O recém eleito presidente do Paraguay, Fernando Lugo, e bispo licenciado pelo Vaticano para tomar posse do seu mandato, proporcionou mais um desconforto ao clero. Ele reconheceu legalmente o filho de dois anos, que teve quando ainda era bispo católico. Não conseguiu continuar escondendo o seu segredo. A ocorrência de tantos casos de filhos adulterinos, somados aos rumorosos escândalos de pedofilia envolvendo padres e bispos, merecia uma maior reflexão do Vaticano. O celibato não é um dogma da igreja, mas uma disciplina e se baseia apenas numa tradição secular. Até o século IV, não havia nenhuma lei que obrigasse o celibato entre os sacerdotes, e os padres eram livres para se casarem. A partir do Concílio de Latrão, no ano de 1123, o celibato passou a ser obrigatório. Não foi pregado nem por Jesus, nem pelos seus discípulos; ao contrário, ele apoiou a instituição do casamento ao pronunciar a histórica expressão “crescei e multiplicai-vos”. Por ser contra a natureza do homem e da mulher, o celibato deveria ser uma opção muito pessoal e jamais por imposição. O desejo e a relação sexual, especialmente entre casais que se amam, são muito fortes e prazerosos; é um impulso natural que a sábia mãe natureza proporcionou aos homens e mulheres para a perpetuação da sua espécie. E a natureza, como o Universo, tem a sua origem nesta força suprema e incognoscível que aprendemos a chamar de Deus. O celibato clerical não trouxe nenhum benefício à Igreja e aos seus clérigos, muito pelo contrário. Porque então insistir em manter esta tradição, que tantos problemas vêm causando à Igreja? Seria oportuno, à luz destes novos tempos, que o Vaticano decidisse pelo fim do celibato. Acredito que católicos e sacerdotes ficariam felizes.
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