou incremento de 7,7% e, no acumulado do ano 7,8% . ( F S P , 29.10.2008 , p. B-4) .



CRÉDITO A BANCOS DEVEDORES OUTUBRO



Com a Medida Provisória 442, batizada de “Proer do Lula” , o Banco Central pode fazer empréstimos mesmo que as instituições financeiras estejam devendo ao governo .

Na MP editada , a exceção fica para a dívida com a Previdência porque a Constituição determina que empresas devedoras da seguridade social não poderão receber do poder público benefícios fiscais ou creditícios .

A medida provisória prevê que , no caso de inadimplência , o BC poderá “alienar os ativos recebidos” , ou seja , os ativos ficam excluídos de qualquer processo de liquidação , intervenção ou recuperação judicial ou extrajudicial a que o banco seja submetido . Isso evita o problema do BC tornar-se credor de massas falidas , como no caso do Proer , lançado em 1995 que até hoje o banco tem créditos a receber das massas falidas do Econômico e do Nacional . ( F S P , 8.10.2008, p. B-9) .

Com a regulamentação da medida pelo CMN , o BC terá carta branca para gastar o valor que julgar necessário para socorrer instituições financeiras que estejam com dificuldades , desde que receba em troca garantias de que o empréstimo vá efetivamente ser pago . Além disso , o BC também terá poder de intervir diretamente na administração dos bancos que forem socorridos , tendo poder, por exemplo para suspender reajustes salariais para os executivos da instituição e limitar a distribuição de dividendos aos acionistas .

Tanto nos financiamentos em dólar quanto em reais , o prazo para que os bancos paguem de volta ao BC não pode ultrapassar um ano . Se após o vencimento , a instituição financeira não tiver como quitar o compromisso , o BC assume definitivamente os ativos entregues como garantia e poderá vendê-los no mercado para cobrir suas perdas . Caso, mesmo assim, as garantias não sejam suficientes para compensar o prejuízo causado pela falta de pagamento , a diferença será coberta pelo Tesouro Nacional .

No caso de socorro em reais , o BC só aceitará como garantia , carteiras com baixa probabilidade de inadimplência - classificadas nos primeiros três dos nove níveis de risco estabelecidos de acordo com critérios do próprio BC. ( F S P , 10.10.2008 , p. B-4) .

Em 8 de outubro em mais uma medida para injetar dinheiro no mercado , o BC elevou o valor a ser abatido no cálculo do recolhimento compulsório sobre depósitos a prazo de R$ 300 milhões para R$ 700 milhões . A mudança vai deixar isentas do compulsório 12 das 26 instituições financeiras sujeitas a este tipo de obrigação e deve liberar no mercado mais R$ 6,3 bilhões .

Além disso , foi reduzida de 8 para 5% a alíquota adicional cobrada sobre os depósitos a prazo e os saldos em conta corrente . Esta medida deve liberar mais R$ 16,9 bilhões no mercado .

De cada 100 depositados em conta corrente R$ 45,00 são recolhidos ao BC por meio do depósito compulsório e agora mais 5% de exibilidade adicional. Nos depósitos a prazo de cada R$ 100 são recolhidos R$ 15 por meio de depósito compulsório e agora mais R$ 5 de exibilidade adicional e na caderneta de poupança , de cada r$ 100 , R$ 20 é recolhido por meio de depósito compulsório e R$ 10 por meio de exigibilidade adicional .( F s P , 9.10.2008 , p. B-4) .

Um banco brasileiro pode emprestar no máximo nove vezes o seu capital , enquanto o BIS , o banco central dos bancos centrais é menos rigoroso . Nos EUA , os bancos comerciais , antes da crise emprestavam até vinte vezes o seu capital e os bancos de investimento até quarenta vezes . Os bancos brasileiros que estão enfrentando problemas são apenas bancos pequenos em face da interrupção das linhas de crédito internacional . ( Veja, 29.10.2008 , p. 82) .



COMPRA DE CARTEIRAS



O Banco do Brasil confirmou a compra de carteira de crédito consignado . Em 13 de outubro o Bradesco confirmou a compra de uma carteira de crédito consignado e outra de financiamento de veículos . O Unibanco adquiriu duas carteiras de consignado com a co-obrigação das instituições , o que significa que estes bancos serão uma espécie de garantidores em caso de inadimplência . A CEF analisa a compra de 10 carteiras de crédito consignado .A Nossa Caixa manteve seu programa de compra de R$ 100 milhões mensais de carteiras de crédito consignado do BMG . ( F s P , 14.10.2008 , p. B-5) .

Economistas vêem com temor a pressão sobre os bancos oficiais pois eles podem acabar pegando a parte dos financiamentos de maior risco e depois terem problemas com o aumento da inadimplência em um período de desaceleração .





DOLAR EM OUTUBRO



Em 2 de outubro de 2008 o dólar chegou a R$ 2,023 , cerca de 62 dias após descer ao piso de R$ 1,559 . Só no dia 2 a moeda americana subiu 5,09% , deixando claro a especulação em curso . Desde 1. de agosto o dólar aumentou quase 30% , tornando o risco cambial brasileiro um dos ativos de maior volatilidade no mundo . ( F S P , 3.10.2008 , p. B-1) .

O real foi a moeda que mais se desvalorizou ante o dólar no mês de setembro . A queda foi de 22,88% , contra 8,88% do peso chileno , 7,89% do peso colombiano , 7,07% do dólar australiano , 6,53% do peso mexicano , 4,80% do Euro e 1,07% do novo sol peruano . O iene teve valorização de 2,12 % . ( F S P , 4.10.2008 , p. B-6) .

Em 6 de outubro o dólar teve a sua maior alta em quase dez anos . Chegou a 2,198 , na maior valorização em um único dia desde 29 de janeiro de 1999 : 7,42% . A saída de recursos de estrangeiros para cobrir perdas somou-se à aposta por parte de alguns bancos e corretoras , em uma alta ainda maior da moeda americana .( F S P , 7.10.2008, p. B-7) .

Em 09 de outubro o BC realizou dois leilões de venda de divisas e um de contratos de “swap” cambial e o dólar recuou 3,59% , fechando a R$ 2,198 . ( F s P , 10.10.2008 , p. B-5) .

Em 10 de outubro o dólar terminou a semana com alta de 5,27% vendido a R$ 2,314 , a maior cotação desde 31 de maio de 2006 . O BC vendeu US$ 589 milhões em contratos de “swap cambial” e realizou 3 leilões de venda de moeda no mercado à vista, mas o montante injetado no mercado foi de aproximadamente US$ 770 milhões , enquanto na quarta e na quinta feira ficou entre US$ 1,5 e US$ 2 bilhões . ( F s P , 11.10.2008 , p. B-6) .

As vendas de produtos importados de atacadistas para os supermercados foram suspensas a partir de 8 de outubro pela dificuldade de estabelecer preços face á grande variação do dólar . Os atacadistas vão aguardar um tempo até verificar em que patamar a cotação irá se estabilizar . ( F S P , 10.10.2008 , p. B-8) .

Para o FMI , a escalada do dólar no Brasil deve-se a um “overshooting” ( especulação exagerada que provoca alta de preços ) de investidores e operadores no mercado de câmbio do país . Apesar de as contas externas do Brasil estarem no vermelho, o país não deve ter nenhuma dificuldade para financiá-las com dólares de fora de investimentos produtivos e especulativos . Para Anoop Singh , diretor do Departamento para o Hemisfério Ocidental do FMI “ o que vimos na região foram quedas e até mesmo interrupções nos mercados acionários . Mas não houve nenhuma quebra no sistema de financiamento , como ocorreu nos países avançados “;( F s P , 11.10.2008 , p. B-7) .

Em 9 de outubro o grupo Votorantin reconheceu perdas de R$ 2,2 bilhões . Porém , em 13 de outubro foi divulgado que o governo tem informações de que pelo menos 220 empresas estão em situação de risco pelo mesmo motivo , com perdas totais estimadas em R$ 40 bilhões . ( F S P , 14.10.2008 , p. B-5) .

A empresa anunciou em 30 de outubro que ainda tem exposição cambial de US$ 2,4 bilhões . O prejuízo destes contratos dependerá do comportamento do câmbio e deve variar entre US$ 1 bilhão ( dólar a 2,20) a US$ 491 milhões ( dólar a 1,95) . ( F S P , 31.10.2008 , p. B-10 .

Algumas empresas culpam o Banco Central por tê-las “induzido” a concluir que a cotação do real em relação ao dólar permaneceria estável . Por sua vez os diretores do BC afirmam que se cansaram de avisá-las de que as circunstâncias mundiais estavam mudando para pior e que o carry trade perderia sua atratividade , trazendo como conseqüência a perda do valor do real . ( Veja, 15.10.2008, p. 114) .

Porém, com a queda do real, as empresas passaram a se desfazer das apostas e passaram a comprar dólares no mercado futuro , para se proteger de novas altas da moeda americana o que aumentou a demanda por dólares e puxou as cotações .

A queda nos preços das commodities reduziu a receita de exportações e o volume de entrada de dólares e o aumento do fluxo de remessa dos lucros e dividendos das multinacionais para cobrir prejuízos em suas matrizes foram outros fatores de pressão sobre o câmbio . De janeiro a outubro, segundo o Banco Central , saíram US$ 7,5 bilhões a título de remessa de lucro , 70% a mais do que no mesmo período de 2007 . ( Exame, 17.12.2008 , p. 185) .

Em 13 de outubro de 2008 , com o anúncio das medidas dos governos europeus para conter a crise , o dólar teve queda de 7,3% , vendido a R$ 2,145 , o menor valor desde o dia 3 de outubro de 2008 . ( F s P , 13.10.2008 , p. B-6) .

Em 14 de outubro com nova venda de moeda pelo BC , a cotação recuou 2,42% , chegando a R$ 2,093 . ( f s P , 15.10.2008 , p. B-6) .

Em 15 de outubro o dólar voltou a subir , chegando a R$ 2,166, com alta de 3,48% e valorização acumulada no mês de 13,8% e no ano de 21,2% . O aumento ocorreu apesar das intervenções do Banco Central e deve-se ao aumento dos temores com relação á recessão mundial. ( F s P , 16.10.2008 , p, B-6) .

Em 21 e 22 de outubro o dólar voltou a subir , respectivamente 4,99% e 6,67% , chegando a R$ 2,38 , o maior valor desde 19 de dezembro de 2005 acumulando alta de 33,9% no ano e de 52,6% desde 1.ªº de agosto . ( F S P , 23.10.2008 , p. B-9) .

Em 23 de outubro o dólar chegou a R$ 2,52 e após intervenção do BC recuou e fechou a R$ 2,305, com baixa de 3,15% . O BC anunciou que está dispostos a injetar até US$ 50 bilhões no mercado para conter a alta da moeda , que vem desestabilizando empresas e a economia como um todo .

A intervenção anunciada será por meio de “swap cambial” . Quando vende um contrato de “swap cambial” , o BC se compromete a pagar aos bancos toda a variação apresentada pela cotação do dólar em um determinado período . Em troca, recebe uma taxa de juros pré-determinada . Embora todos os pagamentos sejam em reais , a transação equivale a uma venda de dólares . Desde o último dia 6 de outubro o BC já fechou US$ 16,2 bilhões em contratos deste tipo . ( F s P , 24.10.2008 , p. B-1) .

Em 24 de outubro o dólar encerrou a semana com alta de 0,95% , vendido a R$ 2,327 . Na semana a depreciação do real foi de 9,76% , apesar da intensificação das intervenções do Banco Central. ( F S P , 25.10.2008 , p. B-3) .

Em 27 de outubro o BC despejou mais US$ 2,3 bilhões no mercado , derrubando em 3,57% a cotação do dólar que ficou em R$ 2,244 . O BC ofereceu US 1.113 bilhão em dois leilões de swap cambial e três leilões de dólares no valor de US$ 1,2 bilhão, com compromisso de recompra . ( F S P , 28.10.2008 , p. B-7) .

Em 28 de outubro nova queda de 2,5% fechando a R$ 2,188 , sendo que o BC vendeu apenas US$ 497,6 milhões em contratos de “swap” cambial . ( F S P , 29.10.2008 , p. B-6) .

Em 29 de outubro o dólar recuou mais 2,06% , fechando a R$ 2,14 , acumulando queda de 7,9% na semana . O BC voltou a realizar leilão , onde vendeu US$ 1,084 bilhão em contratos de swap cambial , ou seja , o dólar está caindo apenas com operações de swap .. ( F S P 30.10.2008 , p. B-9) .

Em 30 de outubro o dólar recuou mais 1,77% , queda de 9,5% na semana .O BC negociou aproximadamente US$ 1 bilhão em “swap” cambial e US$ 860 milhões em dólares com compromisso de recompra . Foram usados até o dia 30, US$ 32,8 bilhões para intervir no mercado de câmbio , dos quais apenas US$ 4,5 bilhões saíram das reservas internacionais que estão em US$ 203 bilhões. ( F S P , 31.10.2008 , p. B-6 .

Em 31 de outubro o dólar subiu 2,6% fechando o mês a R$ 2,16 . Mas na semana , a moeda recuou 7,18% em relação ao real. Apesar do recuo o dólar registra apreciação de 21,55% em 2008 . No dia a intervenção do BC se limitou à venda de US$ 440 milhões em contratos de “swap “ cambial . ( F s P , 1.11.2008 , p. B-13) .





PERDAS COM CÂMBIO OUTUBRO



Em setembro de 2008 a Sadia reconheceu perdas de R$ 760 milhões com operações de câmbio . Em seguida a Aracruz Celulose reconheceu perdas de R$ 1,9 bilhão . A demora para acertar a situação elevou as dívidas da Aracruz de R$ 1,95 bilhão para R$ 4,5 bilhões .

Em 9 de outubro o grupo Votorantin reconheceu perdas de R$ 2,2 bilhões . Porém , em 13 de outubro foi divulgado que o governo tem informações de que pelo menos 220 empresas estão em situação de risco pelo mesmo motivo , com perdas totais estimadas em R$ 40 bilhões . ( F S P , 14.10.2008 , p. B-5) .

A empresa anunciou em 30 de outubro que ainda tem exposição cambial de US$ 2,4 bilhões . O prejuízo destes contratos dependerá do comportamento do câmbio e deve variar entre US$ 1 bilhão ( dólar a 2,20) a US$ 491 milhões ( dólar a 1,95) . ( F S P , 31.10.2008 , p. B-10 .

Algumas empresas culpam o Banco Central por tê-las “induzido” a concluir que a cotação do real em relação ao dólar permaneceria estável . Por sua vez os diretores do BC afirmam que se cansaram de avisá-las de que as circunstâncias mundiais estavam mudando para pior e que o carry trade perderia sua atratividade , trazendo como conseqüência a perda do valor do real . ( Veja, 15.10.2008, p. 114) .

Bancos brasileiros e estrangeiros estão renegociando esses débitos com as empresas e devem conceder novos empréstimos em reais e prazos mais longos . O objetivo é evitar que as empresas entrem com ações na Justiça contestando essas operações . Em outubro , o banco Credibel , do grupo Splice , obteve da Justiça liminar para não pagar a variação cambial em contratos fechados com o banco Itaú BBA . ( F S P , 17.10.2008 , p. B-1) .

Segundo Sidnei Nehme , diretor da corretora NGO, há uma “desconfiança” , contra as empresas exportadoras , porque o mercado não sabe o grau de comprometimento delas com operações de derivativos . Para desmontar essas operações , as empresas que apostaram no real, tem agora de atuar na ponta oposta , o que realimenta ainda mais a alta do dólar . ( F S P , 24.10.2008 , p. B-4) .

A mecânica dos contratos surpreende pela desvantagem para com as empresas e torna difícil entender como executivos de empresas tradicionais no mercado foram capazes de assinar um negócio em tais condições . Isto porque , com um contrato a empresa antecipava parte do que iria receber de exportações ao longo do ano . Ao mesmo tempo , fazia uma operação especulativa no mercado futuro . Pela operação , a partir de um determinado valor fixado para a cotação do dólar , se o dólar ficasse abaixo desse valor de referência o banco pararia á empresa a diferença entre esse valor e o preço do dólar no dia do vencimento do contrato , porém o prejuízo do banco era limitado a um teto , geralmente inferior à metade do valor da operação durante todo o período de vigência do contrato . Se o valor ultrapassasse este limite o contrato seria encerrado.

Por sua vez , na situação inversa , dólar acima do valor de referência , a empresa é que deveria pagar o valor para o banco , mas multiplicado por dois e sem teto para as perdas da empresa . O empresário tem uma possibilidade de ganho limitada , ou seja o valor máximo é prefixado e limitado , enquanto do lado do banco a possibilidade de ganho é ilimitada , vinculada à variação cambial .

Trata-se portanto de um contrato ilegal pois estabelece condições diferentes para as duas situações e principalmente por estabelecer um teto de prejuízos em um caso e nenhum teto em outro . O contrato apresenta claramente desequilíbrio entre as partes , o que pode ser contestado judicialmente .

Portanto , com certeza , a maior parte das empresas prejudicadas deverá questionar judicialmente estas cláusulas , com grande probabilidade de vencer a causa . ( Exame, 5.11.2008, p. 160-161) .

Para o presidente do BC Henrique Meirelles “ De um lado , essas empresas enfrentam perdas nos mercados de derivativos ; por outro , terão maiores receitas de exportação . Mas isso é uma questão de equacionamento financeiro dessas empresas com seus respectivos balanços “ . ( F S P , 23.11.2008 , p., B-4) .

Porém, com a queda do real, as empresas passaram a se desfazer das apostas e passaram a comprar dólares no mercado futuro , para se proteger de novas altas da moeda americana o que aumentou a demanda por dólares e puxou as cotações .





INDÚSTRIA EM OUTUBRO E A VARIAÇÃO CAMBIAL



Fabricantes de produtos eletrônicos como TVs, DVDs e computadores , de bens de capital e de alimentos em outubro de 2008 estão com dificuldades para definir preços por conta da forte variação na taxa de câmbio que nas últimas três semanas apresentou 21% de desvalorização do real .

Segundo Lourival Kiçula , presidente da Eletros , associação da indústria eletroeletrônica , “ ninguém consegue fazer preço neste momento , e o setor vive uma espécie de estagnação . A desvalorização do real foi muito violenta e fica difícil estabelecer preços de venda . “ A desvalorização do real favorece o exportador , mas não quando ocorre de forma brusca . ( F s P , 8.10.2008, p. B-7) .

O ICI – Índice de Confiança da Indústria da FGV , caiu 11,7% em outubro , ao passar de 120,2 para 106,1 pontos . Trata-se do pior índice desde janeiro de 2007, sem ajuste sazonal . Segundo o coordenador de pesquisas e análises econômicas da FGV , o indicador mostra que a crise financeira global “ chegou ao mundo produtivo” . Em compensação, segundo ele , os indicadores de sondagem apontam uma desaceleração na economia brasileira , mas não uma recessão . ( F S P , 30.10.2008 , p. B-19) .

A indústria automobilística teve em outubro a sua primeira queda no ano em comparação com o mesmo mês de 2007 . No mês foram licenciados 239.267 unidades ( entre automóveis, comerciais leves , caminhões e ônibus ), contra 244.457 em outubro de 2007 , uma queda de 2,12% . Em relação a setembro de 2008 houve decréscimo de 11% .

O problema não é de demanda que continua aquecida , mas de disponibilidade de crédito , devido á redução de prazos , taxas de juros mais elevadas e maior valor de entrada . ( F S P , 4.11.2008 , p. B-12) .

No mês foram produzidos 296,3 mil veículos , um decréscimo de 0,3% em relação a outubro de 2007 . ( F s P , 7.11.2008 , p. B-4) .

Segundo o IBGE a produção da indústria em outubro caiu 1,7% em relação a setembro, na taxa livre de influências sazonais , na maior queda desde novembro de 2007 (-2,1%) . O resulta praticamente anula a expansão de 1,5% registrada em setembro .

Ante outubro de 2007 , a indústria cresceu 0,8% , a mais modesta taxa desde dezembro de 2006 (0,3%). Em setembro a expansão havia sido de 9,7% . A freada na indústria já sinaliza uma contração do PIB no último trimestre do ano.

Diante da crise cerca de 118 indústrias que paralisaram as linhas de produção . Em outubro de 2007 , esse número era menor , de 68 . ( F S P , 3.12.2008 , p. B-1) .

Segundo avaliação do IEDI , Instituto de estudos para o desenvolvimento Industrial , o padrão de crescimento do setor industrial nos últimos anos , foi quebrado em outubro pela crise financeira internacional . Segundo Rogério Cesar Souza , economista do instituto , já eram esperadas quedas na atividade da indústria em outubro , mas os efeitos da crise global foram mais generalizados do que se supunha .

O IBGE demonstra que o impacto atingiu setores inteiros , como o da indústria de bens duráveis ( como eletrodomésticos e veículos ) , de bens intermediários ( insumos industriais ) e de bens de capital ( máquinas e equipamentos ) , a última a que apresentava desempenhos mais fortes . ( F S P , 3.12.2008 , p. B-3) .

A produção industrial em outubro registrou queda em 10 das 14 regiões pesquisadas pelo IBGE na comparação com o mês anterior . Só foram registradas variações positivas na produção do Pará (3,1%), Goiás ( 2,5%), Ceará ( 1,3%) e Paraná ( 1,2%) . ( F S P , 6.12.2008 , p. B-7) .

O faturamento da indústria caiu 0,2% entre setembro e outubro , descontada a influência sazonal do período . As horas trabalhadas recuaram 0,3% e o emprego apresentou avanço de 0,1% .( F s P , 5.12.2008 , p. B-7) .



PROPOSTA DO CONSELHÃO



O Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social em documento sugere ao presidente Lula que o Banco Central intensifique sua atuação para a estabilização do câmbio e uma intervenção mais ativa nos bancos públicos e privados para restabelecer o crédito voltado às atividades produtivas e ao comércio .

Também são recomendadas a suspensão do ciclo de alta da taxa de juros já na próxima reunião do Copom e a manutenção do ritmo de crescimento dos investimentos públicos e do compromisso com o PAC . ( F S P , 22.10.2008, p. B-2) .



MP PARA ESTATIZAR EMPRESAS



O governo editou em 22 de outubro uma medida provisória que permite que o Banco do Brasil e a CEF comprem bancos e empresas com problemas . A MP 443 permite a compra sem licitação de bancos e todas as empresas financeiras ligadas a eles como seguradoras , companhias de previdência privada , de capitalização , além de corretoras e administradoras de cartões .

As operações da CEF poderão envolver outros setores sem relação com finanças . Para isso, a empresa criará uma nova estatal, um banco de investimento a Caixa Par , que atuará no segmento empresarial e terá uma área específica para comprar participações acionárias .

Como é um banco controlado 100% pelo Tesouro , a Caixa não é obrigada a seguir as regras de mercado impostas pela CVM para quem negocia suas ações em Bolsa . Com isso , todas as compras e ações desse novo banco , não precisarão ter a transparência exigida, por exemplo , do BB , que tem que comunicar os acionistas sobre qualquer operação que esteja negociando. ( F s P , 23.10.2008 , p. B-1) .

Para alguns analistas a medida é menos transparente que o Proer. Isso porque o governo se autoconcedeu poderes para reerguer ou assumir um banco quebrado sem revelar quanto gastou , porque gastou , como gastou e até com quem gastou , por emergência financeira , por estratégia empresarial , por conveniência política ou por convicção ideológica .

Para a presidente da CEF Maria Fernanda Ramos Coelho , “ É bom para o país . O mercado terá mais opção de financiamento para o setor da construção . Nos últimos anos , essas empresas se capitalizaram fazendo IPO . Só que estamos num momento em que isso não é possível, e a empresa não vai ter recurso. A Caixa é mais uma alternativa ... Não há risco de a CaixaPar ser uma caixa preta . As análises serão baseadas em valores de mercado . O banco de investimento [ no qual a CaixaPar estará vinculada ] terá um balanço diferenciado . Tudo será segregado . Será da mesma forma que acontece com o FGTS . As contas serão separadas e estará tudo lá . ( F S P , 24.10.2008 , p, B-8) .

Para Roberto Setúbal, presidente do Itaú , a medida é positiva . “ Ninguém é obrigado a vender o banco . Num momento como esse , com essa falta de liquidez, é mais uma alternativa para o empresário em dificuldade . Se alguém quiser vender o banco , vai procurar a melhor alternativa . ( F s P , 24.10.2008, p. B-7).

Segundo o presidente do Banco do Brasil , Antonio Francisco Lima Neto , “ Em hipótese alguma , compraremos ‘mico’ . Temos uma boa governança , uma administração que tem dado provas concretas de boa gestão do banco . A medida provisória não trouxe uma surpresa para o banco – ela veio como uma estratégia de olhar oportunidades . É o compromisso do governo é ter um banco eficiente . ( F S P , 26.10.2008 , p. B-5) .

A MP 443 foi aprovada na Câmara em 12 de novembro com restrições . Os bancos públicos terão até 30 de junho de 2011 para comprar instituições financeiras em dificuldades . O prazo pode ser prorrogado por mais um ano . Fica obrigada a contratação de consultorias para avaliar o preço a ser pago nas compras . A CEF e o BB não poderão ser sócios de construtoras , apenas de empreendimentos . Foi criada uma comissão de fiscalização do Congresso para acompanhar as compras feitas . ( F S P , 13.11.2008, p. B-3) .



VENDA DE RESERVAS



Pela primeira vez em cinco anos , em 8 de outubro , o BC realizou um leilão de venda de reservas para reduzir a cotação do dólar após a moeda chegar ao pico de R$ 2,48 . O BC realizou três leilões de divisas e conseguiu derrubar a cotação para R$ 2,28 , queda de 1,34% . O montante negociado deve ter ficado entre US$ 1,3 e US$ 1,7 bilhão . Além disso , o BC vendeu mais US$ 1,3 bilhão em contratos de “swap” cambial , numa transação que equivale a venda de dólares no mercado futuro .

No mercado cambial os importadores não querem comprar dólares para quitar suas obrigações na esperança que o preço baixe . Por sua vez os exportadores não tem muito o que vender , já que suas linhas de crédito secaram e acabam segurando o que resta para tentar obter cotações melhores .

Muitas empresas que fizeram operação arriscadas de hedge , por meio de mecanismos complexos haviam se comprometido a vender dólares para bancos em quantidade que na verdade não possuíam e agora precisam correr para comprar moeda e honrar seus compromissos . Estima-se perdas de US$ 40 bilhões . ( F s P , 9.10.2008 , p. B-3) .



COMÉRCIO EXTERIOR EM OUTUBRO



O saldo comercial de outubro somou US$ 1,2 bilhão , o pior resultado mensal desde março de 2008 . No acumulado do ano o saldo é de US$ 20,8 bilhões , 40% menor do que no mesmo período de 2007 .

As importações somaram US$ 17,3 bilhões , em outubro, 40% maiores do que no mesmo mês de 2007 . Em comparação com setembro se mantiveram estáveis . As exportações somaram US$ 18,5 bilhões , o pior resultado desde maio . Se comparado com o mesmo mês de 2007 , elas cresceram 17,4% . Mas na comparação com setembro de 2008 houve queda de 7,5% . ( F S P , 4.11.2008 , p. B-11) .



DINHEIRO DO FED



O Fed – federal Reserve , anunciou em 29 de outubro que colocou US 30 bilhões à disposição do Banco Central do Brasil para intervenções no mercado de câmbio . Pacotes do mesmo valor foram liberados para Cingapura, Coréia do Sul e México .

O BC brasileiro recebe dólares do Fed e em troca , entrega um montante equivalente em reais . Os recursos estarão disponíveis até abril de 2009 . ( F S P , 30.10.2008, p. B-5) .

Para o economista Carlos Geraldo Langoni da FGV , essa é uma chancela até mais significativa do que o grau de investimento conquistado em abril , pois “ ninguém vai fazer um swap sem garantias e condicionalidades , a não ser com países em que se confia inteiramente “ . ( Veja, 5.11.2008 , p. 72) .

O BC não vai usar os dólares , a não ser que as reservas internacionais se esgotem o que é pouco provável , portanto trata-se de uma concessão preventiva e não em meio a uma crise cambial .

Conforme Maílson da Nóbrega, no comunicado o Fed diz que as operações visaram a “evitar que se propague a dificuldade de obter recursos em dólares em economias fundamentalmente saudáveis e bem geridas”. Foi um atestado inequívoco de nossa maioridade macroeconômica .” ( Veja, 19.11.2008 , p. 98) .



SAÍDA DE DÓLARES EM OUTUBRO



A saída de dólares em outubro foi a maior já registrada pelo BC desde janeiro de 1999 , mês em que uma crise cambial culminou na maxidesvalorização do real . Em outubro , as remessas feitas ao exterior superaram os ingressos em US$ 4,639 bilhões . ( F S P , 6.11.2009, p. B-5) .

Em outubro saíram da Bovespa US$ 6,1 bilhões. Apesar dos juros altos pagos pelo governo pelos títulos públicos foram resgatados US$ 1,7 bilhão . ( F S P , 25.11.2009 , p. B-8) .



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