Ao amigo Cícero, pessoa dotada de sensibilidade poética e humana
Cícero Guerra
Por quem espera?
Por que se esmera
em se distanciar como fera
do predador obstinado
Sem se deixar ser levado
pela voz ou pela vez,
pelo passo ou pelo acaso.
Talvez seja inútil fugir,
Mais difícil ainda fingir,
O querer que te envolve
O desejo que dissolve,
Toda tensão existente
Todo medo premente
Devolvendo a alegria,
Provocando a fantasia
extasiante da magia.
Por que guerreias então?
Laureado pela solidão
Fechado em si mesmo
Numa batalha a esmo,
Se de ti sai a chama
de vida, que emana
Dos versos doces
Das palavras fortes
Da sutileza dos toques
Que tua alma sem igual
alijada de todo mal
Generosamente entrega
Quase que cega
Pelo amor que carrega
no peito, enclausurado
Teimosamente negado.
Cícero Guerra,
Por que então espera?
Se o que queres já é teu
(quisera fosse meu)
"Abaixo de ti,
Apenas o céu".
|