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Artigos-->BRECHT nem só de moral vive o homem(texto escrito em l998) -- 04/01/2002 - 13:35 (luiz alberto correa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Em l898, no mesmo ano que Stanislawski fundava o teatro de arte de Moscou , nascia em l0 de fevereiro na pequena Augsburg, no centro da Baviera,na Alemanha, Bertolt Brecht que, como o mestre Russo, faria profundas transformações no Teatro Ocidental. Estudante de Medicina, Brecht serviu como enfermeiro na primeira guerra mundial. Após a guerra retornou aos estudos de Medicina, que trocou pelo curso de Ciência e logo após pela literatura. Mas é na poesia e no teatro que Brecht encontra a possibilidade de expandir sua personalidade Polêmica e criativa.

De suas primeiras experiências cênicas, de fortes conotações anarquistas e existencialistas, marcadas pela sua vivência no front de batalha, até o encontro com o marxismo foi um salto rápido. Buscando em seu trabalho uma denúncia da sociedade capitalista,e uma revolução na linguagem Cênica, o dramaturgo alemão foi um pesquisador da linguagem teatral em sua forma, mas não tão radical a ponto de obscurecer a necessidade de se pensar o que se esta assistindo ou lendo. Talvez muitos não tenham percebido que o teatro em Brecht se faz histórico e social através da transformação formal e nem tanto pelo conteúdo político.

Já antes de se iniciarem as comemorações do centenário de seu nascimento, as viúvas da guerra fria não se cansam de repetir de que sua obra teatral está ultrapassada, sem perceberem que a maior parte da obra teatral e poética de Brecht é um diálogo com o classicismo alemão, que revela nuances que numa primeira leitura não aparecem. É preciso ver a obra de Brecht pelo que está atrás das palavras. Os l5 anos de exílio , onde mergulhou

no anonimato, exigiram de Brecht uma escritura para o futuro. Brecht escrevia sem saber quando suas peças seriam encenadas. Mesmo assim ele manteve seu compromisso a uma causa repleta de severidades. Brecht foi um homem de teatro e todos os seus compromissos políticos,sociais e outros, passavam pelo palco.

Foi neste período que Brecht adquiriu uma independência intelectual que beirava ao cinismo, era afinal um niilismo moral, mas Brecht não era um imoral mas um amoral. Talvez tenha sido por isso que Brecht sobreviveu em uma época onde muitos de seus amigos sucumbiram. Margareth Steffin morreu em moscou em l938, Walter Benjamim sucidou-se na fronteira da frança com a espanha, Tretiakov foi um dos que desapareceram nos expurgos estalinistas, outros morreram sobre o jugo do Nazismo, mortos pelo pintor de paredes,que era como Brecht chamava Hitler.

No imenso teatro da guerra, Brecht manteve uma fé inabalável. Onde quer que vá se recusa a adaptar, uma rebeldia solitária, o mundo ao seu redor desaba, mas em sua fortaleza intelectual Brecht nos ensinou muito sobre como resistir, mesmo nos momentos em que o desanimo ,o medo e a angustia parecem nos querer destruir. Ele que é considerado o pai do teatro militante, nunca manteve na laços estreitos com o movimento operário, nunca foi filiado a nenhum partido. Era freqüentemente acusado pela imprensa e pelos intelectuais marxistas de um burguês decadente , que se utilizava do marxismo, mas não entendia nada de revolução. Após a guerra, o governo da Alemanha comunista lhe deu um teatro, o Berliner Ensemble. Mas a face rebelde de Brecht aí também deu mostras de sua independência, e os conflitos com o governo comunista foram vários e após a morte de Brecht, o Berliner Ensemble foi transformado num espaço de resistência cultural de várias gerações de alemães orientais.

Havia em Brecht uma profunda coerência,a de que na relação indivíduo e história não há fugacidade. A obra de Brecht é antes de tudo um projeto de durabilidade, uma lição de como um indivíduo pode se manter único frente as mais diferentes adversidades. E numa época que se exige das pessoas um descompromisso tácito, as lições deste dramaturgo alemão ainda são válidas, pois enquanto os muros da vergonha existirem seus textos e poemas ainda terão interlocutores, pois como ele mesmo perguntou “ Como ser moral numa sociedade imoral?”.

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